capítulo sessenta e seis;

2.4K 225 75
                                    

Daphne

Pra onde está indo? — Um corpo apareceu na minha frente.

— Alguém precisa falar com ele.

Victor soltou uma risada curta pelo nariz, mas o rosto continuou inexpressivo.

— O que ele precisa agora é de um tempo — disse, olhando discretamente sobre o meu ombro; atrás de mim a galera conversava. — Eu falei que isso não era uma boa ideia, ninguém quis ouvir. Aí está o resultado. — Apontou para onde Gabriel tinha ido. — Eu não sei o que vem rolando entre vocês mas precisa saber que conheço ele há muito mais tempo, e quando digo que a última coisa que ele quer agora é ver alguém, qualquer um, não estou mentindo.

Pisquei, sentindo meu estômago revirar. Victor provavelmente tinha razão quando dizia que o conhecia há mais tempo para saber que ele quer estar sozinho agora, mas não consigo deixar de sentir que alguém deveria apoiá-lo de alguma forma.

Possivelmente, eu era a última pessoa que ele queria ver: a conversa que tivemos horas atrás não foi uma das melhores. Toda a confusão com PlayHard e as palavras que desferi a ele...

É, Victor estava certo.

Isso é a última coisa que ele precisa ter na mente agora.

Acho que é melhor a gente voltar e esperar que ele apareça, eventualmente — PlayHard disse. — Possivelmente nessa altura ele já estará mais receptivo para conversar.

Concordamos em voltar pra mansão. Nem ele e nem o carro estavam lá quando chegámos, mas isso já era previsível. A porta do quarto dele estava fechada quando passei por ela, em direção ao meu.

A primeira coisa que fiz após entrar foi tomar um banho quente. Meus olhos encaravam o azulejo branco onde a água caía sob meus pés como tantas outras vezes, sumindo pelo ralo, mas a única diferença era que os resquícios do dia anterior ainda continuavam na minha pele.

Eu queria apenas arrumar minhas malas e voltar para casa, nunca mais ter de olhar pra cara de PlayHard e fingir que nada disso aconteceu, mas não era momento para drama. Eu esperaria as coisas acalmarem, no entanto, tinha certeza de que já não pertencia mais a esse lugar.

Coloquei meu pijama e fechei as cortinas do quarto, pegando no meu celular e avisando que não abriria live hoje.

Suspirei, bloqueando o celular e me deitei na cama.

Fechei os olhos.

Um.

Virei para o outro lado, ajeitando o travesseiro entre minhas pernas.

Dois.

Suspirei, ficando de bruços.

Três.

Olhei pro teto, sentindo minhas pálpebras pesadas pelo cansaço, mas meu cérebro ainda estava funcionando a mil por hora, me impedindo de descansar.

Vários minutos se passaram e eu não conseguia parar de pensar em o que ele poderia estar fazendo e onde poderia estar.

E por que não me contou nada sobre sua mãe.

Eu sabia que não tínhamos esse nível de intimidade. Haviam coisas que ele não sabia sobre a minha vida, como por exemplo, que a maior razão de eu estar aqui é pra pagar uma maldita dívida. Em contrapartida, a mãe dele era uma das coisas que eu não sabia sobre a vida dele, e apesar de ser hipocrisia, não conseguia parar de pensar que ele poderia ter confiado em mim.

Secrets (loud bak)Onde histórias criam vida. Descubra agora