Daphne
— Pra onde está indo? — Um corpo apareceu na minha frente.
— Alguém precisa falar com ele.
Victor soltou uma risada curta pelo nariz, mas o rosto continuou inexpressivo.
— O que ele precisa agora é de um tempo — disse, olhando discretamente sobre o meu ombro; atrás de mim a galera conversava. — Eu falei que isso não era uma boa ideia, ninguém quis ouvir. Aí está o resultado. — Apontou para onde Gabriel tinha ido. — Eu não sei o que vem rolando entre vocês mas precisa saber que conheço ele há muito mais tempo, e quando digo que a última coisa que ele quer agora é ver alguém, qualquer um, não estou mentindo.
Pisquei, sentindo meu estômago revirar. Victor provavelmente tinha razão quando dizia que o conhecia há mais tempo para saber que ele quer estar sozinho agora, mas não consigo deixar de sentir que alguém deveria apoiá-lo de alguma forma.
Possivelmente, eu era a última pessoa que ele queria ver: a conversa que tivemos horas atrás não foi uma das melhores. Toda a confusão com PlayHard e as palavras que desferi a ele...
É, Victor estava certo.
Isso é a última coisa que ele precisa ter na mente agora.
— Acho que é melhor a gente voltar e esperar que ele apareça, eventualmente — PlayHard disse. — Possivelmente nessa altura ele já estará mais receptivo para conversar.
Concordamos em voltar pra mansão. Nem ele e nem o carro estavam lá quando chegámos, mas isso já era previsível. A porta do quarto dele estava fechada quando passei por ela, em direção ao meu.
A primeira coisa que fiz após entrar foi tomar um banho quente. Meus olhos encaravam o azulejo branco onde a água caía sob meus pés como tantas outras vezes, sumindo pelo ralo, mas a única diferença era que os resquícios do dia anterior ainda continuavam na minha pele.
Eu queria apenas arrumar minhas malas e voltar para casa, nunca mais ter de olhar pra cara de PlayHard e fingir que nada disso aconteceu, mas não era momento para drama. Eu esperaria as coisas acalmarem, no entanto, tinha certeza de que já não pertencia mais a esse lugar.
Coloquei meu pijama e fechei as cortinas do quarto, pegando no meu celular e avisando que não abriria live hoje.
Suspirei, bloqueando o celular e me deitei na cama.
Fechei os olhos.
Um.
Virei para o outro lado, ajeitando o travesseiro entre minhas pernas.
Dois.
Suspirei, ficando de bruços.
Três.
Olhei pro teto, sentindo minhas pálpebras pesadas pelo cansaço, mas meu cérebro ainda estava funcionando a mil por hora, me impedindo de descansar.
Vários minutos se passaram e eu não conseguia parar de pensar em o que ele poderia estar fazendo e onde poderia estar.
E por que não me contou nada sobre sua mãe.
Eu sabia que não tínhamos esse nível de intimidade. Haviam coisas que ele não sabia sobre a minha vida, como por exemplo, que a maior razão de eu estar aqui é pra pagar uma maldita dívida. Em contrapartida, a mãe dele era uma das coisas que eu não sabia sobre a vida dele, e apesar de ser hipocrisia, não conseguia parar de pensar que ele poderia ter confiado em mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Secrets (loud bak)
FanfictionGabriel é um jogador famoso no cenário do Free Fire. Jovem, e de temperamento forte, repele a maioria das pessoas ao seu redor. A chegada de uma nova integrante na guilda se torna para ele uma oportunidade de ajudar sua família, no entanto, as cois...