capítulo trinta e cinco;

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G A B R I E L

—— Se você chegar na hora uma vez na vida, é pra glorificar de pé! —— Voltan disse e eu tirei a atenção do celular, vendo Victor passar pela porta.

—— Calma, bebê. É preciso algum tempo para ficar assim. —— Ele sorriu convencido, arrumando o topete em sua cabeça.

Voltei para a conversa que eu estava tendo com essa garota que dizia ter estado no meu aniversário. Ela queria ter tido a chance de conversar comigo —— e com "conversar comigo" ela queria dizer sentar no meu pau ——, mas eu estive boa parte da festa ocupado tirando fotos e fazendo presença pras câmeras.

Como ela conseguiu o meu número? Eu não faço ideia, mas também não é como se ligasse muito. Pela foto de perfil dá pra ver que ela é gostosa e está interessada em mim, isso é tudo que importa.

—— Se você levou todo esse tempo pra ficar assim talvez seja melhor se atrasar mais da próxima vez.

Ouvi a voz de Bárbara, mas não levantei o olhar, me animando um pouco quando a garota me mandou uma foto deitada de bruços na cama, mostrando a bunda parcialmente coberta por uma camiseta.

Mandei um "e na parte de cima, o que tem?", vendo ela começar a digitar.

—— Sua opinião é uma dentre as mais de cinco nessa sala. —— Ouvi Coringa dizendo. —— Não é, Daphnezinha? —— O apelido ridículo me fez olhar sob os cílios, curioso sobre quando ele adquiriu intimidade para a chamar assim. Com um sorriso no rosto, Victor se sentou ao lado dela, enroscando o braço à volta de seu pescoço. —— Você concorda com o que ela disse?

A garota encolheu os ombros, soltando uma risada sem graça para acompanhar as meninas. Senti o celular vibrar na minha mão, mas não conseguia tirar a atenção daquela cena um tanto quanto... atípica.

—— Você está lindo, Victor, todo mundo sabe disso —— Jesus constatou com tédio, parecendo dizer aquilo apenas para que ele se calasse. —— Agora, podemos começar a gravar?

—— Credo! Até o Jesus está de mau humor hoje —— Victor comentou e eu observei Daphne se desvencilhar dele aos poucos, se levantando do sofá onde eles os dois estavam e indo até as meninas, que fofocavam perto da televisão.

Eu sabia que ela não ia muito com a cara dele desde aquele dia em que a apanhei escutando por trás da porta (coisa que até hoje eu não tenho ideia do que foi), mas Victor aparentemente tinha se esquecido disso, ou se fazia de sonso.

—— Meu querido, são 9h24 da manhã. Está todo mundo de mau humor —— Carolina concluiu e eu bloqueei a tela após ver a foto dos peitos da garota.

—— Ok. Quero vocês arrumadinhos aqui nesse sofá na seguinte ordem: Gabriel, Daphne, Carolina e Arthur. Bárbara e Victor atrás, em cima da mesa.

Eu me levantei, deixando Gilson sentado no sofá. Ele e Milena estavam ali de bobeira para assistir à gravação. Deve ser muita falta do que fazer. Se fosse eu no lugar deles ainda estaria no último sono, tal como Mob.

—— Eu estou louco ou você está meio diferente? —— falei com Daphne pela primeira vez desde que viemos pra cá, enquanto Jesus preparava a câmera e os outros conversavam.

Ela levantou a sobrancelha, parecendo achar graça enquanto eu avaliava seu rosto pra ver o que havia mudado. Ela realmente tinha algo de diferente na aparência, eu só não sabia identificar o quê.

—— Eu prendi o cabelo? Eu acho? —— ela respondeu com o tom de pergunta, me fazendo levar a atenção até o mesmo para avaliar.

Secrets (loud bak)Onde histórias criam vida. Descubra agora