Talvez uma pequena surpresa seja uma ótima idéia

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Nesse momento me encontro em casa. Já é de madrugada e eu não consegui pregar os olhos, pelo simples fato de Kiara não ter acordado ainda, depois do pequeno desmaio que teve, e por ter me mordido tão friamente (poxa, o que eu fiz?), sorte a minha que a mordida já se cicatrizou.

Ela voltou a forma humana logo após o ocorrido, e com este ato, pude ver que sua barriga está em constante crescimento.

A única coisa que posso fazer é observá-la. Nenhum tipo de doença me vem a mente no caso dela, o que me preocupa ainda mais. Com toda certeza Íris sabe de alguma coisa, e não quer contar, mas porquê?

No entanto, a frase de Hadassa me aparece de imediato.

(bebês...)

(A Kiara está grávida? Não, que bobagem, se estivesse ela estaria passando mal, e nenhum indício de mal estar for detectado... ainda).

O que me resta fazer é ficar aqui, apenas observando, sem capacidade alguma de ajuda-la. Em uma tentativa de conseguir dormir, eu acomodo minha cabeça no abdômen dela, e espero a vontade do sono surgir.

[...]

Drogo: o que foi isso? - sussurro assustado, por supostamente ter ouvido algo no quarto.

Algo muito estranho por sinal. Volto a me acomodar em Kiara, tentando dormir novamente. No entanto, aquele mesmo som soa outra vez, como se fosse um batimento cardíaco, mas com toda certeza não é da Kiara, é muito lento. Porém, é extremamente forte, o que me deixa confuso, mas o mais intrigante é que não sei de onde vem.

A batida soa novamente, mas agora parecem ser dois corações.

Drogo: o que é isso? - sussurro apavorado, com medo de que seja algo que nos ameace.

Eles se tornam mais altos e rápidos, e enfim, posso ver de onde é.

(espera... ESTÁ VINDO DA KIARA!!!)

Meu desespero é inevitável, há algo de errado com ela, e muito grave!!!

Olho para sua barriga, e acaricio aquela região, já não sabendo o que fazer, se não chorar rios de lágrimas. No entanto, ao olhar fixamente naquela região, sinto meus olhos arderem, e minhas pupilas se dilatam. É como se eu olhasse para o mais íntimo de Kiara. Consigo ver seus órgãos, seu sangue sobre todos eles, porém, coisinhas minúsculas me chamam a atenção, estão encolhidas e juntinhas.

Consigo distinguir pezinhos, perninhas, bracinhos... São bebês! Literalmente bebês!!! Meus... filhos...

Mesmo estando no ventre da mãe, vejo seus olhinhos abrirem, eles têm os mesmos olhos da mãe, são tão radiantes. Eles me observam, como se soubessem que estou os vendo. No momento, não sei se rio ou choro, eu vou ser pai, tem dois pedacinhos de mim dentro dela, a Kiara... vai ser mãe dos meus filhos!!!

Provavelmente, por tamanhas emoções que consomem meu coração, um pequeno choque percorre meu corpo, e me vejo em nosso quarto novamente. Por impulso, acabo por me afastar da cama rapidamente, colidindo com a parede em seguida. Esse tempo todo, Kiara nunca esteve doente, ela só está grávida. Me amaldiçou por ter me esquecido tão estupidamente do maldito preservativo. Eu estou vivo agora, o que eu poderia esperar, se não isso?

Meu desespero logo vem à tona, eu não estou pronto para ser pai, não!! Sou apenas um trí-híbrido de duzentos anos, que não tem nem metade das responsabilidades que deveria ter. Eu não sei o que fazer, não há maneira alguma de reverter isso, há dois pedacinhos de mim dentro da minha esposa, e não há nada que eu possa fazer para impedir que venham ao mundo.

Na Calada da Noite - A Última Esperança Onde histórias criam vida. Descubra agora