1°- Star sei lá o quê

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Arrumo meus livros em meu armário sem prestar atenção em nenhum som ao redor, as vozes de vários adolescentes conversando ao mesmo tempo no corredor do colegial não me incomoda mais como antes, o bater das portas dos armários também não me chama a atenção, muito menos os gritos histéricos de um grupo de garotas ao meu lado, que comemoram a perda da virgindade de sua amiga. Tudo se tornou rotina, os mesmos lugares, os mesmos afazeres, as mesmas matérias e as mesmas pessoas chatas de sempre.

Muitas pessoas me vêem como uma pessoa fechada, sem amigos e depressiva, não tiro a razão delas, à primeira, segunda, terceira, quarta... ah, não tem nada haver com primeira vista, eu simplesmente não pareço alguém sociável.

Porém não é a verdade, sou mesmo alguém anti-social, mas sou alguém anti-social que tem amigos, tem felicidade e não tem uma vida complicada. Não sou adotada, não sou filha de um supervilão maluco que rouba peças tecnológicas, não cresci sem amor e sem dinheiro, sou apenas uma adolescente normal que tem uma vida simples e normal.

Me afasto do armário fechando o zíper de minha mochila e tomando um susto quando MJ bate a porta do mesmo com o peso do seu corpo.

- Hey Gonzáles, ainda não entendo o motivo de você guardar esses livros sem entender a matéria- comenta sem se importar com a bufada excepcional que lhe dou.

- São livros escolares Jones, preciso tê-los- ela revira os olhos ajustando as alças de sua mochila preta.

- Não são livros escolares, são apenas livros que você pegou na biblioteca da escola pra tentar entender física e nunca mais devolveu- ela pausa enquanto começamos a caminhar pelo corredor, acrescentando algo no caminho- e por sinal continuou sem saber física.

Reviro os olhos, imitando sua atitude anterior sem me pronunciar a respeito de sua fala.

- Combinei com os nerds Ned e Peter de ver um filme com eles mais tarde, na casa do Parker mesmo, provavelmente Star alguma coisa- faz uma careta olhando as unhas com desinteresse.

- Como você é estranha- comento conseguindo sua atenção por breves segundos- marca uma coisa sem realmente querer?

- Eu gosto deles- admite quando nota que já saímos do colégio- só que essa sou eu.

- Eu sei bem- digo rindo, percebendo um sorrisinho em seus lábios.

- Vem cá, aquela vaca da Bennett não vai aparecer nunca mais? Caramba, foi na casa do Flash, do Flash! Pra transar. Você tem noção disso?- sua indignação é nítida, e compartilho do mesmo sentimento.

Sim, todas nos chamamos pelo sobrenome, carinhoso não?

Meu nome é Eva, Eva Gonzáles, Tália Bennett e Michelle Jones são minhas melhores amigas desde que me entendo por gente. Uma é bastante excêntrica e sincera, - acho que não preciso esclarecer quem é - outra é a típica patricinha mimada de aparência, enquanto de personalidade é um verdadeiro quebra cabeça, que por algum milagre nós duas entendemos, e a outra bem, sou eu.

- Ela nunca pensa antes de parar na cama de alguém- lembro MJ.

- Ela é só um ano mais velha que a gente, fala sério, que vagina aguenta tanto cara merda?- bufa enquanto viramos a esquina, chegando perto da nossa lanchonete preferida- olha lá a piriguete, OH BENNETT, RESOLVEU SAIR DA CAMA DO FLASH FOI?- grita do outro lado da rua, antes de, de fato, chegarmos ao local.

Solto uma risada alta observando Tália levantar o dedo do meio para a amiga, viro o rosto para observar os dois lados da rua, mas o que vejo é Peter Parker e Ned Leeds andando pela rua enquanto embalam em uma conversa animada que não consigo ouvir daqui.

Meu Doce QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora