13°- Topa?

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Eva

- EVA GONZÁLES!- escuto o grito de meu pai e aperto os lábios rindo, acho que ele descobriu minha escapulida de ontem a noite.

Eu havia saído para buscar algumas poucas peças que estava precisando para o meu teste da vez, porém na volta eu decidi esclarecer um pouco as idéias, sobre Peter, sobre o fato de eu sempre ter alguma nova idéia na cabeça, sobre tudo que eu precisava, então subi até o telhado da minha casa. Como? Não é tão difícil, basta se segurar nas madeiras soltas, costumo fazer isso quando quero desestressar ou apreciar a vista, apesar de não ser muito alto é bom, muito bom sentir a brisa fresca da noite bater em meu rosto e em meus cabelos.

Desço as escadas com calma, já o vendo de braços cruzados no sofá.

- Oi pai.

Ele me encara por alguns segundos antes de suspirar, parecendo verdadeiramente cansado.

- Algum dia você vai acabar se machucando com isso filha- ele fala sem realmente me repreender, apenas parecendo preocupado.

- Eu não vou me machucar, eu gosto da altura pai, mas olha isso- digo subindo correndo para buscar o pequeno fone, sem dar importância para o assunto do telhado.

Assim que entrego o pequeno objeto em suas mãos e peço cuidado, vejo meu pai franzir as sobrancelhas.

- O quê é isso?

- Isso é o meu mais novo teste que deu muito certo- comemoro batendo palmas, havia dado mais trabalho para montar do que para programar.

- Como assim?- ele procura algo de diferente no pequeno fone.

- Esse é um fone antigo meu que tinha parado de funcionar, então eu limpei os fios de dentro e dei um novo propósito para ele- explico pegando um copo d'água.

- E qual seria esse propósito?- deixo o copo d'água na bancada e vou até meu pai.

- Põe no ouvido- ele faz como eu mandei- BLUE- falo alto, vendo meu pai arregalar os olhos ao ouvir o que eu tenho certeza que o pequeno aparelho falou.

- É uma inteligência artificial- murmura surpreso.

- É, seguinte, eu peguei a base de uma inteligência artificial qualquer e reprogramei no meu notebook, transformando em uma coisinha mais moderna- explico ajeitando o pequeno aparelho em seu ouvido- ele tem uma pequena câmera que vai me ajudar a andar na rua com mais segurança por exemplo, e até tirar fotos quando eu não puder pegar o celular. Ninguém desconfia de um fone.

- Que legal Eva, cada vez mais você me surpreende, o que quer dizer Blue?

- Azul- vejo suas sobrancelhas se erguerem em irritação- nada, eu só achei que combinava.

- Tudo bem, eu fico me perguntando de onde veio toda essa inteligência- fala com um sorriso, me fazendo dar de ombros.

Essa é uma pergunta muito frequente na minha cabeça, minha mãe era linda e muito esperta, mas não inteligente a ponto de criar uma inteligência artificial ou construir um robô, igual eu já havia feito quando pequena. Poderia ter aprendido com Théo, meu pai do coração, mas apesar de estar sempre orgulhoso das minhas conquistas ele nunca havia realmente me encorajado. Então da onde havia vindo aquilo tudo? Todo meu interesse por engenharia, minha facilidade com tecnologia. Eu não sei, talvez seja apenas meu.

- Não sei, nasceu comigo

◇◇◇

" Homem aranha se aproximando."

Meu Doce QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora