11°- De coração

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Eva

Saímos rindo do cinema enquanto Peter imita o gesto de um dos personagens do filme.

- Fala sério, quem sai em um encontro e vê desenho animado?- pergunto ainda rindo, o vendo dar de ombros animado.

- Nós dois pelo jeito- confirmo com a cabeça olhando no relógio.

- São 21:30, temos mais um tempinho ainda- aviso encarando seu rosto.

- Quer tomar sorvete?- pergunta olhando em meus olhos, o Peter tímido ainda existe, porém está bem mais solto do que antes.

- Vamos lá- concordo puxando sua mão, ficando envergonhada em seguida por ter feito isso.

Peter encara nossas mãos juntas por alguns segundos antes de enroscar nossos dedos uns nos outros, voltando a caminhar ao meu lado.

- Sorvete de que?- pergunto para Peter quando me aproximo do balcão.

- Chocolate.

Peço seu sorvete de chocolate e um de creme para mim, entregando o dinheiro em seguida.

- Não era eu que tinha que pagar?- pergunta divertido, começando a lamber seu sorvete.

- Você pagou o cinema, agora é minha vez- ele sorri confirmando com a cabeça- eu esqueci de falar, me desculpa pelo meu pai.

- Que nada Eva, ele fez isso pra te proteger- vejo que Parker está curioso para perguntar algo, então questiono.

- O quê você quer saber?

- É que... eu só tenho a tia May, já que meus pais morreram, e você tem seu pai, o que houve com a sua mãe?- sua pergunta é feita de forma tímida, receosa- quer dizer, eu não quero ser indelicado. Eu só estou curioso, mas se você não quiser falar tudo bem eu fico quieto e a gente muda de assunto e...- Peter começa a falar sem parar, me fazendo rir um pouco.

- Relaxa Parker- ele se cala voltando a tomar seu sorvete enquanto me olha- minha mãe morreu em um acidente quando eu tinha onze anos, depois disso eu fiquei só com meu pai.

- Eu sinto muito, mas seu pai parece ser um cara... legal- dou risada pela sua escolha de palavras.

- Sabe, só a MJ e a Tália sabem disso, mas o Théo não é meu pai de verdade, só de coração- sua cara se transforma em uma feição surpresa.

- Sério?- nós nos sentamos em um banco ainda de mãos dadas, me fazendo sorrir.

- Sim, o Théo me criou junto com a minha mãe desde que eu tinha 6 anos de idade, mas não é meu pai biológico.

- E quem é seu pai biológico?- dou de ombros ao ouvir sua pergunta.

- Eu não sei, meu pai também não. Mamãe levou esse segredo com ela quando se foi, ela sempre dizia que não queria que ele soubesse que tinha uma filha, porque era egoísta e perigoso.

- Estranho- ele murmura chegando até a casquinha de seu sorvete.

Sorrio e termino o meu, amassando e jogando fora o papel que envolvia a casca. Peter faz o mesmo que eu depois de alguns minutos, limpando os cantos da boca.

- Eva- ele chama chegando mais perto- o-o que tá rolando entre a gente?

Ponho as mãos em seus ombros e o vejo umidecer os lábios em um ato de nervosismo.

- Eu não sei Peter...- murmuro puxando seu corpo para mais perto do meu.

- Eu gosto de você, gosto muito- ele admite fazendo meu coração acelerar.

- Eu também Parker- seus olhos encontram os meus ao mesmo tempo em que um sorriso se abre em seu rosto.

Desta vez é Peter quem põe a mão em meu rosto e aproxima nossos lábios, conectando nossas bocas em mais um beijo. As línguas se esfregam gentilmente e sem pressa, as sensações são as mesmas do meu primeiro beijo, só que duas vezes maior.

◇◇◇

Em um lugar longe dali

O homem passa sem pressa o perfil de vários jovens.

Um filho, ele tem um filho e nem sequer sabia.

A pouco mais de um mês o moreno que possui por volta de 45 anos descobriu que uma das suas antigas paixões havia engravidado, e nunca lhe contou.

A pouco mais de um mês o homem vem procurando essa criança, que nem criança é mais, pelas suas contas seu filho deve estar com aproximados 17 anos.

Mas é se for uma filha? Uma menina, meu Deus ele nunca se imaginou pai de algum bebê que não fosse filho também de sua atual esposa, mas agora ele é.

Onde Marta estava com a cabeça ao não lhe contar sobre a criança? Ele pode ser um monstro egoísta aos olhos de algumas pessoas, mas não se esconde um filho.

Quais as dificuldades que este ou esta bebê pode ter passado ao longo da vida? Será que cresceu com amor? Será que alguma vez na vida passou dificuldade financeira? Oh Deus ele espera tanto que não.

- Senhor?- seu amigo e subordinado pergunta baixo, notando a frustração do amigo de longa data.

- Sim?

- Alguma informação?

O homem respira fundo e bufa soltando o ar.

- Não, não sei nem se é um menino ou uma menina, quando nasceu. Não encontrei nada.

- Vai dar certo senhor, você tem acesso a tudo.

- Marta foi esperta, mudou o nome provavelmente, não consigo encontrar o registro da criança pelo registro dela. A única coisa que descobri foi que Marta faleceu a 6 anos- ele vê a surpresa tomar o rosto do amigo próximo- onde será que ela deixou meu filho ou minha filha? Eu não consigo acreditar que ela tenha sido egoísta o suficiente para deixar o filho ir parar no orfanato ao invés de me avisar.

- Não existem parentes dessa tal Marta?

- Existem dois, mas são dois drogados, já investiguei, eles não vivem com nenhum menor de idade.

O homem ouve um suspiro de alívio escapar escapar do amigo.

- Eu vou te deixar sozinho- e sai, deixando novamente o homem mais velho perdido em seus próprios pensamentos.

Ele pode ser odiado por vários, ter varios inimigos e ser um tanto quanto excêntrico, mas ele não é ruim e egoísta o suficiente para fingir que não sabe da existência de seu filho, ou filha.

E ele não vai desistir de achá-lo.











◇◇◇

Não esqueçam da estrela ☆

Meu Doce QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora