48- Realidade Cruel

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ADOREM ME. Okay, não.
Cheguei com a bomba que todos esperavam, demorei mas cheguei.

Boa leitura.

◇◇◇

Eva

Ao longe consigo escutar vozes interagindo entre si, a bagunça sem lógica em minha mente não me deixa focar nas palavras deferidas por cada um dos integrantes da conversa sobre mim e sobre a agência maligna chama Hydra, cada frase já dita no meu consciente e no meu inconsciente vagueiam em zigue zague pelo meu cérebro, sem que eu possa me agarrar em apenas uma delas, sem que eu possa me concentrar em somente uma delas. Viro meus olhos para o lado em busca de algo para abafar os sons externos, em busca de algo que possa me ajudar a finalmente organizar meus pensamentos e entender tudo que vem acontecendo. O fone bluetooth de Peter aparece em meu campo de vista e me levanto, pegando o objeto rapidamente.

Sempre adiei as pesquisas que precisava fazer, sempre prolonguei a espera em relação as descobertas que precisavam ser feitas, tentei a todo custo manter minha rotina sem alterações e sem movimentos estranhos. Me segurei, usei como apoio, como âncora, cada risada que minhas amigas me proporcionavam, cada abraço regado de carinho e cuidado que MJ me deu desde que comcecei a descobrir e a partilhar minhas estranhas descobertas e desconfianças, usei cada lembrança com minha mãe como ponto de partida para não me afogar em minha própria agonia, me apeguei em cada sorriso doce e em cada "eu te amo" já proferido pelos lábios rosados de Peter, isso foi o que me segurou no chão, eu escolhi usar esses momentos como minha zona segura, escolhi me esconder atrás desses momentos incríveis que vivi. E agora está na hora de enfrentar a realidade, por mais cruel que ela possa ser.

Volto para os lençóis macios e cheirosos de Peter, me acomodando com o nariz em seu travesseiro, necessitando ainda de algum apoio para manter minha sanidade, escolho alguma trilha sonora calma e profunda para estimular minha mente a trabalhar juntando os pedaços vazios que vagam perdidos pela minha memória, fecho os olhos, me concentrando em cada fragmento que aos poucos vai se juntando, sem saber se eu realmente estou preparada para o que posso descobrir, mas sabendo que preciso disso mais do que tudo.

Narradora

Seis anos atrás

O dia estava ameno em Nova York, a pequena Eva treinava igual a todas as quintas feiras, sua mãe insistia que isso um dia a salvaria de alguma situação indesejada. Marta por sua vez estava arrumando uma pequena bolsa de mão para ela e para a filha, Eva sabia disso, só não entendia o motivo por trás, sua mãe havia pedido para seu pequeno tesouro voltar imediatamente para o quarto quando o alarme lhe avisasse que eram cinco para as cinco, então ela o faria mesmo sem entender.

A pequena subiu com pressa as escadas assim que o alarme disparou, seu pai não estava em casa para interromper seu caminho e sua curiosidade, os passos eram rápidos e o rosto estava distorcido em uma grande interrogação, os grandes olhos azuis que hipnotizavam qualquer um não faziam idéia do que enfrentariam dali para frente.

Ao entrar no quarto Eva logo entendeu que ela e a mãe estariam de partida da casa em que haviam vivido sua vida toda, pois logo Marta lhe entregou uma camiseta e uma blusa mais confortáveis e mandou que a pequena vestisse, foi a última coisa normal que a mãe lhe disse antes de uma explosão destroçar a janela do quarto, arremessando ambas contra a parede, obviamente Marta usou o próprio corpo para diminuir o impacto da filha contra o material duro.

Meu Doce QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora