19°- Estátua

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Peter

Observo o carro do pai de Eva se afastar com um sentimento estranho alojado no peito quando já eram 21:50, o jantar tinha sido muito bom.

Falei para May sobre a mãe de Eva antes da mesma chegar e pedi por favor para que não tocasse no assunto, ficaria um clima pesado caso Eva viesse a pensar na mãe, e vê-la sofrer está na lista de cinco coisas que eu mais odeio.

Cada vez que eu conheço mais dela penso que seria impossível não rolar tudo isso, seria impossível não gostar dela, ela é demais! O jeito que ela ri aberto e mostrando as duas covinhas, a mania de batucar os dedos quando está distraída, até a maneira que o nariz dela ficou vermelho quando tia May lhe deu uma xícara quente de chá, adoro os detalhes dela, tanto os físicos quanto os da personalidade.

Eu me surpreendi quando soube que ela queria ser engenheira, ainda mais sabendo da dificuldade enorme que ela tem em física, e que já comprovei algumas vezes quando os professores passavam algo em dupla e escolhiam nós dois, o que já havia acontecido exatas 2 ou 3 vezes ao longo desse tempo.

- Ela é uma graça- comenta tia May quando entramos.

- Eu não disse que você ia gostar da Eva? Ela é... especial- digo baixo, sentindo que a palavra "diferente" não se encaixaria direito, era algo que todos diziam.

- Você está mesmo apaixonado- constata minha tia provavelmente notando o brilho do meu olhar, que eu tenho certeza que está ali, Ned já tinha me contado que eu ficava parecendo uma estrela babona quando via Eva.

- Ela é linda não é?- ignoro seu comentário, sentindo que esse é um dos momentos em que eu sou apenas um adolescente comum, e não o homem aranha, a intensidade dos meus sentimentos é algo não muito claro no momento.

- Linda, linda mesmo, e isso me lembra de uma conversa que nós temos que ter- tia May diz cruzando os braços, me deixando confuso.

- Que conversa?

- Você é um adolescente com os hormônios a flor da pele, é normal que daqui a pouco queira fazer sexo- arregalo os olhos sentindo meu rosto inteiro queimar.

É aquela conversa, que nós aliás já haviam tido e não fazia muito tempo.

- Nós já falamos sobre isso tia May- viro de costas caminhando até meu quarto, mas ela me segue falando.

- Eu sei, mas agora eu tenho a impressão de que não vai demorar muito, e eu preciso ter certeza de que você tem juízo o suficiente pra não pegar uma DST, ou pior ainda, colocar um Peter Júnior no mundo.

Passo a mão no rosto sem saber como esconder ele.

- May, eu já sei o que você quer falar- aviso querendo encerrar a conversa.

- Você pode perguntar qualquer dúvida pra mim, sem vergonha Peter. E não é pra esquecer a camisinha de jeito nenhum quando for acontecer- aponta erguendo a sobrancelha e concordo agora roxo de vergonha.

- Tá bom...

- Aliás eu comprei algumas camisinhas e deixei no seu gaveteiro, é sempre bom prevenir- ela levanta e me dá um beijo na testa- boa noite Peter.

Pisco devagar e suspiro sem acreditar, tia May deixou camisinhas no meu gaveteiro?

◇◇◇

- Fala sério Peter, a tia May é demais- Ned dá risada quando conto da conversa de ontem com ela.

- É-é- a risada que solto me faz gaguejar.

Meu Doce QuererOnde histórias criam vida. Descubra agora