Meu Doce Querer

52- Casa Nova

Eva

      Era início de tarde quando o carro escuro e luxuoso estacionou em frente ao apartamento de Peter, meu namorado sequer havia chego da escola e MJ me avisou, a pedido do mesmo, que o menino aranha está na detenção por chegar atrasado, tudo que eu precisava. Vejo meu pai sair do carro acompanhado do tal Happy, o namorado da May que deixou Peter enciumado a tempos atrás e solto uma risada baixa, meus pertences estão organizados dentro da mala que veio comigo para cá, estou pronta fisicamente para me mudar, mas meu emocional insiste em me lembrar que muitas coisas ruins estão prestes a acontecer, já passei muito tempo andando em uma corda bamba sem escorregar ou ser lançada para baixo, nada bom dura tanto tempo dessa forma, não nesta situação.

      Inalo profundamente uma grande quantidade de oxigênio quando ouço o barulho da campainha, May não estava em casa, apenas eu. Irresponsável? Totalmente, mas a única forma de eu não ficar sozinha nesse meio tempo entre May sair e o Tony chegar, seria o Pete faltar à escola e isso estava fora de cogitação, Theo ainda acha que estou na casa de uma amiga, tenho sorte que já dormi durante dias seguidos na casa de uma colega por puro tédio, então não é algo novo. Atravesso o confortável apartamento de meu namorado a passos rápidos a fim de não deixá-los esperando, uma última lufada de ar invadindo meus pulmões antes que eu gire a maçaneta e permita o livre acesso de Tony.

      À minha frente pude ver o bilionário arrumado em um paletó elegante que deve custar mais que meu útero, chutando baixo. Eu estava vestida com roupas simples, uma calça jeans preta rasgada, uma bota também preta de cano baixo, uma regata branca com uma espada flamejante estampada e um casaco cinza comprido por cima. O nervosismo era meu atrativo principal.

   - Bom dia, conhece o Happy Hogan, certo?- indaga Tony arrumando sua postura e colocando um sorriso gentil nos lábios. Isso é realmente estranho para quem estava acostumada a vê-lo em revistas esbanjando riqueza e sarcasmo.

   - Bom dia, claro, como vai?- meus lábios se estendem em um sorriso parcialmente simpático e o vejo fazer o mesmo, acenando com a cabeça em cumprimento.

   - Só isso?- o mais velho aponta para minha mochila e movimento a cabeça em afirmação, dando de ombros quando Tony franziu as sobrancelhas.

   - Só isso, não dá pra pegar tudo quando se está fugindo do 007 reverso- estalo a língua no céu da boca ao passo que solto o peso acima do meu pescoço, deixando minha cabeça pender para a esquerda- Vamos?

   - Ela é tão parecida com você que dói- Happy sussurra para meu pai porém não baixo o suficiente para que eu não possa ouvir.

   - Eu sei lutar sem uma lata velha- sorrio cinicamente quando os dois homens me olham incrédulos- Nós vamos ou eu posso sentar pra tomar um café enquanto as moças conversam?

      Happy estende a palma aberta em direção ao corredor em um claro gesto para que eu siga porta a fora, o que eu logo faço ao trancar a mesma e guardar a chave em meu bolso, Peter disse que a partir de agora esta seria minha cópia para vir sempre que quisesse- após tudo resolvido, claro.

   - Três meses revirando Nova York que nem um maluco pra ter que ouvir uma coisa dessas- posso ouvir Tony resmungar atrás de mim, certamente falando com seu amigo e segurança, solto uma risada divertida.

   - Não está feliz? Papai de ferro?- o olho por cima do ombro e capto o momento em que o mesmo tenta conter um sorriso ladino ocasionado pela minha fala. Se recompondo e caminhando ao meu lado junto com Happy, que também possui um sorriso mínimo no rosto.

   - Vou te dar um macacão estampado com "papai de ferro" no seu próximo aniversário- provoca em um tom divertido e nego com a cabeça- O que foi filha? Não usaria o presente do papai?- debocha cínico e reviro os olhos.