Capítulo 60

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Daniel.

Assim que paro o carro em frente à casa que dona Sônia havia me mandado por mensagem como sendo o endereço de dona Julha eu e Katherine nos olhamos por um longo tempo. Nenhum de nós conseguíamos dizer nada, e nem sequer se mexer para sair de dentro daquele carro.

— E agora? Kath finalmente diz algo, quebrando o silêncio constrangedor entre nós.

— Agora a gente espera o sinal verde para entrar lá, e se ele vier a gente desce daqui e enfrenta isso, não era o que você tanto queria?

— Sim, eu queria. Mas é tão mais fácil pensar quando eu não estou tão perto de concretizar isso. Eu não sei o que sinto Dan, não sei o que sinto com relação a esses novos irmãos e nem quanto ao meu pai. Eu tô me sentindo uma hipócrita sabe? Eu te julguei tanto quando você estuprou a Kelly, senti raiva de você é eu não consigo sentir tudo isso com relação ao papai. Eu não sei o porquê. Eu não estou minimizando o que ele é, eu juro que não, eu só não consigo... Kath para de falar e começa a chorar compulsivamente. Me aproximo dela e a abraço. Eu não a julgo por ter sido tão má comigo durante todos esses anos e agora não sentir o mesmo quanto ao nosso pai, no fundo a possibilidade que ela vê de conhecer e ter um pai depois de tantos anos sem ter um faz com que o coração dela tenha esperanças que as coisas possam ser diferentes de alguma forma. Se até eu que o conheci, sei o monstro que ele foi com a minha mãe ainda tive essa esperança idiota, então, como eu posso julga-la? Eu só tenho medo de quando a decepção vir, como ela vai reagir a isso? Eu juro que gostaria que minha irmã nunca tivesse que passar por esse baque.

— Hei Kath, não se cobre e nem se culpe tanto. E claro que continua repudiando as coisas que o papai fez, assim como foi comigo. Mas você evoluiu, hoje você me perdoou, acredita que me arrependi de verdade e sabe que isso pode acontecer com outras pessoas, você sabe que as pessoas podem mudar e evoluir como seres humano, mesmo depois de um erro gravíssimo como o meu. Então a sua mente de hoje pensa que pode acontecer o mesmo com o nosso pai, afinal, porque não aconteceria? Eu só peço que não crie tantas expectativas e que por favor tome cuidado com o que vai fazer daqui pra frente.

— Valeu Dan, de verdade. Obrigada por me compreender quando nem eu mesma consigo fazer isso. Você deveria no mínimo se sentir magoado comigo sabe? E pode Deixar que vou tentar manter minha cabeça fria e tentar não pensar com a emoção.

— Não kath, tudo o que você está sentindo e compreensível. Inclusive eu sinto muito que tenha que estar se sentindo tão perdida agora. Eu digo ao mesmo tempo em que faço carinho em seus cabelos. Eu e minha irmã nos afastamos quando uma batida no vidro chama a nossa atenção. E dona Sônia que está do lado de fora do carro nos olhando com um pequeno sorriso terno nos lábios.

— Perdão por interromper esse momento tão bonitinho entre vocês. Você deve ser a irmã do Daniel, estou certa? Ela pergunta apontando para Katherine.

— Sim, está. Minha irmã direciona um sorriso simpático a ela.

— Bom, a Julha já conversou um pouco com os irmãos de vocês e eles estão esperando lá para que possam conversar. Dona sonia volta a falar, alternando o seu olhar entre mim e Katherine.

— E como eles reagiram? Kath pergunta ao mesmo tempo em que tamborila os dedos no porta luvas do carro, ela está claramente nervosa. Me surpreendo que eu não esteja como ela neste exato momento.

— Eles parecem estar chocados, o que não é pra menos né, mas reagiram melhor do que esperávamos, já que eles querem ver vocês. Então sugiro que entrem lá e conversem todos juntos, vocês precisam disso.

— A gente vai, não é kath? Pergunto enquanto minha mão segura a sua na tentativa de lhe trazer conforto e calma.

— É, a gente vai. Kath diz abrindo a porta e descendo do carro de forma esitante em seguida. Eu desço também é começo a caminhar devagar até a entrada da casa, Sônia está em nossa frente.

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora