Kelly
Foi difícil ver Daniel em minha frente de novo, depois de mais de um mês separados. Mais difícil ainda foi me manter firme enquanto eu ouvia as suas palavras. Ele parecia tão frágil ali, tão perto de mim me implorando para que eu deixasse que ele acompanhe a minha gravidez e permitisse que ele tenha contato com o nosso filho. Ali eu vi o Daniel doce e gentil por quem eu me apaixonei. Por um momento eu pensei que eu iria fraquejar e me jogar em seus braços, dizendo que eu o perdoaria e tudo ficaria para trás.
Me mantive forte quando fechei a porta em sua cara, meu coração doeu por ter visto ele de joelhos. Fraquejei quando me vi sozinha, sentei no chão e permaneci colada na porta, ouvindo seu choro e chorando silenciosamente junto com ele. Ouvi cada um de seus suspiros e soluços, por diversas vezes cobri meu rosto com as mãos para aguentar chorar sem emitir som algum. O que sinto por ele é forte, mas é confuso. Não conseguiria manter um relacionamento com algo tão forte assim nos unindo e marcando nosso passado.
Só saí daquele estado quando o ouvi bater à porta do carro e dar a partida, indo embora de vez. Isso demorou mais do que esperei. Me arrastei da melhor forma possível para minha cama, de onde não consigo sair até agora, horas depois.
Minha mãe já apareceu no quarto, preocupada com meu estado. Ela sabe muito bem o que eu sofri e sofro durante todos esses anos, entende que não há muito o que fazer em relação à isso. Mas agora eu não estou mais sozinha, então ela me obrigou a comer uma sopa que estava congelada e ela esquentou rapidamente. Me faz carinho até eu fingir estar dormindo para ela finalmente me deixar sozinha. Não quero falar, receber carinho, explicar meus sentimentos ou existir. Quero apenas permanecer quieta, calada, tentando entender tudo o que se passa aqui.
O celular acende ao meu lado, mais uma vez. Minha foto com André aparece na tela, mas eu não tenho vontade alguma de falar com ele ou qualquer outra pessoa. Deixo o celular tocar, deixo a música me invadir e fecho os olhos para não me ver ali, sorrindo ao lado de outro homem.
A música para e eu ouço o telefone de casa tocar. Eu sei que estou preocupando ele, mas realmente não quero falar uma palavra. Ouço minha mãe explicar que estava muito cansada e acabei pegando no sono. Depois disso, o silêncio reinou na casa, me dando liberdade para conseguir refletir sobre tudo.
Volto a chorar quando cenas com Daniel invadem a minha
mente mais uma vez. Nós dois sentados na varanda,
abraçados e fazendo promessas para o futuro. Eu sinto raiva
pelo que eu ainda sinto por ele. Eu devia apenas odiá-lo, mas
eu simplesmente não consigo esquecer toda a intensidade do
que eu senti durante o tempo em que estivemos juntos.
Foi tão bom, e eu não sei se conseguirei amar alguém da
mesma forma novamente. Também fico me perguntando como
aquele Daniel que eu conheci e me apaixonei possa ter sido
um estuprador, ainda é difícil acreditar que se trata da mesma
pessoa.
André tem sido a única pessoa capaz de me distrair durante
esse tempo em que tento superar tudo isso que está
acontecendo.
Ele não força a sua presença. É educado ao ponto de me
deixar confortável ao seu lado. Sempre me faz uma surpresa,
mesmo que simples, como aparecer no trabalho trazendo
alguma sobremesa para mim e para sua mãe ou trazer em
minha casa coisas loucas que eu desejo.
Já pensei até na ideia de chamá-lo para me acompanhar em
algumas consultas com a obstetra, já que ele se ofereceu
depois do que viu na emergência. Não consegui levar minha
mãe novamente, ela finge se conformar, mas é perceptível seu
desconforto. Ela não tem mais idade para ser obrigada a fazer
algo desconfortável.Ao mesmo tempo, sinto vontade de afastá-lo e não deixar que
se contagie por tudo que acontece comigo. Ele adorava Daniel,
tinha o maior respeito e estavam até criando uma boa relação
de amizade.
Eu não quero imaginar como ele está reagindo toda vez que
tem que ir ao escritório, mas comigo ele sempre fica sério
demais quando esse assunto vêm à tona. Tenho medo que
faça alguma loucura e perca o emprego que é tão importante
para ele.
Tenho medo de estar criando expectativas que não serão
correspondidas ou que ele só esteja projetando a irmã em
mim. São tantas coisas que se passam em minha cabeça que
eu também tenho medo de ficar louca.
Minha cabeça começa a doer, me sinto cansada de pensar,
pensar e pensar e não chegar a conclusão nenhuma do que
fazer e sentir daqui para frente. Talvez deva apenas deixar que
os dias passem, que eu tenha alguns momentos de distração e
felicidade sozinha, ao lado de André ou de qualquer outro
amigo que surgir em minha vida, esperando que em algum
momento eu possa sentir que essa tempestade passou e que a
minha vida finalmente entrou nos eixos novamente.
Acho que a minha vida só voltará a ser feliz de novo quando
eu tiver o meu bebê em meus braços pela primeira vez. Pelo
menos é o que eu espero que aconteça. Encaro minha barriga ainda lisinha e faço carinho ali, torcendo
para que meu bebê possa ouvir meus pensamentos e que me
ajude a acalmar esse coração dolorido.
Eu fecho os meus olhos mais uma vez em busca de relaxamento. Dessa vez não demora muito para que os pensamentos deixem a minha mente temporariamente, dando lugar ao cansaço e finalmente ao sono.Volto a chorar quando cenas com Daniel invadem a minha mente mais uma vez. Nós dois sentados na varanda, abraçados e fazendo promessas para o futuro. Eu sinto raiva pelo que eu ainda sinto por ele. Eu devia apenas odiá-lo, mas eu simplesmente não consigo esquecer toda a intensidade do que eu senti durante o tempo em que estivemos juntos. Foi tão bom, e eu não sei se conseguirei amar alguém da mesma forma novamente. Também fico me perguntando como aquele Daniel que eu conheci e me apaixonei possa ter sido um estuprador, ainda é difícil acreditar que se trata da mesma pessoa.
André tem sido a única pessoa capaz de me distrair durante esse tempo em que tento superar tudo isso que está acontecendo. Ele não força a sua presença. É educado ao ponto de me deixar confortável ao seu lado. Sempre me faz uma surpresa, mesmo que simples, como aparecer no trabalho trazendo alguma sobremesa para mim e para sua mãe ou trazer em minha casa coisas loucas que eu desejo.
Já pensei até na ideia de chamá-lo para me acompanhar em algumas consultas com a obstetra, já que ele se ofereceu depois do que viu na emergência. Não consegui levar minha mãe novamente, ela finge se conformar, mas é perceptível seu desconforto. Ela não tem mais idade para ser obrigada a fazer algo desconfortável.
Ao mesmo tempo, sinto vontade de afastá-lo e não deixar que se contagie por tudo que acontece comigo. Ele adorava Daniel, tinha o maior respeito e estavam até criando uma boa relação de amizade. Eu não quero imaginar como ele está reagindo toda vez que tem que ir ao escritório, mas comigo ele sempre fica sério demais quando esse assunto vêm à tona. Tenho medo que faça alguma loucura e perca o emprego que é tão importante para ele.
Tenho medo de estar criando expectativas que não serão correspondidas ou que ele só esteja projetando a irmã em mim. São tantas coisas que se passam em minha cabeça que eu também tenho medo de ficar louca.
Minha cabeça começa a doer, me sinto cansada de pensar, pensar e pensar e não chegar a conclusão nenhuma do que fazer e sentir daqui para frente. Talvez deva apenas deixar que os dias passem, que eu tenha alguns momentos de distração e felicidade sozinha, ao lado de André ou de qualquer outro amigo que surgir em minha vida, esperando que em algum momento eu possa sentir que essa tempestade passou e que a minha vida finalmente entrou nos eixos novamente. Acho que a minha vida só voltará a ser feliz de novo quando eu tiver o meu bebê em meus braços pela primeira vez. Pelo menos é o que eu espero que aconteça.
Encaro minha barriga ainda lisinha e faço carinho ali, torcendo para que meu bebê possa ouvir meus pensamentos e que me ajude a acalmar esse coração dolorido.
Eu fecho os meus olhos mais uma vez em busca de relaxamento. Dessa vez não demora muito para que os pensamentos deixem a minha mente temporariamente, dando lugar ao cansaço e finalmente ao sono.
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Marcas do Passado
De TodoDaniel e Kelly, dois corações machucados e marcados para sempre pelo passado de cada um. Será que o amor pode uni-los e cicatrizar as marcas que o passado deixou? Venha ler e embarcar nessa história com muito drama e romance. **** Atenção, essa hist...