capítulo 48

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Kelly.

Já se passaram algumas horas desde que Matheus nasceu e o que eu mais desejo agora é poder ve-lo, meu coração não aguenta tamanha é a minha ansiedade de segurar o meu filho nos braços, sentir o seu corpo pequeno junto do meu, olhar o seu rostinho até me cansar, apesar de que eu posso jurar que eu poderia olhar Matheus pra sempre e mesmo assim eu não me cansaria.

Me remexo na cama devagar, tentando ignorar a pontada de dor que começa na barriga e parece se espalhar por todo o meu corpo. Eu não quero demonstrar que estou com dor, isso fará com que eu não consiga ver meu filho ainda hoje, e isso é tudo o que não quero que aconteça.

Eu ainda estou na sala do pós operatório, em observação. Daqui a pouco uma enfermeira deve vir aqui checar se os efeitos da anestesia já estão mais leves para que possam me levar pro quarto, e será neste momento que eu pedirei pra ver meu filho.

Ouço a  porta se abrindo e eu volto meu olhar em direção do barulho apenas para ver  minha mãe entrando devagar junto com André. Eles se higienizam com álcool em gel antes de se aproximarem de mim.

— Como você está se sentindo meu amor? — Minha mãe me pergunta ao mesmo tempo em que se senta na pontinha da cama e segura a minha mão que está livre do soro. André está do outro lado, só que de pé. Ele parece observar nós duas mas não sei ao certo se e só isso, ele parece pensativo.

— Eu tô bem mãe, já até voltei a sentir meu corpo. — Eu digo dando um sorriso leve para ela.

— Isso é ótimo, significa que você já já vai poder ir pro quarto. Eu posso ver o alívio que se forma em seu rosto, juntamente com um sorriso bobo. Não consigo deixar de sorrir também.

— Vocês já  viram o Matheus? — Eu pergunto alternando meu olhar entre minha mãe e André. Consigo ver o sorriso de minha mãe morrer um pouco assim que faço a pergunta. Confesso que constatar isso me deixa triste é irritada também, durante esses meses eu procurei entende-la, sei que não é fácil para ela lidar com o fato de que Daniel e o pai do meu filho, mas agora eu não posso aceitar que ela rejeite Matheus por isso, ele não tem culpa do passado complicado que eu e o pai dele temos.

— Eu vi ele pelo vidro, ele é lindo kelly. — André responde em um tom animado, quebrando qualquer clima ruim que estivesse prestes a começar no quarto.

— Sério? Meu deus, eu preciso tanto ve-lo. Eu digo direcionando um sorriso enorme para André. A cada dia que passa eu tenho mais certeza de que ele é um anjo em minha vida, acho que eu nunca poderei agradecer o suficiente por tê-lo ao meu lado.

— Acho que logo você poderá ver o seu bebê. André diz com os seus olhos castanhos fixos nos meus. Eu retribuo o olhar com a mesma intensidade.

— Como você sabe que viu o Matheus pelo vidro? Já tem fotos dele por aí, e isso mesmo? Eu digo em um tom sério tentando me fingir de brava, mas eu não consigo não sorrir.

— Não querida, seu filho ainda não é o mais novo modelo do pedaço, André brinca, se aproximando mais de mim. — E que Daniel me mostrou, Nós até conversamos um pouco.

— Sério? Não consigo disfarçar o tom de surpresa em minha voz.

— Sim, porque a surpresa? Por acaso  você me vê  como um bicho do mato Kellynha? Assim você me ofende meu bem. André diz mantendo o sorriso intacto em seus lábios e eu me pergunto como ele consegue ser sempre assim, tão divertido.

— É claro que não é nada disso, eu só não esperava.

— Bom, eu vou tomar um café e deixar os pombinhos namorada um pouco. Minha mãe nos interrompe sorrindo e eu sinto meu rosto queimar ao ouvir suas palavras, me distrai tanto nessa brincadeira boba com André que eu realmente me esqueci que não estávamos sozinhos no quarto.

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora