Capítulo 47

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Daniel

Logo depois que nos preparamos com todas as roupas necessárias para entrar-mos na UTI neonatal minha mãe volta a caminhar comigo pelos corredores do hospital, me levando até lá.

Assim que chegamos próximo da porta que dava acesso a entrada dona Kátia para de caminhar e me faz sinal pra que eu pare também. Obedeço imediatamente, lhe lançando um olhar confuso em seguida.

— Você sabe muito bem da condição que me fez te deixar ver o Matheus agora né?  De que volte pra casa depois disso. Daniel você precisa urgentemente de repouso, eu sei que é o seu filho que nasceu e que foram muitas emoções em poucos dias mas por favor não se esqueça de você, não se esqueça de que acabou de acordar de um coma e que ainda esta se recuperando. — minha mãe fala e eu posso ver o semblante de preocupação estampado em seu rosto.

Me aproximo dela e pego em sua mão, fazendo carinhos de leve ali.

— Pode deixar mãe, eu prometo que voltarei para casa daqui a pouco, ok? A abraço timidamente, me aconchegando em seus braços, sentindo todo o carinho de mãe que emana dela e que me dá energia para seguir em frente todos os dias.

Depois de alguns segundos assim eu me afasto devagar.

— Bom, posso entrar lá agora né? — Digo dando um sorriso leve para ela.

— Pode sim, eu sabia que você iria querer ver o seu neném e já deixei avisado para que permitissem que você tivesse alguns minutos com ele. Matheus está saudável, nasceu com um bom peso apesar de prematuro, não vimos grandes problemas que inviabilizassem a sua entrada para ve-lo, sinceramente vejo mais problemas para a sua estabilidade do que para a dele.

— Mãe relaxa, vai ficar tudo bem comigo, certo? — Eu digo quase em um sussurro, voltando a me aproximar, dando um beijo em sua bochecha.

Ela apenas acena com a cabeça, voltando a caminhar comigo até a entrada do quarto de UTI.

Assim que entramos uma moça simpática, que suponho ser  a enfermeira cumprimenta minha mãe e depois a mim.

— Então esse é o pai do matheus! — Ela diz lançando um sorriso gentil para mim.

— É, sou sim, será que eu posso ve-lo agora? Digo retribuindo um sorriso simpático para ela.

— Claro, vem comigo, vou te ajudar.

Eu e minha mãe caminhamos com a moça até uma das incubadoras. Me sinto hipnotizado ao ver o meu filho ali, deitado, com um semblante tranquilo, como se me dissesse que tudo está bem, que ali ele estaria protegido.

Nem percebi em que momento a enfermeira me entregou Matheus nos braços, eu só senti aquela coisinha tão pequena em minhas mãos e então eu o segurei, com todo o cuidado é carinho que eu poderia transmitir naquele momento.

Percebo que minha mãe segura o acesso com o soro de Matheus. Não me atento muito para isso, foco apenas em olhar meu filho como um bobo e aconchega-lo o melhor que consigo em meus braços.

— Não podemos deixa-lo muito tempo no colo, ok? Ouço minha mãe sussurrar e eu apenas aceno a cabeça como resposta, tentando aproveitar o pouco de tempo que eu teria com o meu filho nos braços.

— Eu te amo sabia meu filho, eu e a mamãe, logo ela deve vir te vê  também viu. Você é muito amado neném, eu juro que vou fazer de tudo para que você seja uma ótima pessoa no futuro.
Matheus emite um som gostoso como resposta e eu não consigo evitar as lagrimas que caiam timidamente pelo meu rosto.

Não consigo descrever o misto de sensações que eu estou sentindo nesse momento, são tantas coisas passando por minha cabeça ao mesmo tempo.

Me sinto em êxtase vendo e sentindo meu bebê aqui comigo, tudo parece um sonho em que posso acordar a qualquer momento, não parece real. Ao mesmo tempo sinto que não mereço estar vivendo tudo isso, que não mereço ter tido um filho com kelly, a pessoa que eu fiz tanto mal no passado, quando ela era só uma garotinha indefesa. Eu fui um monstro, um monstro.

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora