Capítulo 6

961 272 2.1K
                                    

Kelly

Quando chego para trabalhar encontro o escritório fechado, o que me causa uma certa surpresa, mas resolvo abri-lo. Pois tenho as cópias das chaves que Daniel me entregou ontem. Assim que abro tudo, fico admirando um pouco a vista da janela que realmente é muito bonita, vista de cima.

Fico pensando em Daniel, o que causou o seu atraso. Confesso que me deixou um pouco preocupada. É impressionante o quanto ele me atrai de forma tão intensa e rápida.

Passeio lentamente pela recepção, ligando o ar condicionado e as luzes. Coloco um café para passar, pois sei que Daniel sempre gosta de oferecer aos clientes.

Confiro se há bebidas o suficiente na geladeira e aproveito para guardar meu almoço. Abro a sala principal, verificando se há algo para arrumar. Mas está tudo impecável. Ele é mesmo muito organizado.

Paro em frente à janela de sua sala. Fico admirado os prédios e a cidade que se estende à frente. Todo o verde ao redor que me faz querer inspirar profundamente todo aquele ar da cidade.

Me obrigo a esperar mais um pouco, mas não consigo. Algo ruim me aflinge e me faz querer falar com Daniel o mais rápido possível. Corro para o telefone da mesa dele e disco o número de seu celular.

Ele chama, mas ninguém me atende. O que confirmam ainda mais as minhas suspeitas de que há algum problema.

Resolvo tentar novamente, sei que devo estar parecendo uma louca e que posso estar o incomodando, mas essa sensação ruim é mais forte do que eu. Interrompo meus pensamentos quando finalmente ele me atende.

— Alô, algum problema? — A sua voz sai diferente, tem algo errado.

— oi doutor Daniel, me desculpe incomodá-lo. É que surgiram algumas dúvidas aqui, e há alguns documentos que precisam da sua assinatura ainda hoje. — Minto um pouquinho. De fato, eu precisava ter certeza de que ele está bem, mas não há tantos imprevistos assim. Eu sei que algo está errado e não me contenho em perguntar. — Desculpa a intromissão doutor, mas está tudo bem?

— Não.. — Ele responde e eu fico surpresa com o quão direto ele é.

— Nossa, precisa de algo? — Pergunto, sentindo meu peito apertado com uma ansiedade de fazer ele se sentir melhor de alguma forma.

— Não, já estou indo para o escritório. — Daniel responde já com uma voz melhor.

— Tudo bem então — Me limito a dizer. Não quero me intrometer mais, já que ele não se sente confortável para falar

— Até daqui a pouco então. Logo já chego! Até mais. — Sua voz soa melhor e eu sorrio involuntariamente.

— Até.

Ele encerra a ligação e eu volto a encarar a janela, levando alguns segundos a mais para colocar o telefone no gancho.

Me sento na cadeira e tento trabalhar normalmente. Não quero que Daniel chegue e me veja sem fazer nada. Depois de algum tempo ele chega.

O observo discretamente quando ele cruza a porta. Seus olhos parecem perdidos, como se somente o seu corpo estivesse aqui. Quando ele se aproxima mais percebo que estão vermelhos, denunciando que ele chorou recentemente.

Pulo da cadeira no mesmo instante e me adianto até ele. Não consigo conter a necessidade que sinto de tocá-lo e ter certeza de que está bem. Minhas mãos alcançam seus braços ao mesmo tempo que ele me percebe ali.

— Dan... Doutor Daniel, o que houve? — Pergunto exasperada. — Nem adianta dizer que não é nada. Sua cara não está das melhores.

— Você é uma garota muito observadora. — A sua voz sai baixa, me deixando com ainda mais vontade de consolá-lo de alguma forma.

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora