Capítulo 52

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Kelly.

A minha mente ainda está confusa. Muitos pensamentos passam por ela em apenas 1 segundo, e isso me deixa atordoada.

Sigo a garota que me acompanha por um corredor quase que no piloto automático. Na minha cabeça se formam algumas perguntas. Como ela é Daniel se conhecem? Como eu irei sair daqui hoje? Será que conhecer a ONG será tão bom pra mim quanto imaginamos?  Eu não sei as respostas para estas perguntas, pelo menos não ainda.

Ana abre a porta de uma sala e faz sinal para que eu entre, assim que estou do lado de dentro ela fecha a porta e me indica uma cadeira ao redor de uma mesa quadrada. Quando eu me sento ela faz o mesmo e me olha com um sorriso simpático no rosto.

— Oi Kelly, tudo bem? Eu te trouxe aqui porque antes de você fazer um passeio pelas instalações da ONG eu acho que preciso tirar todas as suas dúvidas sobre a instituição primeiro né? E isso que a diretora faria se estivesse te acompanhando agora. Você quer perguntar ou dizer algo, fique a vontade tá? Ela diz ainda com o sorriso nos lábios e um tom acolhedor na voz, eu não sei porque, mas não consigo deixar de ter simpatia por ela.

— Antes de perguntar sobre a ONG posso te fazer uma pergunta que não tem muito a ver com isso mas que eu tô muito curiosa em saber? Mas se não quiser responder tudo bem.

— Claro, pode fazer, sou toda ouvidos.

— Você e Daniel se conhecem certo? Sinto minhas bochechas queimarem violentamente assim que termino a frase. Eu só posso estar louca, como eu tive coragem de perguntar isso?

— Sim, nos conhecemos. Assim que ela responde eu posso ver um brilho em seus olhos, e isso me faz concluir algumas coisas. Ou ela o admira muito ou e totalmente apaixonada por ele, quem sabe seja as duas coisas. Ou talvez eu apenas esteja criando teorias da minha imaginação fértil demais. Antes que eu possa dar um jeito de encerrar esse assunto que nem deveria ter começado a final, Ana continua a falar:

— Eu o conheci em um bar, na verdade é uma boate, eu nem sei ao certo o que lá virou. Ana da uma pausa e sorri. — Ele me pareceu tão perdido, pediu um drink e bebia como se sua vida dependesse daqueles goles. E isso me atraiu, eu me senti curiosa, senti vontade de ajudá-lo, eu não sei. Só sei que quando vi eu já estava próxima demais e conversando com ele. Daniel soube me prender naquele papo sabe... Caramba, acho que estou falando demais, desculpa. Ana finaliza desviando um pouco seus olhos dos meus, claramente desconsertada.

— Que nada, eu confesso que estava adorando ouvir sua história. Se quiser continuar tudo bem, o meu lado curiosa gosta de ouvir. Mas se não tudo bem também, afinal eu não tenho nada a ver com isso. Eu respondo sorrindo para ela.

— Você e ele são amigos? Ela me pergunta voltando o seu olhar para o meu é um meio sorriso está novamente em seu rosto.

— Eu não sei se amigos seria bem a palavra depois de tudo de ruim que liga o nosso passado, mas eu acho que estamos tentando voltar a ser-mos amigos. Eu respondo a olhando também.

— Vocês já foram mais do que amigos, estou certa? Você é a ex namorada dele? Ana põem as mãos na cabeça, e me olha como se somente agora descobrisse algo que devia ser óbvio demais para ela. No meu rosto também devia ter surpresa estampada nele, Daniel havia falado de mim para ela?

— Sim, sou eu. Daniel e eu tivemos algo bem rápido, mas acho que foi intenso demais sabe?

— Eu imagino. Porque quando eu perguntei se ele tinha namorada eu vi sua expressão mudar, eu vi dor em seus olhos quando ele disse que tudo acabou. Ana respira fundo antes de continuar. — Eu achei que estava falando demais mas agora eu sinto que você deve saber de tudo. Bom, continuando o que eu estava falando antes Daniel soube me prender naquele nosso momento sabe? Ele me tratou tão bem, como se eu fosse alguém especial, mas não de um jeito conquistador, muito pelo contrário. Eu trabalho a noite como bar tender kelly, e te garanto que homens do tipo conquistador definitivamente não fazem o meu estilo. E infelizmente e o que mais tem em boates. Acho que o fato de Daniel ser diferente desse perfil atiçou ainda mais a minha curiosidade. Eu sempre fui vista como uma garota solta demais, muitos me acham até atirada. Tudo culpa dessa cultura machista que ainda temos enraizada em nossa sociedade. Eu só sou uma garota que corre atrás do que eu quero, inclusive quando eu quero um homem, e o que há de errado nisso? Nada! Mas agora pensando melhor eu acho que eu ainda tenho um pouco dessa cultura idiota em mim, porque pensando bem agora eu creio que o que me intrigou em Daniel foi justamente o fato de ter sido totalmente diferente com ele. Eu tomei a iniciativa de tudo, e quando eu digo de tudo e de tudo mesmo. É como se ele tivesse medo de tomar a iniciativa de algo, acho que agora eu tô começando a entender o porquê. Mas o fato é que eu me senti tão bem com aquilo inicialmente, porque naquele momento eu senti que ele não me veria como atirada, a minha ousadia era necessária naquele momento. Eu disse que falo demais, preciso controlar essa minha língua enorme meu deus. Ela termina sorrindo mais ainda, mas seu rosto está corado, é como se ela estivesse escondendo no sorriso a vergonha por estar se abrindo tanto naquele momento.

— Então vocês tiveram mais do que uma conversa naquele dia não foi? Eu pergunto tentando estimular Ana a prosseguir com aquele assunto, eu não sei exatamente o porque, mas me sinto curiosa para saber de tudo aquilo.

— Sim, nós transamos. E foi a noite mais incrível que tive, Daniel foi um perfeito cavalheiro. No dia eu adorei, mas depois fiquei intrigada dinovo. Muitas coisas só estão fazendo sentido para mim agora. Quando saímos do bar eu o levei pra minha casa, o clima esquentou entre a gente é eu achei que tinha condições de continuar-nos o que começamos na minha casa. Mas quando chegamos eu vi que não, ele estava bêbado demais. E ele não insistiu em trannsar comigo, não teve mão boba em lugares inadequados, e ele não me deixou cuidar dele, tirar suas roupas, o ajudar a se deitar. Eu me lembro de ter pensado que ele era mesmo muito diferente do que eu estava acostumada. No dia seguinte eu levei café da manhã na cama pra ele. Quando eu entrei no quarto ele parecia nervoso, e me perguntou se tínhamos feito algo, se ele tinha me forçado a fazer algo. Foi aí que eu realmente comecei a achar muito estranho, mas preferi pensar que isso era efeito do álcool. Bom, resumindo, depois de muita conversa ele finalmente cedeu a atração que estávamos sentindo e nós transamos. Mas ele me perguntou se eu queria e falou que eu deveria avisa-lo se eu quisesse que ele parasse. Você acha que esse é um comportamento padrão? Ele estuprou alguém não foi, por isso ele tá aqui? E você veio ajudá-lo nisso ou está de alguma forma ligada a esse trauma dele? Ana me pergunta com o seu olhar quase fixo em mim, mas seu semblante continua calmo enquanto eu ainda estou tentando processar tudo o que ouvi.

— Perdão Ana, eu juro que eu queria muito falar sobre isso com você, mas acho que é algo pessoal demais, precisa conversar diretamente com ele. Eu digo depois de alguns segundos refletindo.

— Essa sua resposta acho que já respondeu a minha pergunta, mas pode deixar que eu converso sobre isso com ele. Bom, vamos ao assunto que nos trouxe aqui né, a ONG.

— Claro. Mas acho que eu topo o passeio enquanto eu tiro minhas dúvidas andando, preciso respirar um pouco o ar puro.

Ana assente com a cabeça e se levanta, nos guiando para fora da sala.

Eu me sinto aliviada por estar fora daquele ambiente, em um local mais fresco. Eu preciso tentar assimilar melhor sobre o que foi essa conversa que eu e aquela garota acabamos de ter. E acho que olhar todo aquele lugar sem precisar falar muito me dará um pouco disso, de tempo.

Oi meus amores, tudo bem com vocês? Eu espero que sim.

Sei que vocês devem querer saber mais sobre como funcionam essas ONGs e vocês irão saber no próximo capitulo, só que na visão do Daniel.

Gostaria de dizer também que marcas do passado está se encaminhando para a sua reta final, e eu sinto que estou adiando um pouco isso kk. E difícil se despedir genteeee.

Entrem no grupo que criei para o livro no whats, pra quem quiser o link está aqui no meu perfil.

Capitulo ainda sem revisão, então perdoem os erros.

Um beijão e até o próximo capitulo.

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora