Marcas do Passado

Capítulo 49

1 mês depois.

Daniel.

Já se passou um mês desde que o meu filho nasceu mas parece que tudo aconteceu em um ano por tantas coisas que aconteceram em tão pouco tempo.

Kelly permitiu que eu a ajudasse nos cuidados com o nosso bebê poucos dias depois que eles saíram do hospital. Eu queria ajudá-la assim que eles foram liberados mas ela não quis de forma alguma, ela disse que eu teria que descansar e me recuperar do atropelamento, e ela estava certa, mas era e ainda é difícil demais lidar com a minha ansiedade. Não posso dizer que estou totalmente recuperado porque infelizmente eu não estou. Ainda terei que fazer exames neurológicos com mais frequencia do que eu gostaria e ainda terei que fazer algumas sessões de fisioterapia para que meus movimentos voltem a ser como antes. Fisicamente eu sinto que ainda estou longe de ser o mesmo mas sinto que estou melhorando de forma rápida e muito satisfatória. Pelo menos é o que a minha mãe sempre diz.

Meus pensamentos foram interrompidos pelo taxista que me informa que já chegamos no endereço solicitado. Droga, eu juro que preciso parar de ser tão desligado.

— Me desculpe, eu me distraí demais. Bom, tá aqui O dinheiro: — Eu digo sorrindo para ele lhe entregando o pagamento pela corrida antes de descer do carro. Assim que me despedi do homem me dirijo até a casa que se encontra mais a frente. Meus passos são lentos demais tamanha é a minha vontade de ver o meu filho novamente. Assim que chego no portão o abro devagar e aperto a campainha, confesso que sinto medo de quem pode abrir a porta. Mas assim que ela se abre e eu a vejo eu sinto o meu corpo relaxar instantaneamente. E kelly quem está na porta com o nosso filho no colo.

— Oi. Eu juro que não esperava te ver agora. Kelly diz com a surpresa estampada em seu rosto.

— Me desculpa, se você quiser eu posso voltar em um outro momento. Eu sei que pra você a minha presença constante deve ser incômoda, que deveria ser lenta e só que eu não resistir em vir ver o Matheus por uns minutos antes de eu ir para o compromisso que eu tenho daqui a pouco, então como seria rápido pensei que não tivesse problema, mas eu prometo que vou tentar...

— Daniel relaxa pelo amor de deus. Não é nada disso. Eu só disse que que pensei que não te veria agora porque você me disse que o dia seria corrido hoje, que você teria compromissos. Eu tinha a certeza de que mesmo assim você daria um jeito de vir ver o nosso filho a noite, ou eu o levaria na sua casa pra não ter que se encontrar com a minha mãe. Mas foi só por isso, não tem nada a ver com o passado. Kelly me interrompe com um sorriso lindo em seu rosto. Ver ela sorrindo me faz sorrir também junto com ela.

— Ah... Acho que sou paranoico demais né? Eu digo ainda sorrindo, tentando fazer com que a minha mente relaxe.

— É ótimo que você esteja percebendo isso. Daniel você precisa entender que isso não vai ajudar, nem a você e nem a mim. Eu te perdoei porque quero deixar isso no passado, eu nunca vou esquecer e eu sei que você também não. Mas isso não tem que definir quem eu sou, o que eu visto por exemplo. Isso não tem que me paralisar toda vez que eu for tocada por um homem, isso não precisa me trazer uma dor enorme toda vez que eu me lembrar. Eu não preciso chorar toda a vez que as lembranças vierem, como se eu estivesse revivendo tudo novamente. Eu quero viver Dan... Eu quero poder vestir um short curto e me sentir linda. Eu quero ser provocante na hora do sexo, eu quero poder gozar gostoso, sempre! Sem nada que me trave. E eu sinto que estou conseguindo isso. E como se agora eu estivesse ficando pronta pra fechar um ciclo horroroso da minha vida. Eu quero é vou virar essa página entende? Isso não significa que nunca mais iremos falar sobre isso. Podemos até falar, mas se for pra colaborar em algo, pra você ou pra mim, se estivermos em um dia bacana pros 2, em um clima bacana. Não com essa tenção toda, não com você pensando que eu estou te julgando ou pondo contra a parede. Agora entra e relaxa, ok?