Capítulo 9

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Kelly

Quase nem dormi direito depois da minha carona com Daniel. Minha mente ficou revivendo aquilo tudo; nossas conversas, nossas risadas e nossos beijos quentes. Meu coração quase sai pela boca em todas as vezes que lembro onde vou hoje. Me sinto nervosa e ansiosa ao mesmo tempo. É como se o meu corpo Não estivesse decidido se devo me aproximar mais ou me afastar.

Decido que devo apenas deixar rolar como temos feito desde que decidimos tentar ter algum tipo de relação. Deixamos que a atração que nos envolve defina o que será de nós. Que ela nos mostre o quanto podemos ser próximos. Com esse pensamento, me levanto de vez da cama.

Preciso sair e achar algum presente simples, mas digno de Daniel. Eu realmente estou em dúvida do que escolher, mas espero que quando eu chegar em alguma loja a minha mente se ilumine.

Tomo um banho rápido e começo a me arrumar para ir até o centro da cidade. Novamente o pensamento diário: Qual roupa ideal para sair de casa da forma mais comportada possível? Qual roupa não atrai olhares desnecessários?

Perco alguns minutos olhando para meu guarda roupas. Por fim, decido usar o de sempre; uma calça jeans, uma camisa social larga, e um sapato de salto baixo.

Me olho no espelho analisando se a calça não está justa demais. Creio estar apresentável.

Saio de vez da frente do espelho, querendo deixar essa paranoia de lado, mas sem conseguir. Pego minha bolsa e saio pelo portão, tentando não ouvir o lado que me manda ficar em casa.

Desço do ônibus próximo a uma loja de roupas, após caminhar alguns minutos entro no local e começo a olhar tudo ao redor tentando encontrar algo que seja a cara de Daniel.

Percorro as diversas prateleiras e araras em busca de algo que me agrade e que lembre Daniel, mas nada surte efeito. Todas as camisas são iguais demais, sóbrias demais.

Vejo algumas jóias solitárias no meio de tantas roupas, um pouco mais a minha frente. Vou até lá e começo a olhar uma por uma já imaginando o que quero procurar.

Meus olhos finalmente a encontram. Um colar, com o pingente que contém o símbolo do direito.

Decidi que nada representaria Daniel melhor do que aquilo. Sorrio ao lembrar dele dizendo que o direito era a única coisa que ele fazia certo, mesmo que eu não acredite nisso. Pois sei que existem outras coisas, eu resolvo me prender à essa lembrança para escolher o presente.

Chamo a atendente e indico a joia que gostei pedindo para fazer uma embalagem sóbria e torcendo para não sair tão caro. Ela sorri gentilmente para mim e faz um embrulho caprichado. Por sorte não custou tanto.

Sorrio e aceno em agradecimento para atendente, pago a jóia e saio da loja seguindo ao terminal de ônibus que fica próximo dali.

Decido fazer uma surpresa para Daniel, já que a comemoração seria um almoço e o horário já estava bem próximo. Tento ignorar o nervosismo que começa a se instalar dentro de mim. O que a família dele acharia de mim?

Pego o ônibus e me mantenho distraída com esse questionamento. Tenho medo da família me rejeitar por ser pobre, por ser secretária de Daniel.

Quando estou na metade do caminho, me repreendo por estar tão distraída e não atenta ao que me rodeia.

Eu não deveria estar tão desatenta. Talvez nem todas as pessoas deste ônibus sejam bem intencionados. Desde que tudo aconteceu comigo eu aprendi a raramente confiar nas pessoas. Eu precisava ser assim para que nada sequer parecido acontecesse novamente comigo.

Olho ao redor, tensa demais e assim continuo até descer do ônibus e caminhar rumo a casa de Daniel.

Ao me aproximar do portão fico por alguns segundos ali, anciosa demais e insegura demais. Mas resolvo por fim ignorar os meus medos e aperto a campainha. Espero por longos segundos até que a porta se abre quando estou prestes a tocar a campainha novamente.

Marcas do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora