Capítulo 45

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Daniel.

Estou na sala de espera andando de um lado para o outro sem conseguir me acalmar. Eu queria estar lá dentro com Kelly, queria saber como ela e meu filho estão, mas eu não pude, ela precisa ser examinada. Serei chamado caso ocorra um parto e só de pensar nessa possibilidade meu coração acelera e a angústia toma conta de mim.

Uma movimentação na sala chama a minha atenção, penso que seja a minha mãe me trazendo notícias. No entanto, uma pontada de decepção me preenche quando vejo a mãe de Kelly vindo até onde estou, sendo ajudada por André.

Me sinto puxado à realidade quando os olhos da senhora param em mim. Sinto meu peito doer com a dor em seus olhos. Essa agonia nunca vai acabar, nunca estarei plenamente livre dessas culpas e desses olhares.

— Oi dona Carolina, Oi André. — Sussurro, tentando não me deixar ser afetado por toda essa dor que insiste em apertar o meu peito. — A Kelly está passando por alguns exames. Ainda não sabem o que houve. Continuo, sem conseguir encará-la durante longos segundos.

— Você estressou minha filha, Daniel? — Dona Carolina me encara, apoiando as mãos nos braços de André.

— Nós conversamos sobre isso, Dona Carolina. — André comenta com descrição, olhando a senhora. — Ela estava lá por livre e espontânea vontade. Não acredito que Daniel possa ter feito alguma coisa.

— E eu não fiz. Inclusive eu e sua filha até que nos divertimos, rimos bastante, jogamos baralho. — Falo tentando manter a minha voz firme, tentando não me abalar.

— Então porque minha filha está lá dentro? Por que, André? — Dona Carolina parece abalada. Talvez pela sua condição de saúde, talvez pela situação em que nos encontramos.

— Calma! Temos que aguardar respostas dos médicos. Se acalme, tudo bem? — André passa o braço ao redor dos ombros de Dona Carolina e eu desvio o olhar procurando matar a ansiedade.

Katherine volta com um chá para mim. Eu queria mesmo um café, mas ela acredita que eu teria um ataque se colocasse mais agitação para dentro. Talvez a camomila me ajude de fato.

Não consigo parar de caminhar. Meus olhos se direcionam para todos a minha volta, mas nada me distrai, nada me acalma. Miro a porta, desejando que alguém entre por ela e me traga novidades.

— Soube de alguma coisa Kath? — Pergunto com a expectativa que a resposta seja positiva. Sinto que vou enlouquecer se tiver que esperar por muito tempo.

— Daniel, sente-se ou o próximo a ser internado será você. Eu não tenho informações, a mãe disse que vai sair assim que souber de algo concreto. Sente aqui. — Katherine aponta para a cadeira ao seu lado.

— Tá demorando Kath, tem algo de errado.

Me sento ao seu lado, mas é difícil parar quieto. A porta então se abre e minha mãe aparece com a expressão completamente indecifrável. Eu praticamente corro até ela.

— E aí, mãe? Como eles estão? — Questiono sem desviar meus olhos dela.

— Olá Dona Carolina, André… Bem, Será necessário realizar o parto do nosso bebê. A pressão da Kelly está instável e o nosso receio é que o quadro se agrave para os dois. — Minha mãe explica em seu tom profissional e eu sinto meu chão se abrir.

— Ela está consciente? — André pergunta, parecendo mais centrado que eu.

— Sim, ela está consciente, está sendo medicada e concordou com a cesárea.

— Poderei estar com ela lá? — Pergunto olhando de minha mãe para André.

— Claro. Ela disse que você pode acompanhar o parto.

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