•| Capítulo 4 - O Parque.

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Domingo, 7 de Dezembro de 2014

Acordo toda despenteada e com uma grande dor de costas. Sabem porquê? Porque o único sítio onde estava bem e confortável era deitada no chão da cave. Por isso dormi aqui.
Vou até à casa de banho e olho-me ao espelho, antes de tomar banho. Tinha os olhos normais, mas os meus lábios estavam roxos. Devia de ser do frio, mas eu não senti nada.
Visto-me e vou até à cozinha para tomar o pequeno almoço, mas já lá estava a minha mãe, ou seja, era hora de almoço.

— Bom dia mãe. O que é o almoço?
— Boa tarde querida. Está dentro do frigorífico, é salada fria. Estás bem? Ontem fartas-te de vomitar sangue.
— Eu vomitei? Pior... Sangue? Apenas me lembro de adormecer e de ter um pesadelo enorme.
— A dizer para te largarem?
— Isso mesmo. Como sabes?
— Estavas a berrar isso, deu para te ouvir no meu quarto.
— Pois, como sempre. Estou farta disto. Porque é que não me matas-te quando soubeste como eu era?
— Porque te amo bastante, não seria capaz de te tirar a vida. Eu daria a minha vida por ti, sabes bem que sim.

Cheguei perto da minha mãe e abracei-a bem forte. Ambas andávamos a precisar assim de um abraço, de um carinho por parte uma da outra.

— Mas nunca o faças.
— Se for preciso não penso duas vezes. Então mudando de assunto, hoje vais sair?
— Sim, vou à psicóloga. Depois da discussão de ontem não quero estar com elas. Também devem de estar ocupadas com os namorados.
— Mas tens que estar com elas. Vocês não podem deixar de se falar por causa da discussão que tiveram ontem. Quando é que decides contar-lhes?
— Nunca. Elas nunca irão saber disto. Tu prometeste-me que nunca lhes contarias.
— Eu sei. Se prometi é porque vou cumprir.
— E o pai igual, por isso elas nunca saberão. Nem sequer precisam de saber.
— Mas assim elas já não tentavam convencer-te a sair ou então poderiam ajudar-te ao não ter tantos ataques de pânico.
— Eu não preciso de ajuda. - digo um pouco irritada.
— Vai apanhar ar. Vai dar uma volta.
— Está bem.

Dei um beijo de despedida à minha mãe, que iria agora voltar para o trabalho. Almoço e arrumo a casa. Subo as escadas e vou até ao meu quarto buscar as minhas coisas. Visto um casaco e vou até ao parque mais próximo de casa.
Hoje está mais fresco do que tem estado, mas eu gosto, aliás, estou melhor assim. Estava com vontade de comer algo doce por isso fui até ao café. Pedi dois chupas, tenho a sensação que um não me vai chegar. Volto para a rua e caminho na direção a que o vento me conduz. Estava a olhar para dois gatos que se estavam a atiçar um ao outro e sinto algo puxar-me as calças para baixo. Quando olho vejo uma criança adorável. Olhos azuis, loirinha e com um sorriso bastante fofo, parecia ter por volta de 4 anos. Olhava o chupa bastante atentamente por isso tirei o outro de dentro da carteira, mas ouvi alguém chamar por ela, virei-me e pude ver o rapaz de ontem, no Mc'Donalds.

— Não aceites princesa.
— Não tem mal nenhum, acabei de o ir comprar, podes ir perguntar ao dono do café.
— Não quero saber. Prefiro comprar-lhe eu um.
— Bem me parecia que não prestavas mesmo para nada.
— Não me conheces, por isso não estejas com essas tretas.
— Mas eu quero o chupa... - diz ela olhando para ele.
— Vamos ali ao café e compro-te dois.
— Mas eu quero este... - ela olha para o chupa e depois sorri para mim.
— Mas...
— Podes ficar com ele, precisas de bastantes doces para poderes aguentar a amargura dele.

Ela ri e ele olha-me de lado. Entrego-lhe o chupa e dou um beijo na sua testa ainda pequena. Coloco os fones e ainda dou uma volta pelo parque. Algum tempo depois de admirar a paisagem, sigo caminho para o psicólogo.
Chego, e como sempre fizeram-me esperar. Mas hoje não foi pouco tempo. Farta de estar sentada, levanto-me e começo a caminhar lá dentro.
Haviam várias salas, desde adultos a crianças. Aquele sítio arrepia-me, talvez seja por isso que não gosto de lá ir.

— Chloe? Anda.

A psicóloga chama por mim e eu vou atrás dela. Como eu adoro isto. Entrei no gabinete dela e vi que havia lá mais alguém. De costas parecia um rapaz mas visto que agora os rapazes gostam de deixar o cabelo grande e as raparigas gostam de o cortar bem curtinho, não tenho certezas.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora