Chloe
Acordo com um coelho a cheirar-me a cara. Com o salto que dei assustei o pobre animal que fugiu logo de mim. Olho em volta e não vejo nada.
Será que sonhei? Será que tive mais um ataque e vim para aqui? Ou será que o que me lembro foi tudo real? Eu matei mesmo alguém? Eu matei o meu namorado? Não pode.
Levanto-me de vagar pois estou cheia de dores no corpo todo.
Preciso de comer e de beber alguma coisa, mas não posso ir para casa. Eu não sei bem o que se passou, por isso não posso arriscar.
Caminho durante algum tempo até encontrar uma cascata com um poço na parte de baixo - ao nível a que eu me encontrava - onde vi um casal a brincar na água. Havia uma toalha com um cesto que parecia estar cheio de comida a 6 metros de mim. Estou cheia de fome por isso tem que ser. Aproximei-me da toalha tentando não fazer barulho. Agarro na cesta e começo a correr conseguindo ainda ouvir o casal a mandar vir.
Paro de correr uns bons metros longe do poço passando a andar mais de vagar. Vejo a casa do Harry mesmo à minha frente. Já aqui estou? Mas eu andei aqui às voltas? Tento entrar sem fazer barulho e vejo apenas o diller no chão. Onde estão os restantes? Onde é que está o Harry?
Saio de novo dali e continuo a andar à procura de um sítio onde me pudesse sentar para comer, mas não encontro nada.
Quando desisto ouço vozes uns metros mais à frente. Apercebo-me logo que não é o casal a quem roubei a cesta, mas sim duas pessoas conhecidas. Christianna e Harry. Harry?— Achava que te tinha perdido.
— Achavas?
— Sim. Não te lembras?
— Foi a Chloe, não foi?
— Não sei, eu já não estava lá, tinha fugido.
— Foi ela foi. Eu lembro-me de a ver a agarrar-me pelo pescoço, mas depois não me lembro de mais, só de acordar e de tu estares a dormir ao meu colo.
— Eu fugi e pensei que tinha que voltar para trás, mas quando voltei vi a Chloe no chão toda enrolada e a outra rapariga a dar-lhe pontapés.
— A sério? E onde é que ela está?
— A rapariga não sei, mas a Chloe fugiu. Eu agarrei num tronco e acertei na cabeça da outra. O que é que ela estava a fazer ao teu colo?
— A outra é a Alessandra. Eu estava a pedir-lhe ajuda numa coisa e ela só estava a ajudar. Achas mesmo que eu ia traír a Chloe? Ainda por cima com o namorado da Alessa ao meu lado?
— Não, não acho.
— Ela acordou depois de eu te deitar na cama. Ela não se lembrava de nada e eu disse-lhe que foram três encapuzados que lá entraram e mataram o Malik.
— E ela acreditou?
— Sim. Ela queria que chamasse-mos a polícia, mas eu disse-lhe que não podíamos até porque a casa não é mesmo minha e nós podíamos ser presos por estarmos lá dentro. Ainda por cima o rapaz já estava morto não havia nada a fazer a não ser encontrar quem o matou. Ela não vai conseguir descobrir que foi a Chloe, só se ela se lembrar de tudo.
— Pois, espero que não. A Chloe disse-me que também ficas assim naquele estado se te irritares, mas tu não estavas assim. Ela também disse que isto é porque cresceram com um demónio no corpo. É verdade?
— Sim. Só não entendo como é que eu estive tão perto de me passar e não consegui. Ela é mais forte do que eu. Só queria arranjar uma solução e acabar com isto de vez. Eu estou farto disto, eu não mereço e ela também não. E tu já me viste assim, quando quase matei o nosso pai.
— Pois, é verdade. E não, vocês não merecem isto, aquela não era a minha Chloe. Eu vou conseguir uma solução.
— Como?
— Com a ajuda da Katherine, mas vou conseguir.
— Mas como? Vais contar-lhe?
— Não sei se é melhor contar ou não, mas eu percebo bastante de computadores e ela é uma craque em livros. Eu posso procurar na internet se encontro algo sobre isso e ela pode procurar nos livros. O meu problema é que não sei se a convenço a fazer isso sem lhe explicar o que se passa.
— Conta-lhe. Diz que é por causa de mim. Não digas que a Chloe tem o mesmo problema que eu. Diz só que eu preciso de saber como deixar de ser assim.
— Está bem. Vou começar a pesquisar quando chegar a casa. Por falar nisso, onde é que vais dormir esta noite?
— Não sei se vou conseguir dormir. Vou procurar a Chloe. Eu preciso de saber onde é que ela anda e preciso de saber se ela está bem. Ela precisa de mim e eu preciso dela.
— Está bem. Diz-me algo se a encontrares e se não a encontrares também pois sendo assim vais lá dormir a casa.
— Eu não vou...
— Vais e acabou a conversa. Não vais voltar a entrar naquela cabana, não vais dormir na rua, e sem a Chloe também não dormes em casa dela. O pai não está lá em casa por isso não tem mal nenhum.
— Está bem.
— Bem, eu vou já que já é muito tarde. Vou falar com a Katherine e arranjar uma solução para vocês. Vocês têm que conseguir ser realmente felizes como duas pessoas normais. Eu amo-vos bastante e só quero o melhor para vocês.Eles despedem-se e ela leva as coisas dele. Ele começa a andar na minha direção, mas escondo-me, não quero que ele me veja, não agora.
Ele passa por mim e só de sentir o seu cheiro já me sinto feliz. Ele está bem. Eu não o matei. Ele está vivo.
Vejo-o parar e olhar para trás, por isso escondo-me. Acho que estou a fazer barulho ao segui-lo. Ele volta a olhar para a frente e continua a caminhar tal como eu continuo a segui-lo. Pouco depois pára e volta a fazer o mesmo. Quando o faz pela terceira vez chama por mim.— Chloe? Chloe? Se és tu aparece, eu preciso de falar contigo.
Engulo seco, respiro fundo e avanço para ele me poder ver. Ele olha para mim, mas eu não consigo olhar para ele. O que eu fiz foi horrível. Eu matei uma pessoa que não me fez nada e quase matei o meu namorado.
— Chloe. Onde é que te meteste? Deixaste-me preocupado. - ele diz aproximando-se de mim, mas afasto-me - O que é que de passa?
— Eu quase que te matei. Eu quase matei a única pessoa que foi capaz de me amar e a única pessoa que amei em toda a vida. Eu sou um monstro. Tu não, mas eu sou um monstro.
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INSANE: The Murderer [ Concluída ]
ParanormalInsane { Livro I } Toda a gente achava que ela era perfeita, mas ninguém sabia que ela era um monstro. Pelo menos até ela se apaixonar. Ela não sabia que ele era obcecado por ela, nem que ele era também um monstro. Insane. Contém representações grá...