•| Capítulo 43 - Doente.

95 21 10
                                    

Harry

Acordo e dou conta de que a minha pequena não está aqui. Agarro no telemóvel e vejo que são 11h, mando-lhe mensagem a desejar os bons dias e o resto de boas aulas. Levanto-me e tomo um banho de imersão, que me soube maravilhosamente bem. Eu tenho já uma gaveta com roupa minha e um espaço no armário aqui no quarto por isso tiro umas calças pretas e uma t-shirt azul, para variar um pouco. Calço as minhas botas castanhas e arrumo o quarto. Sim, fiz a cama e arrumei tudo no lugar, eu sou um bom rapaz.
O meu telemóvel vibra em cima da mesa de cabeceira. Nova mensagem.

— Estou a ir para tua casa por isso vê lá se te despachas a chegar.
— Bom dia também para ti Liam. Estou a ir.

Eu sou uma pessoa normal. Eu digo que estou a caminho quando ainda vou comer e lavar os dentes. Decido agarrar no casaco e no telemóvel, descer e apanhar uma maçã da fruteira para me despachar. Ele vai ter a minha casa por isso lavo lá os dentes.
Chego e tenho o Payne sentando no sofá da minha sala a mexer no telemóvel.

— Boas mano. - cumprimento-o.
— Tão bro? Tava difícil.
— Desculpa lá se não consegui uma casa mais perto da cidade, mas não tinha dinheiro tá? E tu é que quiseste aqui vir. Podias ter ido ter ao parque.
— Mas no parque não temos privacidade, para além de que a Alessandra e o Malik vêm aí.
— É bem. E eu não sabia né?
— Tu tas com eles todos os dias, não há novidade nenhuma.
— Sim, tens razão. A ti é que já não te via à algum tempo. O que é feito de ti?
— Bem, não sei se sabes, mas agora sou segurança.
— A sério? Isso é brutal mano.
— Pois é, e eu gosto mesmo daquilo.
— Isso é que é preciso. Seguiste em frente depois do que se passou e isso é que interessa.
— Eu não ia ficar no meu canto sem de lá sair e desistir da minha vida por causa de uma puta que decidiu meter-me os palitos.
— Tens razão, nem valia a pena. Logo encontras alguém que te fará realmente feliz.
— Tenho a certeza que sim. Aliás, tu encontraste a tua musa, porque é que eu não irei encontrar?
— Ei! - rio com ele - Tens que a conhecer. Ela foi o melhor acontecimento da minha vida.
— Nunca te tinha visto tão lamechas Harry. Essa rapariga deu-te mesmo a volta.
— Algum dia iria acontecer.
— Tens razão, também mereces ser feliz.
— É, mas olha tu não lhes digas nada a eles. Eu quero que tu a conheças, mas não quero que eles a conheçam.
— Porquê?
— Porque eles são eles. Apresentavas-lhes uma namorada tua?
— Hmm... Acho que não.
— Lá está. Por isso mesmo.

Ouço bater à porta, devem de ser eles. Sim, eles batem à porta. As únicas pessoas que têm autorização de entrar sem bater à porta são o Liam e a Chloe.
Abro a porta e deixo-os entrar depois de os cumprimentar. Fecho a mesma e sento-me no sofá onde estava antes.

— Então pessoal onde vamos almoçar hoje? - pergunta a rapariga.
— É que eu ainda não dormi. - informa o Malik.
— Não sei, podemos ir ver de alguma coisa e trazer para aqui.
— É uma ótima ideia. E vamos todos? É que eu tou toda molhada porque este otário não sabe dividir um guarda chuva.
— O guarda chuva é pequeno o que é que queres?
— O guarda chuva é pequeno, mas tu estás seco e eu tenho o cabelo a pingar.
— Então podem ir vocês que já tão molhados. Assim nós não nos molhamos.
— Sim, eu empresto-vos o meu guarda chuva.

Eles começaram a reclamar, mas lá os convencemos a ir e assim pudemos acabar a nossa conversa.

— Também tens que conhecer as minhas irmãs.
— Sim, tenho que conhecer. Só conheço a tua mãe, quer dizer conhecia...
— Pois...
— Tens que combinar isso para conhecer as três.
— Sim, vou falar com a Chloe para combinarmos um jantar todos.
— Ótima ideia.
— E tu, quando é que arranjas uma menina? Menina não, uma mulher.
— Tenho muito tempo para isso. Não tenho pressas.
— Fazes bem. Acredito que vais encontrar alguém quando menos esperares.
— Também acho que sim. - rimos.

Algum tempo depois chega o casal com a comida que foram buscar ao Mc. Ao menos não demoraram muito porque eu estava a morrer de fome e já era tarde.
Depois de comer arrumei tudo e fui deitar o lixo no caixote. Quando voltei o Malik já enrolava o primeiro. Vai ser uma tarde linda.
Depois de fumar-mos o primeiro a Alessa fez o segundo e começou a fumar. Chegou a minha vez de fazer o meu. Fiz a sopa, enrolei, acendi-o e dei um bafo, mas quando dou por mim tenho a minha namorada a berrar comigo.

— Mas o que é isto Harold?
— Chloe?
— Responde-me!
— Mor...
— Mor nada! Se gostasses realmente de mim não me escondias isto.
— Eu amo-te de verdade mor.

Eu estou pedrado e o meu tempo de reação aumentou. Quando dou conta a Chloe tinha-me tirado o charro da mão, tinha-se sentado no sofá ao lado da Alessandra e estava a perguntar-lhe como é que se fumava. A Alessa feita estúpida disse-lhe como era. O Liam nem estava na sala, tinha ido à casa de banho porque se aqui tivesse tinha impedido isto e a minha namorada não estaria agora a fumar do meu charro.

— Harry, eu vou ... Eu queria fazer-te ... e ir ... pelos vistos mais valia ter ido para casa e ... a fazer cenas nas minhas costas. Eu sinceramente não quero saber, mas depois não te queixes quando ... que for.
— Podemos falar depois? Não entendi nada do que disseste.
— Quando estiveres sóbrio vai ter comigo a casa.

Vejo-a agarrar na carteira e sair de casa. O Liam que tinha chegado à segundos perguntou o que se passou, mas não consegui responder, apenas consegui sentar-me no sofá.

— Era a Chloe?
— Yup.

Mal acabo de responder, vejo-o sair disparado, mas não tenho forças para me levantar e sinto a minha cabeça a andar à roda.

Chloe

— Harry, eu vou embora. Eu queria fazer-te uma surpresa e ir almoçar contigo, mas pelos vistos mais valia ter ido para casa e almoçar com as paredes. Ou melhor, não, ainda bem que vim, assim pude ver que andas a fazer cenas nas minhas costas. Eu sinceramente não quero saber, mas depois não te queixes quando descobrires que te ando a esconder seja o que for.
— Podemos falar depois? Não entendi nada do que disseste.
— Quando estiveres sóbrio vai ter comigo a casa.

Agarro na minha carteira e saio dali. Ele só pode estar a gozar com a minha cara. Era isto que andava a fazer nas minhas costas? Pois então agora que o faça à minha frente e comigo! Não, aquilo tem um sabor horrível nunca mais.
Ouço alguém chamar-me e olho para trás. Era um rapaz alto, moreno de olhos castanhos e com um bom corpo, mas nada comparado ao Harry.

— Sim?
— Eu sou o Liam. Eu estava na casa de banho por isso não sei o que se passou. Só sei que quando voltei à sala estavas a discutir com ele e bazaste.
— E Liam, tu és quem mesmo?
— Sou o melhor amigo de infância do Harry. Já sei que o Harry te contou onde ele esteve quando era pequeno e eu vivi com ele até ao dia do incêndio. Reencontramo-nos quando saíu do centro e agora estou aqui a tentar cuidar dele.
— Como assim estás a tentar cuidar dele?
— Ele sofreu bastante até agora, ele teve uma vida horrível e cheia de confusões. Eles sofre com isso todos os dias. Chloe, ele é doente e foi por isso que foi internado. Ele pode ter-te dito que não, mas foi por isso. Estar lá dentro só piorou mais e por isso o pai deixou-o ficar na rua, mas ele era vigiado até eu falar com ele e pedir para me deixar cuidar do Harry.
— Sim, eu sei que ele sofreu, mas não sabia que é doente por isso.
— Ele nasceu diferente e tanto tu como eu sabemos disso, mas para além disso ele é doente como era o avô paterno. Isso é coisa que ele não te irá contar porque ele pensa que não é verdade. De resto fala com ele. Ele anda a sofrer cada vez mais, porque a vida dele só piora. Ele diz que és a única luz que existe na vida dele e que tem que te proteger de tudo, mas ele é que tem que ser protegido. Além disso, eu deixo-o fumar porque a erva é como medicação para ele e não lhe faz mal, desde que não passe disso.
— Obrigada por me contares isto.
— Obrigado eu por o fazeres feliz. E peço que não desistas dele. Prometes-me isso?

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora