•| Capítulo 17 - Alma gémea.

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Muito pouco depois, vejo o Harry entrar na mesma divisão onde nós estávamos e corri até ele para o poder abraçar de novo. Ele envolve os seus braços à medida dos meus ombros e encosta a sua cabeça à minha esfregando a sua mão direita nas minhas costas acalmando um pouco o meu choro..

— Queres aqui ficar ou queres ir embora?
— Eu quero aqui ficar, eu quero aqui estar quando a minha mãe acordar porque ela vai acordar, ela tem que acordar!
— Vai dar uma volta ou vai para casa, almoça e assim. Eu fico aqui e vou dando novidades. - diz o meu pai.
— E tu? Não almoças? Só comeste a sandes que te dei.
— Eu vou ao refeitório, eles contactam-me se o estado da tua mãe mudar.
— Está bem. Eu vou.
— Toma, - ele tira a carteira dando-me dinheiro e fala só para mim - vai almoçar fora, aliás, ide os dois. Já vi que ele te anda a fazer bem. E acredita que nunca pensei que encontrasses alguém que conseguisse fazer o que ele anda a fazer.
— O que queres dizer com isso?
— Tu sabes que desde que ele entrou na tua vida tens andado mais calma. Já não tens pesadelos nem nada do género. E foi de repente.
— Mas quando o conheci só me irritava por causa dele e agora não. Aliás, só não tenho esses pesadelos quando ele lá dorme.
— É, o destino é lixado. Já sabes quem será a pessoa que irá fazer-te feliz.
— Para com isso! Isso não é verdade.
— Logo verás.
— Vá eu vou. Vai lá almoçar. Diz se ela melhorar. Beijinhos.

Dou meia volta e caminho de novo para a saída daquele hospital. Entro no carro e fixo o meu olhar fora do carro até que me apercebo de que o Harry estava a falar para mim.

— Já tou farto de te chamar. Daqui a pouco vais almoçar sozinha.
— Desculpa... Estava a pensar numas coisas.
— O quê?
— Nada. O que é que estavas a dizer?
— Estava a perguntar onde queres ir almoçar... Já dei várias opções e não vou repetir.
— Podemos ir ao shopping, assim cada um escolhe o que quer.
— Bem pensado. Já agora, eu dei essa hipótese.
— Pois não sei, não ouvi.
— Isso sei eu. - ele ri e eu simplesmente sorrio.

Coloco o sinto e o carro arranca. Volto a distrair-me com o que se encontra do lado de fora da janela que não é nada de interessante, mas mesmo assim é como se fosse. Pouco depois sinto o meu braço escorregar e apenas não caí no chão do parque de estacionamento graças ao cinto de segurança.

— Eu não ia esperar mais tempo, já aqui estou à 2 minutos à tua espera.
— E decides abrir a minha porta assim? Se eu não tivesse o cinto tinha caído de cara no chão.
— Não tinhas não que eu não deixava. Vá agora sai daí que eu estou com fome e quero ir almoçar.

Bufei e saí do carro sem reclamar. Fecho a porta e caminho para as escadas rolantes que vão dar ao piso superior. Coloquei-me na fila para as massas, onde iríamos almoçar os dois. Pegamos nos tabuleiros e sentamo-nos numa mesa a comer.

— Estás a gostar?
— Sim, porquê?
— Porque fui eu que escolhi, podias não gostar.
— Mas gosto, por acaso gosto. - respondo sem conseguir não sorrir.
— Até parece que tenho mau gosto.
— Não, tens bom gosto. Vê-se logo por gostares tanto de mim.
— Quem te diz a ti que gosto assim tanto de ti? Convencida.
— Não sou convencida, sou apenas realista. Sei bem que gostas de mim.
— E como é que sabes?
— Pela forma como me tratas, nunca ninguém me tratou assim.
— E é mau?
— Sim. É bastante mau.
— Porque é que é mau?
— Porque eu gosto.
— E é mau gostares?
— Sim.
— Porquê?
— Porque não devia e nem posso.
— Porquê? Somos seres humanos. Normais ou não, com dificuldades ou não, continuamos a ser seres vivos e todos os seres vivos precisam de procriar e de receber também carinho e afeto. Neste caso, somos seres humanos, somos racionais e sabemos que precisamos de alguém que tome conta de nós quando nós próprios não temos forças para isso.
— E porquê eu? Porque é que queres que seja eu a pessoa que irá tomar conta de ti?
— Eu não disse isso. Nunca me ouviste dizer isso. - ele ri feito estúpido.
— Otário. - resmungo.
— Não disse, mas gostava que fosses.
— Porquê?
— Foste a única pessoa que remexeu comigo, que me fez sair da minha zona de conforto, a única pessoa que alguma vez me interessou e nunca conheci alguém tão parecido comigo como tu. É como se fosses a minha alma gémea.
— Tu achas que eu sou a tua alma gémea?
— Só podes ser tu. Não achas o mesmo?
— Talvez, não sei. Nunca dei importância a isso e nem queria dar...
— O que é que mudou?
— Talvez agora queira dar. Sinto que és diferente e que me compreendes, ao contrário de todas as outras pessoas. Enquanto as minhas melhores amigas se foram praticamente logo embora quando mais precisei delas, tu nem saíste do hospital caso eu precisasse de algo e vieste logo ter comigo assim que te pedi. Tens-me acalmado tanto que nem sei o que te diga. Não é normal eu estar tão calma, em circunstância alguma.
— Eu senti que não devia de ir, que irias precisar de mim nem que fosse apenas para discutires comigo.
— Obrigada por tudo.
— Não agradeças, se me permitires, irei estar sempre aqui.

Sorrio. Queria poder abraçá-lo, mas tenho uma mesa a separar-nos e dois tabuleiros com pratos com já pouca comida e copos que podem cair. Por isso, fico quieta tentando acabar de comer rápido. Acabo de comer pouco depois de ele acabar. Visto o casaco e agarro na carteira para me levantar e sair daquele lugar. Ele levanta-se logo de seguida, seguindo caminho a meu lado. Sinto o seu enorme braço circundar o meu pescoço puxando-me para si, para este poder deixar um beijo carinhoso na minha testa. Decido que seria uma boa altura para depositar um beijo nos seus lábios.

Terça feira, 23 de Dezembro de 2014

— Vamos ver um filme?
— Eu farto-me de ver filmes contigo.
— Ai fartas? - faço beicinho.
— Não faças isso. Sabes bem que assim não te resisto.
— Por isso mesmo é que o estou a fazer.
— Então que filme queres ver?
— Pode ser o "If I Stay".
— Parece-me bem.
— Sim, mas primeiro tenho que ir abrir a porta.
— Tocaram à campainha?
— Sim senhor. Não ouviste?
Noup.
— Ouvi eu. - desço as escadas, abro a porta e aparecem elas - Oi! O que é que vocês fazem aqui?
— É dia 23 por isso temos que ir à festa!
— Mas eu não quero ir. Eu quero ficar cá em casa.
— Sozinha? Nem penses. Tu vens connosco.
— Eu já vos disse que não vou sair e pronto. Não insistam.
— Então... podes-me emprestar o vestido que te dei pelos anos? - pede a Chris.
— Espera, estás a pedir-me algo que me ofereceste?
— Sim, nunca o usaste. E eu hoje quero ver se engato alguém, porque não tenho o Luke e o Harry continua sem querer nada comigo. Diz que acha que seremos grandes amigos. - sorrio por dentro e chamá-los cabra mentalmente vezes e vezes sem conta. — E tu Kathe, como estás?
— Estou bem. Aliás, hoje eu e o Ashton fazemos 9 meses de namoro por isso vamos jantar fora.
— A sério? Parabéns! Com esse tempo todo até já podias ter tido um filho! - rio.
— Ai credo que horror rapariga, eu ainda sou muito nova.
— Acho bem que aches isso porque eu quero ser tia já com alguma idade. - responde a Chris.
— Então eu vou lá a cima ver do vestido, já venho.
— Não, deixa estar nós vamos contigo. Aproveito e vejo se tens lá alguma coisa que eu possa aproveitar para o meu jantar.
— Mas...
— Mas nada, nós não temos pressa. Ainda!

Sem poder voltar a dizer que não, elas começaram a correr em direção ao meu quarto. Fecho a porta da entrada e corro também para o meu quarto, mas quando chego a minha preocupação desapareceu por ver que o Harry não se encontrava na mesma divisão que elas.

— Eu adoro estes sapatos, porque é que nunca os usaste?
— Só os tenho aí porque a minha mãe mos deu, porque se não já tinham ido com o caraças.
— É verdade, como é que está a tua mãe?
— Está igual. Não acorda. Nem sei o que fazer mais, ainda por cima ainda não encontramos dador.
— Nós tentamos fazer com que fosse toda a gente da escola, mas mesmo assim não deu em nada.
— Obrigada meninas. Sempre poderão a vir a ser uma ajuda para outra pessoa na mesma situação que ela.
— Mas vais ver que ela vai safar-se bem.
— Espero bem que sim, porque eu já estou farta da cozinha.

Rimos e pouco depois foram embora. Ainda levaram mais alguns vestidos que tinha, pois não se souberam decidir. Comecei à procura do Harry mas nem um sinal dele, apenas tive sinal de um cheiro maravilhoso que vinha da cozinha.

— Tu estás a cozinhar ou sou eu que preciso de óculos?
— Sou mesmo eu que estou a cozinhar.
— Mas não íamos ver o filme?
— Íamos, mas as tuas amigas ficaram aí tanto tempo que já são horas de jantar e o teu pai já deve de estar também a chegar.
— Oh desculpa. Onde é que te enfiaste quando elas chegaram?
— Eu pensei em esconder-me na casa de banho, mas pensei que elas poderiam lá ir por isso escondi-me no quarto dos teus pais. Quando vi que estavam distraídas é que vim para baixo, isto depois de ver as horas. Comecei a preparar tudo, até fechei a porta para que o cheiro não entrasse para dentro de casa. Quando vos ouvi a despedirem-se é que abri a porta para ver se te dava o cheiro.
— E deu, - rio - aliás podias cozinhar mais vezes.
— Ainda te consegui ouvir dizer lá em cima que estás farta de cozinhar, só depois é que vim para baixo.
— Então foi esse motivo pelo qual te puseste a fazer o jantar?
— Também.
— Fizeste tu muito bem. Mas depois de jantarmos vamos ver um filme. Não te livras disso!
— Porque é que não queres sair? Eu vou contigo. Estarei lá para tudo, não irei deixar que te façam mal.
— Já devias de saber que não tenho medo nenhum e de ninguém.
— Então porque é que não sais?
— Porque se está melhor dentro de casa.
— Faz isso por mim, vá lá. Já não saio à muito tempo, tenho estado sempre contigo.
— Logo se vê.
— Estás a pensar em sair hoje, filha?

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora