•| Capítulo 30 - Porquê?

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— O que precisas que te diga para acreditares em mim?
— Eu acredito em ti.
— Não parece. Ficaste calada, não me soubeste responder.
— É muita coisa ao mesmo tempo.
— Não é nada de mais. Apenas ficaste a saber que somos iguais.
— Achas que vamos conseguir ter uma relação saudável assim? Sendo igual a ti?

Vejo os seus olhos ficarem ainda mais brilhantes do que estavam, mas nada de lágrimas. Um sorriso lindo, talvez o sorriso mais bonito que alguma vez vi, forma-se nos seus lábios tão atraentes e chamativos.

— Estás a considerar entrar numa relação comigo?
— Tu não? Pensava que era isso que querias, mas se não queres então eu também não quero.
— Eu quero. Quero fazer tudo contigo e poder ter tudo contigo.
— Tipo o que? - digo sorrindo.
— Tipo morar-mos juntos, viajar-mos por todo o mundo, quem sabe talvez casar...
— Casar? Eu nunca pensei em namorar quanto mais casar.
— E ser mãe? Nunca pensaste nisso?
— Já. Mas não quero.
— Porque?
— Já pensaste no risco? A ti não te iria afetar, mas a mim iria afetar bastante. Já pensaste no que pode acontecer durante ou após o parto?
— A mim não me iria afetar? Eu é que teria que aturar o teu mau humor. Se em dias normais é difícil de te aturar nem quero saber como serás grávida.
— Eu não sou difícil de aturar. Tu sim. Mas continuando, podemos acabar por morrer os dois, posso passar o meu demónio para o bebé e isso ainda seria pior.
— E se acontecer?
— Não sei.
— Vais querer abortar?
— Não sei, melga. Nem namoramos e estás preocupado com isso.
— Porque quero mesmo ser pai. E em relação ao facto de não namorar-mos, isso resolve-se.

Observo os seu passos detalhadamente, desde o seu esbelto sorriso, ao corpo perfeito... Quando dou por mim, tenho o Harry ajoelhado mesmo à minha frente, segurando a minha mão esquerda com a sua direita podendo assim pedir-me em namoro. Mas penso que se esqueceram de algo tal como ele, e quando dou conta começo a rir-me.

— Que foi? - ele pergunta e sinto um pouco de nervosismo na sua voz.
— Haz, estás de boxers.
— Mas tenho a t-shirt como me pedis-te para vestir. Não me digas que vais recusar por isso?
— Óbvio que não. Eu quero mesmo namorar contigo.

Respondo sem conseguir parar de sorrir, por muito que tentasse não conseguia parar, nunca o tal me acontecera.
Em segundos tenho os lábios do rapaz dos cachos castanhos chocolate presos aos meus. Sinto uma onda de calor e energia invadir o meu corpo repentinamente.

— Eu amote princesa.
— E eu amote a ti Haz.
— Não quero que me voltes a chamar de Haz ou Harry, ouviste?
— Que mal tem? É o teu nome. Eu não quero que me chames de princesa.
— Porquê?
— Porque é horrível e foleiro.
— Preferes babe?
— Apesar de não gostar, prefiro.
— Então passo a chamar-te de amor. Melhor?
— Melhor.

Sorrio ao ouvir aquela palavra, provoca-me arrepios e cócegas na barriga. Estarei com fome? Aproximo-me do meu rapaz e volto a beijar os seus lábios, sendo este um beijo mais intenso. Finalmente posso dizer que ele é realmente meu.

— Vamos jantar os dois?
— Antes disso preciso de saber o que se passou em casa da Katherine. Porque é que fizeste aquilo?
— Está bem. Eu conto-te, mas pode ser durante o jantar?
— Sim, claro.
— Preciso de um pouco de tempo. Sei que és tu, mas mesmo assim preciso de tempo.
— Leva o tempo que precisares. Já deu para entender que é algo grave. Por falar nisso, tenho que ligar ao Luke.
— Porque é que vais ligar a esse gajo?
— Esse gajo tem nome. Podes não ter dado conta, mas aleijaste-o.
— Como assim?
— O Luke tentou separar-te do homem e tu deste-lhe uma cotovelada na vista.
— A sério? Não foi propositado.
— Sim, eu sei. Mas quero saber como é que ele está.
— Liga-lhe então. Enquanto isso eu vou tomar um duche.
— Está bem.

Tiro o telemóvel do bolso das calças, desbloqueio o mesmo e abro a aplicação da agenda e seleciono o número do Luke para lhe ligar. Ligo a primeira vez mas não atende por isso volto a ligar.

— Estou?
— Quem fala?
— Desculpa, é a Chris.
— Chris?
— Sim.
— O Luke?
— Está aqui a dormir. Depois da pancada que levou tem que descansar.
— Diz-me que o que estou a pensar é verdade!
— O que é que estás a pensar?
— Vocês fizeram as pazes?
— Sim. - ouço-a soltar uma pequena e baixa gargalhada.
— Finalmente! Estava a ver que não.
— Mesmo. Estava a ser parva, mas já estamos bem e já resolvemos tudo. Bom, e tu e o Harry, falaram?
— Sim. Posso dizer que pela primeira vez na vida arranjei um namorado. - sorrio ao responder.
— O quê? Jura!
— Juro.
— Oh meu deus, estava a ver que não! Acredita que ele te ama mesmo. Tenho a certeza que sim.
— Eu também tenho. Ele é diferente de todos os outros e é por isso que gosto dele.
— Acredito que sim. Fico feliz por estarem juntos.
— Também eu. Por mim e por vocês.
— E nós duas?
— Como assim?
— Eu não quero que fiques chateada comigo por uma estupidez qualquer. Somos amigas à anos e não quero que a nossa amizade termine assim.
— Nós estamos bem.
— Mesmo?
— Sim.
— É bom ouvir isso, acredita. E o Harry como está? Mais calmo?
— Sim, bem mais calmo. Está a tomar banho para podermos ir jantar porque com tudo o que se passou, nem jantamos.
— Está bem. Vê se o convences a falar com o Luke, ele não está chateado nem nada do género mas fica sempre bem um pedido de desculpas.
— Sim, já falamos sobre isso. O Harry não sabia que o tinha aleijado. E ele não fez nada de grave pois não?
— Não, ele tinha só uma pequena ferida mas passa.
— E o teu pai?
— O meu pai está no hospital.
— Fazes alguma ideia do porque de o Harry ter feito aquilo?
— Não, eu ia perguntar-te o mesmo. Tenta descobrir, eu quero saber.
— Está bem. Depois digo.
— Fico à espera. Bom jantar. Beijinhos.

Despeço-me dela e desligo a chamada. Coloco o telemóvel de novo no bolso das calças. Deixei a carteira em casa delas, tenho que a ir buscar. Mas não agora.

— Então ele está bem?
— Sim, tem apenas um corte no olho. O pai delas foi para o hospital.
— Por favor, deixa de o tratar como pai delas. E ainda bem. Sinceramente, que lá fique durante os próximos anos.
— Harry! Eu preciso de saber o que se passa. Porque é que o tratas-te daquela forma? Porque é que não o posso chamar de pai delas se ele é pai delas?
— Porque ele também é meu pai.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora