•| Capítulo 14 - A antiga Chloe está de volta.

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Saio de casa do Niall. Esta tarde foi horrível e passou bastante devagar. Hoje a Íris portou-se mesmo mal. Deve de ter acordado de mau humor e sinceramente, deixou-me com o mesmo estado de espírito. Agora gostava de poder ir para casa tomar um banho de imersão, mas não posso, tenho que ir ter com o Harry.
Coloco os fones e sigo o meu caminho até ao parque. Chego e ele ainda cá não está. Que estranho. Sento-me num banco perto do local onde o costumo encontrar, à sua espera. Ainda ouço algumas músicas. Hoje está frio. Sim, eu estou a sentir-me com frio. Não é normal. Pouco tempo depois sinto alguém agarrar-me o que me sabe bastante bem por estar com frio e a pessoa estar quente. Apenas não me solto por saber quem é, parece que já conheço o seu perfume.

— Olá pequena... - ele aproxima-se de mim para beijar os meus lábios mas desvio a cara e ele acaba por depositar o beijo no meu rosto. 
— Olá.
— Estás bem? - ele pergunta depois de se sentar a meu lado.
— A garota deixou-me de mau humor.
— Pois isso é mau, mas eu não tenho culpa.
— Como assim?
— Estás a afastar-te de mim por causa do mau humor. Eu não tenho culpa.
— Não estou não. Estou a agir normalmente. Eu não me devia de ter aproximado de ti. Eu disse-te que éramos só amigos mas tu levaste isto longe de mais.
— Eu? Tu é que me beijaste. Tu é que me fizeste querer algo mais contigo.
— Foi? Oh, peço desculpa. Agora deixa-me em paz. Se quiseres alguém com quem trocar beijos fá-lo com a Christianna que está bastante interessada em ti.
— Mas o que é que se passa contigo? Ainda ontem passámos uma noite fantástica até me deixaste dormir contigo.
— Erro meu.
— Porque é que estás a agir assim? Eu não quero saber da Christianna. Ela é que quer saber de mim.
— Então aproveita porque eu não quero saber de ti.
— Pára de ser assim! Eu sei que gostas de mim. Eu sei que estás de mau humor mas podias ser um pouco mais simpática comigo.
— Não hoje. Adeus.
— Nem ficámos juntos durante 5 minutos.
— Pois não, mas ontem ficámos juntos tempo demais. Agora, adeus.

Não estou com paciência para isto. Não estou com paciência para aturar seja quem for. Não estou estou com paciência para nada. Esgotaram a minha paciência hoje. Estou bastante cansada. Eu tenho estado a mudar mas para quê? Porquê? Eu não devo de mudar. Eu tenho que continuar a ser quem sempre fui. Aquela rapariga que não sai de casa, que passa o tempo a estudar, que não se preocupa, não se interessa, nem quer saber de nada. Essa é a rapariga que eu quero continuar a ser e que sempre fui. Chega de ser aquilo que tenho sido nos últimos dias. Eu não preciso do Harry para nada. Ele que fique com a Christianna. Não quero saber do Luke para nada. Ele é que fez a merda agora que se resolva. Eu não tenho nada a ver com o assunto. Como é óbvio só me lembrei dele porque me estava a ligar mas desliguei. Não quero falar com ninguém. Nem mesmo com o Zac Efron, nem mesmo que ele me aparecesse à frente em tronco nú. Vá eu nisso também não acredito, nem que eu o iria ignorar nem que ele poderia aparecer à minha frente. Mas pronto. Credo, estou mesmo irritada.
Chego a casa e fecho a porta com força. Não estava preocupada com o barulho, com ouvir os meus pais ou algo do género. Neste momento, a única coisa que me interessa é a minha banheira. De resto, que se fodam.

— Querida, o jantar está no frigorífico. Eu tenho que voltar para o trabalho, tenho uma reunião de professores daqui a pouco, por isso quando o teu pai chegar aquece o jantar e comam os dois.
— Ok.
— Estás bem?
— Sim.
— E como é que estão as coisas com o tal rapaz do psicólogo?
— Que coisas? Quais coisas? Não há nada entre mim e ele. Não quero saber dele. Não quero saber de mais ninguém para além de quem sempre foi importante para mim. Ele não me interessa nem nunca interessou.
— Já vi que a antiga Chloe está de volta.
— Antiga? Mãe, nunca houve uma nova. Por isso se poderes deixa-me sozinha a relaxar.
— É melhor é. Até logo.

Finalmente bazou. De vez em quando é que decidem mostrar-se preocupados comigo. Pois, então não. Devem mesmo de pensar que eu acredito nisso. 
Bem, não podia estar melhor. Este banho está a saber-me mesmo bem.
Algum tempo depois saio do banho enrolando-me a uma toalha. Deito-me em cima da cama a pensar no dia de hoje. Talvez tenha sido um pouco rude com o Harry... Mas não interessa.
Ouço barulho vindo do andar de baixo. Deve de ser o meu pai, por isso despacho-me a vestir o pijama para ir aquecer o jantar, tal como a minha mãe me tinha dito.
Desço e não vejo ninguém.

— Pai?

Talvez tenha ido tomar banho ou assim. Só espero é que não tenha ido dormir e eu terei que jantar sozinha, tal como irei aquecer o jantar para ele e ele não comer.
Seja como for, coloco o jantar no microondas e enquanto espero que aqueça e fique pronto, coloco a loiça em cima da mesa. Algum tempo depois o jantar fica pronto.  O meu pai acaba por descer quando pouso o jantar na mesa. 

— Boa noite filha.
— Olá pai.
— Então como é que correu o teu dia? - pergunta depois de começar a comer.
— Bem. - minto - E o teu?
— Tanto trabalho. Estou com uma dor de cabeça enorme. Hoje tivemos um pai que decidiu reclamar connosco porque se esqueceu do telemóvel na casa de banho e quando lá voltou já lá não estava. Achas normal?
— E o que fizeste? - rio com o assunto.
— Olha, tive que chamar a polícia. Ainda viram os vídeos das câmaras de vigilância mas houve muitos alunos a usar a casa de banho durante o espaço de tempo do suposto roubo.
— Mas a pessoa que ficou com o telemóvel não roubou. Simplesmente encontrou algo que achou ser bom levar para casa. - rio de novo.
— Nem sei que te diga. Aparece lá com cada um.
— Acredito. Mas vendo bem. Até que mete alguma piada e divertes-te um pouco.
— Sim, é verdade mas acho que preferia quando era apenas professor.
— Pois. Mas apenas aceitaste o cargo porque quiseste.
— Vocês obrigaram-me. Literalmente.
— Não obrigamos não...
— Mas mudando de assunto. A tua mãe? Ainda não veio a casa.
— Veio mas teve que voltar para o trabalho.
— Ah está bem.

Acabamos de jantar e arrumo a loiça enquanto o meu pai fica a ver as notícias na televisão. Sento-me ao seu lado e ficamos a ver um pouco de televisão os dois.
Após algum tempo, acordo com o barulho do telefone. Parece que adormeci ao colo do meu pai. Ele levantou-se e foi atender o telefone. Não me preocupei. O mais provável é ser da escola. É sempre.
Olho para o meu pai e consigo notar que as expressões do seu rosto mudaram. Que se passa? Ele desliga o telefone, senta-se a meu lado e fica a olhar para mim sem me responder.

— Podes responder-me? Pai? O que é que se passa? Porque é que estás assim? É da escola? Foi algum professor? Um aluno? Os pais de um aluno? Algum funcionário?
— Foi um professor, mas não era da escola. - ele decide responder após algum tempo.
— Como assim? Mas quem é que era? De onde é que era? O que é que se passa? Nunca te vi assim. - começo a ficar bastante preocupada.
— Foi a tua mãe...
— Foi ela que ligou? O que é que se passou com a mãe? Sentiu-me mal? O melhor é irmos ver dela.
— Não. Era do hospital. A tua mãe teve um acidente de carro a ir para a escola. Ela não está muito bem, temos que ir ver dela ao hospital.
— O quê?? Como assim teve um acidente? Como é que ela teve um acidente?
— Não sei, mas vai vestir-te vamos ao hospital. 

Não fiz mais perguntas. Corri até ao meu quarto e vesti as primeiras peças de roupa que vi. Calcei umas botas, vesti o casaco, coloquei o telemóvel e as chaves dentro da carteira, coloquei um gorro a tapar a minha cabeça e corri até à sala.

— Vamos?
— Sim. Vamos. Trás um chapéu, estava a chover quando vim.
— Está bem.

Fui ver de um chapéu enquanto o meu pai vestia o casaco. Quando vi que ele estava pronto abri a porta de casa. Estava alguém do lado de fora e quando me apercebi de quem era deixei-me cair nos seus braços podendo receber um grande abraço e podendo chorar mais do que já tinha chorado.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora