•| Capítulo 26 - Tu já não és quem eras.

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Quinta Feira, 7 de Abril de 2016

Faço uma pausa no estudo e vou até à cozinha fazer o almoço. Decido fazer arroz com salada para ser mais rápido. Lavo a loiça que sujei e arrumo a cozinha. Vejo o saco do lixo quase cheio, mas não me incomodo em levá-lo já para a rua. Dou conta de uma sombra na cozinha, mas não vejo nada ao olhar pela janela. Acho que ando a imaginar coisas.
Volto para o piso superior da casa, vou até à casa de banho escovar os dentes e logo depois, vou para o quarto para continuar os meus estudos.
Fecho os livros e os cadernos. Olho para o relógio que se encontra na parede por cima da porta do quarto e vejo que já passaram 4 horas desde que voltei a estudar. Acho que ando a abusar, é muito tempo seguido concentrada e a ler as mesmas coisas, praticamente.
Levanto-me da cadeira e vou até à casa de banho. Faço as minhas necessidades e lavo a cara.
Desço o vão de escadas e vou até à cozinha, onde preparo umas torradas para comer com um iogurte de morango. Vou até ao armário da comida e tiro um pacote de bolachas que por acaso já estava no fim.
Arrumo a cozinha e pego no saco do lixo depois de lhe dar um nó com as abas. Abro a porta da entrada e saio pelo portão de casa para colocar o saco no contentor que estava no outro lado da rua. Volto para casa e fecho a porta. Como estava a chover molhei o casaco por isso tive que o tirar e fui deixá-lo na máquina de lavar a roupa, na cozinha. Sentei-me no sofá e liguei à Kathie.

— Oi garota, onde andas?
— Estou por casa. Acabei agora mesmo de fazer pipocas, ia ver um filme. Não me queres vir fazer companhia?
— Que filme?
— Vou ver o "Dirty Grandpa".
— Então eu vou. - rio - Tenho é que me ir vestir. Estás com sorte que já tomei banho por isso não precisas de esperar tanto.
— Então veste-te rápido. Vou fazer batidos enquanto espero. Até já.

Não me deu tempo para responder, desligou logo.
Não tenho uma enorme vontade de sair de casa para ir ver um filme a casa dela. Ok. Não quero mesmo é encontrar a Christianna ou o Harry, mas estar sozinha em casa também não, ainda por cima com as sombras e com as pessoas que vejo a vigiarem-me. Só não lhe digo para vir ela pois não tenho pipocas e ela não vai trazer as pipocas com ela.
Subo as escadas lentamente pois odeio ter que subi-las. Porque é que os meus pais não compraram uma casa com apenas um piso? Isto é cansativo. Pode fazer bem às pernas e ao rabo, mas cansa.
Entro no quarto e abro o meu roupeiro tirando umas calças de ganga e uma t-shirt azul. Ao me virar tapam-me a boca e encostam-me fortemente ao armário. Não tenho forças para empurrar... Como? Isto nunca aconteceu.

— Oi princesa.
— O que é que estás aqui a fazer? - pergunto quando ele retira a sua mão na minha boca.
— Vim ver-te de perto, ver-te apenas do lado de fora não mete piada.
— Eu sabia que não era invenção da minha cabeça.
— Tenho sido eu sim. Tão e as coisas com o Luke estão a correr bem? Pelo que tenho visto demasiado bem até.
— O que é que tens a ver com isso?
— Tudo.
— Aí é que te enganas. Não tens nada a ver com a minha vida tal como eu não tenho nada a ver com a tua.
— Isso não é verdade.
— É sim. Como é que entraste aqui dentro?
— Deixaste a porta aberta quando foste levar o lixo.
— Tenho que passar a fechar a porta então.
— Não é por isso que vou deixar de entrar ou de te observar.
— Porquê? Porque é que estás a fazer isto? Porque é que me tens espiado?
— Porque és o meu vicio e não consigo estar sem te ver e sem te tocar.
— Deixa-me! Tu metes-me nojo!
— Tu não me falas assim Chloe... - sinto a sua mão a apertar mais o meu braço.
— Larga-me. Estás-me a aleijar.

Tenho os meus olhos cheios de água salgada, mas não vou seder. Eu sei que sou forte e por isso mesmo não vou dar parte fraca, para ninguém pois ninguém merece.
A sua mão larga o meu braço e agarra a minha cintura puxando-me contra o seu corpo.

— Sai daqui. Não te quero aqui.
— Porquê? Eu sei que ainda me amas.
— Nunca te amei, nem é agora que vou amar.
— Eu sei que me amas. Só não queres dar parte fraca. Mas eu quero que sejas fraca que me digas que me amas para podermos ficar juntos. Desta vez vai correr bem, eu sei que sim. Podemos finalmente ser felizes como nunca fomos.
— Não, isso não vai acontecer. Eu estou com o Luke e ele sim faz-me feliz como nunca fizeste.
— Como é que és capaz de me mentir na cara? Tu sabes que ando a espiar e que sei de tudo.
— Nós sabíamos que me andavas a espiar. Agora desaparece!
— Acabas com o Luke e voltas para mim.
— Voltar para ti? Nunca estivemos juntos!
— Mas pertencíamos um ao outro.
— Isso é mentira. Nunca fui tua, como tu nunca foste meu. Nunca nos pertencemos. Como disse, estou com o Luke.
— Achas que me convences assim?
— Apenas digo a verdade. Agora sai daqui e deixa-me em paz. Não me voltes a espiar pois se te apanho a fazê-lo faço queixa à polícia.
— Achas mesmo que me assustas assim? Tu já não és quem eras. Nunca me assustaste, nunca tive medo de ti e não é agora que vou passar a ter.
— Sai daqui! Deixa-me em paz!
— Beija-me então.
— Achas mesmo que o vou fazer? Tu deves de te achar o rei, mas só se fores o rei da merda. Baza daqui! Já!
— Não me insultes Chloe. Só me vou embora porque os teus pais estão a chegar porque se não fosse isso, eu ficava até me beijares. Eu irei voltar.
— Não me ameaces.
— Não é uma ameaça babe, é uma promessa.

Não respondo, prefiro deixá-lo na ignorância. Ele finalmente sai do meu quarto e pouco depois ouço a porta da entrada a fechar. Espreito pela janela e vejo-o sair. Deixo as minhas lágrimas escorrerem pelo meu rosto por me estarem a incomodar.
Lavo a cara e visto-me rapidamente. Calço as minhas nike pretas e visto o casaco de cabedal. Pego no telemóvel e nas chaves, pronta para sair de casa.
Como já não chovia, caminhei calmamente até casa da Katherine. A metade do caminho dei conta que me tinha esquecido dos fones, mas não me incomodei, a casa dela ficava a 20 metros à frente.
Chego à porta de casa dela e toco à campainha. Quem me abre a porta é a mãe delas e rapidamente a cumprimento, podendo depois entrar em casa.

— A Katherine está na cozinha. Eu vou para o quarto, qualquer coisa chamem-me.
— Está bem, obrigada.

Vou até à cozinha e vejo a minha menina virada para o balcão cheio de tralha.
Chego-me perto dela com o objetivo de a assustar, mas o meu sistema baralha-me e quando ela se vira para mim, eu estou bastante vulnerável e a única coisa que ela fez foi abraçar-me. Os abraços dela são confortáveis, mas mesmo assim ainda demoro a voltar a estar bem.

— Estás melhor?
— Sim. Obrigada.
— O que é que se passa? A tua mãe está bem? O que é que a Chris fez? Merda?
— Não babe, foi o Harry...

Os meus olhos voltam a encher-se de lágrimas e caio de novo nos braços dela.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora