•| Capítulo 37 - Negócios Sujos.

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Segunda Feira, 9 de Maio de 2016

Faz hoje precisamente 1 mês desde o dia catastrófico da minha família emprestada. Desde o pior aniversário que a Katherine podia ter tido. Descobrir que tem um irmão que quase namorou com a irmã - sendo ambos irmãos pois podiam não ser - e o seu pai ficar internado no hospital. Sofreu um ataque de pânico e acabou por ter um AVC. Posso ter deixado de gostar daquele pai emprestado depois de saber o que ele fez com o próprio filho e ele pode bem merecer o que lhe tem estado a acontecer, mas tenho pena dele. É verdade, eu mudei. Se fosse à dois anos atrás e me desse bem com o Harry como agora, talvez o tivesse também espancado se não pior, mas não, eu sei que mudei.
Desde então, o pai do meu namorado esteve em coma e acordou à dois dias mas descobriu-se que a fala do mesmo foi afetada por causa do AVC, tal como todo o seu lado direito. A Christianna tentou à força toda que o pai se explicasse, mas foi expulsa do quarto e do hospital. A Katherine nem se deu ao trabalho de lá voltar a aparecer por não querer ver o pai em tal estado. O Harry nem vale a pena falar. Apesar de que sinto que ele anda mais em baixo ultimamente, talvez desde à duas ou três semanas, mas não me explica o motivo. A Kate disse que talvez fosse de o pai estar como está. Eles podem não se dar nada bem, mas são pai e filho, há uma ligação entre eles por muito fraca que seja.
O Harry tem dormido cá em casa, fazemos companhia um ao outro, mas não sempre porque eu tenho aulas. Normalmente quando acabo as minhas aulas ele vem-me buscar, ou vou eu ter com ele ao parque e se ele não estiver lá vou até a casa dele. Há dias encontrei o Harry em casa no sofá com os olhos vermelhos e inchados, parecia mesmo que tinha estado a chorar até porque as suas bochechas estavam também vermelhas, mas ele disse que era cansaço por andar farto de tentar encontrar emprego tanto de noite como de dia e não encontrar nada.
Hoje almoçamos juntos e ele disse-me que tinha assuntos para tratar durante a tarde, para não o procurar que ele quando pudesse ia ter lá a casa. A Kate e a Chris tiveram aulas e o Ashton esteve a trabalhar por isso fui com o Luke ao cinema. Já não estávamos só os dois à muito tempo, e apesar de não entenderem, nós afastamo-nos um pouco por causa do Harry e da Chris. Enquanto que eles são irmão e nunca irão passar disso, o mesmo não acontece comigo e com o Luke, apesar de sabermos que nunca passará de uma amizade que neste momento já não é o que era.
No fim do filme, fomos buscar batidos e sentámo-nos numa mesa a conversar.

— Como é que anda o Harry? Temos falado apenas sobre a Chris. Vocês ainda estão juntos, certo?
— Sim. Apenas estou preocupada com ela porque ela não aceita falar com ninguém e não faz mais do que ir às aulas e fechar-se em casa. O Harry anda em baixo, mas ainda não consegui entender o motivo.
— Como assim anda em baixo?
— Não é o Harry alegre com quem comecei a namorar. É um Harry que desconhecia. Não é frio como era de inicio até porque isso é normal tanto nele como em mim, apenas não é o meu Harry. Parece vulnerável. A Kate diz que pode ter a ver com o pai, mas eles não se dão.
— Sim, é verdade. Já tinha reparado que deixou de me olhar de lado para andar sempre distraído e agarrado ao telemóvel. Já tentaste falar com ele e tentar saber o que passa?
— Todos os dias, mas não dá em nada. Ele não me diz o que se passa. Diz que não se passa nada e que anda cansado de procurar emprego.
— Cansado de procurar emprego? Tens a certeza que o anda a fazer? É que eu disse-lhe que podia vir trabalhar comigo, mas ele não aceita.
— A sério?
— A sério. Diz que ao trabalhar lá que se vai enjoar das hambúrgueres e que assim pode não conseguir voltar a comer Big Mac's.
— Ai que cromo.
— É, mas se tivesse assim tão desesperado, ele já lá estava a trabalhar.
— Pois não sei. Nem sei o que fazer.
— Tenta ir ter com ele mais cedo do que o normal, pode ser que o encontres a meio de algo.
— O que é que queres dizer com isso?!
— Não é isso que estás a pensar, calma. O Harry nunca te iria trair, pelo menos é o que eu acho. Mas pode estar metido em algo.
— Tipo o quê?
— Tipo sei lá, talvez negócios sujos.
— Como?
— Tráfico. Qualquer tipo de tráfico. Ele não tem medo de nada nem ninguém, por isso não vejo porque não. E é dinheiro fácil apesar de tornar a vida dele num inferno.
— Já me deixaste de coração nas mãos.
— Calma. São apenas hipóteses, não quer dizer que é mesmo isso. Pode andar mesmo cansado de procurar trabalho num outro lugar fora daqui visto que aqui nada lhe agrada.
— Não sei, mas isso não me agrada nada.
— Nem a mim, se queres que te diga. Porque quando alguém se envolve nisso envolve também todas as pessoas ao seu redor.
— Acho que vou ver dele agora.
— Não! Vais ficar aí quietinha a apreciar o teu batido. Ele disse que não queria que o incomodasses por isso é melhor fazeres isso num dia em que ele não te peça nada disso. Imagina que amanhã não te diz nada disso, sais à hora de almoço para almoçares com ele e passares a tarde com ele, uma tarde em que é suposto teres aulas, mas não te apeteceu nada ir, e vais ver dele.
— Excelente ideia. Assim não o incomodo como hoje ele me pediu para não o fazer e vou tentar fazer-lhe uma surpresa. Espero é não ser eu a surpreendida, sinceramente.
— Não sei. Tens que esperar até amanhã para descobrires.
— Quando tem que ser, tem que ser.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora