Segunda Feira, 9 de Maio de 2016
Faz hoje precisamente 1 mês desde o dia catastrófico da minha família emprestada. Desde o pior aniversário que a Katherine podia ter tido. Descobrir que tem um irmão que quase namorou com a irmã - sendo ambos irmãos pois podiam não ser - e o seu pai ficar internado no hospital. Sofreu um ataque de pânico e acabou por ter um AVC. Posso ter deixado de gostar daquele pai emprestado depois de saber o que ele fez com o próprio filho e ele pode bem merecer o que lhe tem estado a acontecer, mas tenho pena dele. É verdade, eu mudei. Se fosse à dois anos atrás e me desse bem com o Harry como agora, talvez o tivesse também espancado se não pior, mas não, eu sei que mudei.
Desde então, o pai do meu namorado esteve em coma e acordou à dois dias mas descobriu-se que a fala do mesmo foi afetada por causa do AVC, tal como todo o seu lado direito. A Christianna tentou à força toda que o pai se explicasse, mas foi expulsa do quarto e do hospital. A Katherine nem se deu ao trabalho de lá voltar a aparecer por não querer ver o pai em tal estado. O Harry nem vale a pena falar. Apesar de que sinto que ele anda mais em baixo ultimamente, talvez desde à duas ou três semanas, mas não me explica o motivo. A Kate disse que talvez fosse de o pai estar como está. Eles podem não se dar nada bem, mas são pai e filho, há uma ligação entre eles por muito fraca que seja.
O Harry tem dormido cá em casa, fazemos companhia um ao outro, mas não sempre porque eu tenho aulas. Normalmente quando acabo as minhas aulas ele vem-me buscar, ou vou eu ter com ele ao parque e se ele não estiver lá vou até a casa dele. Há dias encontrei o Harry em casa no sofá com os olhos vermelhos e inchados, parecia mesmo que tinha estado a chorar até porque as suas bochechas estavam também vermelhas, mas ele disse que era cansaço por andar farto de tentar encontrar emprego tanto de noite como de dia e não encontrar nada.
Hoje almoçamos juntos e ele disse-me que tinha assuntos para tratar durante a tarde, para não o procurar que ele quando pudesse ia ter lá a casa. A Kate e a Chris tiveram aulas e o Ashton esteve a trabalhar por isso fui com o Luke ao cinema. Já não estávamos só os dois à muito tempo, e apesar de não entenderem, nós afastamo-nos um pouco por causa do Harry e da Chris. Enquanto que eles são irmão e nunca irão passar disso, o mesmo não acontece comigo e com o Luke, apesar de sabermos que nunca passará de uma amizade que neste momento já não é o que era.
No fim do filme, fomos buscar batidos e sentámo-nos numa mesa a conversar.— Como é que anda o Harry? Temos falado apenas sobre a Chris. Vocês ainda estão juntos, certo?
— Sim. Apenas estou preocupada com ela porque ela não aceita falar com ninguém e não faz mais do que ir às aulas e fechar-se em casa. O Harry anda em baixo, mas ainda não consegui entender o motivo.
— Como assim anda em baixo?
— Não é o Harry alegre com quem comecei a namorar. É um Harry que desconhecia. Não é frio como era de inicio até porque isso é normal tanto nele como em mim, apenas não é o meu Harry. Parece vulnerável. A Kate diz que pode ter a ver com o pai, mas eles não se dão.
— Sim, é verdade. Já tinha reparado que deixou de me olhar de lado para andar sempre distraído e agarrado ao telemóvel. Já tentaste falar com ele e tentar saber o que passa?
— Todos os dias, mas não dá em nada. Ele não me diz o que se passa. Diz que não se passa nada e que anda cansado de procurar emprego.
— Cansado de procurar emprego? Tens a certeza que o anda a fazer? É que eu disse-lhe que podia vir trabalhar comigo, mas ele não aceita.
— A sério?
— A sério. Diz que ao trabalhar lá que se vai enjoar das hambúrgueres e que assim pode não conseguir voltar a comer Big Mac's.
— Ai que cromo.
— É, mas se tivesse assim tão desesperado, ele já lá estava a trabalhar.
— Pois não sei. Nem sei o que fazer.
— Tenta ir ter com ele mais cedo do que o normal, pode ser que o encontres a meio de algo.
— O que é que queres dizer com isso?!
— Não é isso que estás a pensar, calma. O Harry nunca te iria trair, pelo menos é o que eu acho. Mas pode estar metido em algo.
— Tipo o quê?
— Tipo sei lá, talvez negócios sujos.
— Como?
— Tráfico. Qualquer tipo de tráfico. Ele não tem medo de nada nem ninguém, por isso não vejo porque não. E é dinheiro fácil apesar de tornar a vida dele num inferno.
— Já me deixaste de coração nas mãos.
— Calma. São apenas hipóteses, não quer dizer que é mesmo isso. Pode andar mesmo cansado de procurar trabalho num outro lugar fora daqui visto que aqui nada lhe agrada.
— Não sei, mas isso não me agrada nada.
— Nem a mim, se queres que te diga. Porque quando alguém se envolve nisso envolve também todas as pessoas ao seu redor.
— Acho que vou ver dele agora.
— Não! Vais ficar aí quietinha a apreciar o teu batido. Ele disse que não queria que o incomodasses por isso é melhor fazeres isso num dia em que ele não te peça nada disso. Imagina que amanhã não te diz nada disso, sais à hora de almoço para almoçares com ele e passares a tarde com ele, uma tarde em que é suposto teres aulas, mas não te apeteceu nada ir, e vais ver dele.
— Excelente ideia. Assim não o incomodo como hoje ele me pediu para não o fazer e vou tentar fazer-lhe uma surpresa. Espero é não ser eu a surpreendida, sinceramente.
— Não sei. Tens que esperar até amanhã para descobrires.
— Quando tem que ser, tem que ser.
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INSANE: The Murderer [ Concluída ]
ParanormalInsane { Livro I } Toda a gente achava que ela era perfeita, mas ninguém sabia que ela era um monstro. Pelo menos até ela se apaixonar. Ela não sabia que ele era obcecado por ela, nem que ele era também um monstro. Insane. Contém representações grá...