•| Capítulo 21 - Os olhos negros.

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Quinta-Feira, 25 de Dezembro de 2014

Acordo e vou preparar o pequeno-almoço. Desde que a minha mãe saiu do hospital que me sinto uma pessoa diferente. Deixei de ver o Harry, ainda o procurei, mas não o encontrei como era habitual antes encontrar. Talvez tenha sido por lhe ter dito que não o queria voltar a ver. Apenas disse aquilo da boca para fora, pois ele é importante para mim. Eu sei, eu acabei de admiti-lo. Voltei a ter pesadelos. Nas últimas duas noites tive e não foi nada bom, penso que piorou. Como? Eu não sei, mas era ele que me acalmava e agora que tenho a certeza disso, não o tenho aqui.

— Sim?
— Finalmente atendeste! Vens cá a casa hoje?
— Ahn?
— Não te lembras? Os meus pais preparam o almoço e vocês vêm cá almoçar. Já é tradição moça!
— Ah pois é, desculpa Kate.
— Então pequena? Ainda estás mal por causa do Harry?
— Um pouco... Apesar de tudo, ele fazia-me bem e eu até gostava dele.
— Foi amor à primeira vista.
— Não exageres.
— Não estou a exagerar. Mas tu tens que contar à Chris.
— Para quê? Nunca mais o vou voltar a ver.
— Ela é uma das tuas melhores amigas.
— Isso não quer dizer nada. É uma das minha melhores amigas, mas não me soube dizer que se andava a encontrar com ele.
— Mas ela não se andava a encontrar com ele.
— Então? O Luke contou-me que os encontrou juntos.
— Só isso? Então não te contou que quando ele disse ao Harry o que se passava contigo que ele começou a correr feito doido ou que o Luke e a minha irmã se beijaram?
— Não.
— Ah pois. Vá, vai mas é arranjar-te para vires.
— Está bem. Ate já.

Mas supostamente não tinha sido tudo um sonho?
Pouso o telemóvel na bancada e vejo a minha mãe entrar na cozinha.

— Bom dia querida.
— Bom dia mãe. Já de pé?
— Tem que ser. Almoço fora de casa é no que dá.
— Só eu é que me esqueci do almoço?
— Pelos vistos sim.
— O pai ainda está a dormir?
— Não, está a tomar banho.
— Ele que não se demore porque eu também preciso de ir tomar banho.
— Ele já deve de estar a acabar.
— Então faço-te companhia a comer e já vou para cima preparar-me.

O dia passa a correr, e sinceramente, ainda bem. Não estou com cabeça para festas e estou cheia de sono. Ao mesmo tempo não me apetece estar em casa. Estou farta de problemas. Para não bastarem os que já tinha, a Chris agora não me fala e não sei qual o motivo. Mas não me interessa, amigos como ela eu não preciso.

— Vou dar uma volta. - digo vestindo o casaco.
— Sozinha?
— Claro.
— Então e o Harry? Nunca mais te vi com ele.
— Oh pai, não interessa. Até logo.
— Está bem... Não venhas muito tarde.

Abro a porta e saio de casa após pegar nas chaves e fechar a porta que já se encontrava atrás de mim. Um breve suspiro é expelido pelo meu corpo por ter vontade de sair de casa com frio e a nevar como está.
Coloco a mão na carteira e retiro do seu interior os meus fiéis amigos, os fones. Coloco-os nos ouvidos e ligo-os ao telemóvel permitindo-me ouvir música após selecionar o que queria ouvir.
Como habitual vou até ao parque e dou uma volta lá dentro e quando estava para sair,  dou de cara com um rapaz. Esperava eu que fosse o rapaz de cabelo comprido e caracóis chocolate, pelo menos sei que também tem olhos verdes, já não é mau. Mas em vez do Harry, dei de caras com um rapaz, que apesar de não ver muito bem pela pouca luz existente na rua, reparei no seu cabelo azul, um azul muito bonito que por sinal até que ficava muito bem com a cor dos seus olhos e com a sua roupa preta.

— Michael?
— Tu não...
— Eu não o quê?
— Esquece. Porta-te.
— O que é que tu andas aqui a fazer?
— Vim ver de uma pessoa mas não a encontro.
— Quem? Pode ser que saiba.
— Malik. Não conheces pois não?
— Por acaso não, mas podia conhecer.
— Ok. Vá adeus.

Este rapaz anda-se a autodestruir. Pude notar no seu olhar vazio e distante, na forma como coçava os seus braços e nas cicatrizes que trazia no rosto. O Calum tem que o internar ou então desistir deste puto, porque se não acaba também por ser destruído. Aliás, por falar em Calum, vou-lhe ligar.

— Chloe?
— Oi!
— Sentes-te bem?
— Sim, porquê?
— Porque me estás a ligar... Isso não é normal.
— Eu não sou normal.
— Nisso tens razão. Então está tudo bem contigo?
— Sim e contigo?
— Também. Então porque ligas?
— Queria saber como está o Michael.
— Tens a certeza que te sentes bem?
— Sim...
— É que estares a perguntar pelo Mike é das coisas mais estranhas no mundo. Neste momento já estou à espera de encontrar porcos a voar.
— Ai que cromo.
— Mas respondendo à tua pergunta, ele está igual, porque é que perguntas?
— Porque acabei de o ver.
— Onde?
— No parque ao pé de minha casa.
— Tu ainda moras no mesmo sítio?
— Sim, porquê?
— Porque o Michael não me disse que aí ia, se tivesse dito ia com ele. Que estranho.
— Mais estranho é o aspeto dele, ele está pior.
— Tens razão, não sei o que fazer com ele.
— Fala com os pais dele. Ele pode ser maior de idade, mas as atitudes que tem são de puto, ele precisa de ser internado. Ele precisa de ajuda e precisa de quem o possa ajudar. Já fizeste muito por ele e ele não sabe agradecer-te por isso.
— Tens toda a razão, vou ver se falo com os pais dele amanhã porque hoje já é tarde.
— Sim. É melhor. E olha, ele veio ver se arranjava cenas.
— Como sabes?
— Pela forma como falou, pelo que disse e como agiu quando me viu.
— Bem, parece que já o conheces bem.
— E conheço. Posso não me dar bem com ele mas conheço-o, tal como o Luke e o Ashton.
— É verdade. Como é que eles estão?
— O Luke e a Chris acabaram, não sei se sabias.
— Outra vez?
— Sim, outra vez, mas desta vez parece ser mais sério. Eu até tentei ajudar o Luke, mas ela não quer saber e não me liga nenhum.
— Então vocês chatearam-se?
— Não propriamente. Ela é que se afastou quando quem tinha motivos para o fazer era eu. Mas eu nem me quero chatear. Só assim é que dou conta dos amigos que tenho.
— Vais ver que isso lhe passa. Dá-lhe tempo. Ainda por cima ela e o Luke não estão bem, e tu sabes o quanto eles gostam um do outro.
— Sim, eu sei mas isso não é motivo para ela me tratar assim. Tu sabes como eu sou, sou das pessoas mais frias que existe e mesmo assim nunca fui assim com ela, a não ser quando a conheci, mas aí há explicação, pois eu não tinha confiança com ela e não a conhecia.
— Mas vocês são diferentes. Vocês têm maneiras diferentes de reagir às diversas coisas que vos acontecem. Por exemplo, tu, quando te aleijavas era como se não sentisses nada nem reagias, a Chris ria-se feita burra e a Kate começava a chorar. Entendes o que quero dizer? Vocês adoram-se, as três, mas vocês são diferentes, têm formas de reagir diferentes e também precisam de tempo para vocês mesmas essencialmente quando acontece algo. Fiz-me entender?
— Sim, eu concordo. Pode ser que lhe passe. Se não passar que se lixe.
— Mas vais ver que passa. Bem, eu tenho que desligar. Qualquer coisa liga visto que já o sabes fazer. - ouço umas risadas do outro lado da linha.
— Tens uma piada tu. - rio também - Mas está bem, e tu também, quando quiseres ligar não hesites.
— Está bem, vá beijo.
— Beijo.

Domingo, 24 de Janeiro de 2016

São 1h46, sinto o meu corpo todo a transpirar e a tremer. Noite de lua cheia. Tenho a respiração ofegante, não me sinto nada bem.
Encontro-me no meio da floresta, o que é que eu faço aqui? Pela primeira vez, em toda a minha vida eu tenho consciência daquilo que estou a fazer numa lua cheia, apesar de não ter controlo no meu corpo. Parece que o meu coração vai saltar pela garganta ou até mesmo rebentar. Tenho os dedos a sangrar e até parti algumas unhas ao estar agarrada a uma árvore à minutos atrás.
Vejo um par de olhos negros e a minha respiração volta ao normal mas perco os sentidos, dando ainda conta de alguém me agarrar.

×__________ ×

Queridas/os leitoras/es, tenho uma nova conta no wattpad que partilho com uma grande amiga minha, Miilkiinhaa, e gostava que nos seguissem! Vamos seguir todos de volta tal como na minha conta. Já lá temos a nossa primeira história e tudo!
B

eijinhos!

Link: Milkaaaat

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora