•| Capítulo 56 - A carta. | Fim

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Digo sem querer acreditar no que acabei de dizer. Sento-me na minha cadeira e ouço bastantes perguntas a serem feitas, mas não consigo prestar atenção.
Eu já sou... Normal? Eu estou grávida? Será que se eu fizer o teste agora se sabe se é verdade?
Levantámos-nos da mesa, pagámos a conta e entramos nos três carros, para irmos todos para o hospital.
Eu pedi desculpas a toda a gente, mas precisava de fazer o teste por isso fui falar com uma enfermeira que vi ao pé do quarto do pai deles. Eu perguntei se havia possibilidade de fazer o teste por ser mais seguro e certo do que nos das farmácias e ela disse que naquele momento ia mandar um copo de urina para testes e que podia levar mais um. Fui à casa de banho e lá fiz xixi para o copo. Entreguei o mesmo à enfermeira e ela disse que tinha que falar com uma médica que me iria ajudar.
Fui atrás dela e ela levou-me ao gabinete de uma médica que tinha acabado de chegar e ainda não tinha começado o meu turno, mas que aceitou ajudar-me.

- Então, diga-me porque é que quer fazer o teste de gravidez.
- Porque tenho quase a certeza de que estou grávida.
- Pode explicar-me o porquê?
- Olhe, deixe estar. Eu não ocupo mais o vosso tempo. Eu vou a uma farmácia e compro o teste.
- Já mandámos fazer o teste. Só estou a fazer estas perguntas porque preciso e tenho que as fazer para a poder ajudar.
- Tudo bem. Eu peço desculpa se fui rude, mas estou nervosa. Bastante mesmo.
- Então porquê?
- Porque posso estar grávida e o meu namorado foi ver o pai mais o resto da família. O pai vai explicar-lhe porque lhe fez tão mal a vida toda e eu não estou lá a apoia-lo.
- Fazemos assim, pode ir ter com o seu namorado e quando tiver os resultados logo falamos. Eu mando a enfermeira chamá-la.
- Muito obrigada.
- Só quero o melhor para os meus utentes.

Agradeci mais uma vez e saí da pequena sala onde estávamos. Não era muito longe de onde está o Sr. Styles, mas acho que já não sei o caminho.
Vi a enfermeira que me ajudou à pouco e fui atrás dela para lhe pedir ajuda.

- Peço desculpa, mas eu perdi-me e preciso de voltar para ao pé do meu namorado. Pode dizer-me o caminho?
- Claro. Segue este corredor e sai pela porta lá do fundo. Depois vira à direita, segue o corredor até ao fim e vira à esquerda onde está uma porta onde está o seu namorado. Depois é procurar lá dentro.
- Muito obrigada!

Saio de ao pé da enfermeira e sigo conforme tudo o que ela me disse. Não me quero perder. Penso que o meu sentido de orientação está afetado ou então antes tinha a mais do que o normal.
Chego à tal porta onde teria que procurar o Harry, mas não o encontro. Vejo a sala de espera e lembro-me do caminho que tínhamos feito por isso consigo chegar ao quarto e encontrar lá toda a gente.
Pelos vistos ainda tiveram à espera que o senhor acorda-se e por isso mesmo, só agora é que estavam a abrir a carta. O Sr. Styles pediu ao Harry para ser ele ler e ele aceitou.
O que será que vai sair daqui?

- "Desde já quero pedir-vos perdão a todos por ter escondido que tinha um filho, mas quero pedir mais ainda a ele por ter sido escondido de todos. Quando era mais novo, antes de conhecer a minha querida esposa e antes de atingir os 18 anos, o meu pai levava-me a bares de striptease onde acabei por conhecer a mãe dele. O meu pai era doente, tinha uma doença chamada síndrome de Stendhal. Eu envolvi-me com ela e começamos a namorar. Eu gostava muito dela, mas o meu pai não apoiava a relação porque para ele ela não passava de uma prostituta e chegou a ameaçar-me caso continuasse com ela. No dia em que ia acabar a relação, ela contou-me que estava grávida. Eu ainda tentei pensar em várias soluções, mas não dava para fazer nada, o mal já estava feito. Os meus pais matavam-me se soubessem disso por isso ofereci-lhe dinheiro para abortar, mas ela não aceitou. Eu ainda insisti para que ela ficasse com o dinheiro para o criar, mas ela também não quis. Levou a gravidez até ao fim sabendo que não tinha dinheiro para sustentar o nosso filho, mas cada vez que lhe queria dar dinheiro para cuidar dele, ela recusava. Quando ele nasceu deixandou-o à porta de minha casa numa alcofa e fugiu. Quando o vi soube logo quem era, mas o meu pai levou-o logo para uma instituição onde disse que o tinha encontrado na rua e não sabia quem eu era, depois de eu lhe dizer que era meu filho. Aos 12 anos, o Harry decidiu revoltar-se e deitar fogo à instituição, isto por causa da doença que ele tinha, que era o síndrome de Stendhal, tal como o meu pai. Essa doença é caracterizada pela aceleração do ritmo cardíaco, vertigens, falta de ar e mesmo alucinações, decorrentes do excesso de exposição da pessoa a obras de arte, essencialmente em espaços fechados. Ele ateou fogo porque houve uma garota que lhe disse para ir com ele ao quarto para ela ir buscar o seu caderno e canetas para brincarem e aí ele encontrou quadros pintados por ela nas paredes, ela era um génio com o talento das artes, mas sem saber despertou a sua doença e ele começou por ficar confuso acabando por ter alucinações de que o queriam matar. As empregadas trataram dele, mas mais tarde ele voltou aquele quarto e ateou fogo ao mesmo, depois de ter mais uma crise. Depois disso ninguém queria saber dele e entregaram-mo pois a mãe do rapaz disse que era eu o pai e eu tinha condições para cuidar dele enquanto que ela não. Ao saber que ele tinha aquela doença, fiz o que achei que deviam de ter feito ao meu pai, que foi colocá-lo numa clínica psiquiátrica privada, mas daí levaram-no para o hospício porque diziam que só lá iriam conseguir tratar dele. Eu sabia que não o tratavam bem, mas o meu pai sempre me disse que era para o bem dele. Até que o meu pai morreu e houve um incêndio no hospício de onde conseguiu fugir. Aí cancelei tudo e deixei-o tentar viver a sua vida normalmente. Pedi ao Liam, o seu amigo de infância que fosse ver dele e que cuidasse dele por mim, visto que quando me tentei aproximar dele foi mais ou menos igual ao que aconteceu nos anos da minha querida filhota mais nova. Eu não devia de ter dado ouvidos ao meu pai e devia de ter cuidado de ti com todo o amor e carinho. Não digo que devia de ter continuado com a tua mãe porque se o tivesse feito não teria duas filhas lindas como tenho, tal como não estaria ao lado da mulher que amo. Espero que um dia possa vir a ser digno do teu perdão meu filho e que me possas vir a chamar pai caso eu consiga melhorar. Amo-vos muito... Des Styles."

Ouvem-se barulhos estranhos e acabamos por perceber que vinham das máquinas a que o Sr. Styles estava ligado. De repente entram médicos e enfermeiros que nos expulsam da sala.
Vamos para a sala de espera, apenas sabendo o significado do som daquelas máquinas. Agora a questão é: será que conseguiram reanima-lo?
Pouco depois um dos médicos veio ter connosco para nós poder dizer que ele tinha mesmo morrido.

- Como é que estás amor?
- Era o meu pai e eu não lhe dei oportunidade de se explicar. Eu sinto-me estúpido. Nem lhe cheguei a dizer que o perdoo tal como não pedi desculpas pelo que fiz. - ele responde de lágrimas nos olhos.
- Tu não sabias. Não tens culpa nenhuma. Não fiques assim. Agora tens é que ser forte e ajudar as tuas irmãs a ultrapassarem isto, porque elas sim estão em baixo e conheciam bem o pai.
- Tens razão, estou a ser estúpido. Elas precisam de mim, tal como a mãe delas e irei estar aqui para a ajudar. Sei que é isso que o meu pai quer que faça.
- Menina Moretz? - um enfermeiro veio procurar por mim.
- Sou eu.
- Mandaram-me chamá-la para saber os resultados e ter a sua primeira consulta.
- Como assim?
- O teste deu positivo. Os meus parabéns.

The End.

×__________×

E acabou. Pois foi. Finalmente consegui acabar este livro.

Devo dizer que me emocionei a escrever a carta, o que achei estranho, mas deve de significar que está boa.

O que acharam do fim?

O que acharam da história?

Bem, eu espero que tenham gostado pois eu amei escrever este livro.

Quero agradecer a todos os leitores por terem lido a minha história, mas quero agradecer mais ainda a quem votou, comentou e sobretudo a quem me apoiou. Foi por vocês que continuei a escrevê-la e é por vocês que escrevo.

Um grande beijinho, vemo-nos na próxima história!

Kiitkaaaat

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora