•| Capítulo 36 - AVC.

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Chloe


Deixei o Harry no quarto a arranjar-se e fui abrir a porta às duas raparigas acompanhadas pelos namorados. Quando este chegou, tive que deixar o mesmo sozinho com as irmãs. Eu sei que podemos confiar em todos, mas neste momento eles precisam de ter uma conversa apenas entre irmãos. Faço sinal aos rapazes e vamos todos para a cozinha.

Tu já sabes da história?
— Sim.
— E o que é que se passou?
— Tentem ouvir a conversa deles. O Harry vai explicar tudo, como é óbvio.
— Tens razão.
— Mas digo-vos que estou do lado do Harry. Sei que é o meu namorado, mas não é por isso, é sim porque concordo com ele e penso que ele tem razão em estar tão revoltado com o pai.
— Shh... Ele vai contar agora.

Caminho até ao frigorífico e tiro a jarra de água, despejando um pouco da mesma para dentro de um copo que tenho sempre em cima da bancada. Levo o mesmo à boca podendo sentir o meu corpo a refrescar. É inverno, mas com o clima que paira nesta casa até fico com calores, para não falar dos radiadores que estão ligados.
Lembro-me de que os meus pais devem de estar a chegar a casa e mando mensagem a dizer para não entrarem pela porta da frente ou para não virem já para casa. Como é óbvio, eles questionaram o motivo, eu expliquei por alto dizendo que quando as coisas acalmassem lhes contava tudo melhor e com mais calma.
Agora não sei se alguma coisa vai mudar. Eu não quero que o Harry continue a morar no meio da floresta, porque para além de ser perigoso - mesmo ele sendo como eu - se lhe acontecer algo estará longe para eu o poder ajudar. Ele tem que vir para aqui para casa ou então ir morar com as irmãs, pai e madrasta.

— Não não. Eu vou contigo, tu não vais conduzir.

Ouço o Luke dizer e assim acordo dos meus pensamentos. A Chris atira-lhe as chaves do carro e saiem sem dizerem nada.

— Oi? O que é que se passou?
— Ela finalmente reagiu e agora não sei o que irá fazer. Não sei se vai para casa, se vai dar uma volta ou se vai ao hospital.
— Provavelmente irá ao hospital porque se fosse dar uma volta ou se fosse para casa ia a pé.
— Tens razão.
— Ela vai fazer merda.

O telemóvel da Katherine começou a tocar e ela atendeu. O seu rosto mostrou uma maior preocupação do que já tinha anteriormente, o que me deixou também preocupada.

— O nosso pai teve um AVC.

Lágrimas começaram a escorrer pelo rosto da pequena Kate. Fui ao quarto, dentro da gaveta tirei as chaves do meu carro, carro novo que ainda não pude usar pois ainda não acabei de tirar a carta. Volto ao piso térreo e dou conta de que ja estavam todos na sala. Entrego as chaves ao Ashton e este fica a olhar para mim.

— Leva-nos ao hospital. És o único aqui que tem carta e está em bom estado de conduzir.
— Mas é o teu carro novo que tu e só tu podes conduzir.
— Salvo raras exceções.
— Não questiono se não ainda mudas de ideias.

Fui buscar o meu casaco preto de cabedal, o do Harry, o gorro e a carteira ao quarto, pois não me lembrei de os trazer anteriormente quando fui buscar a chave.
Entramos no carro e direcionamo-nos ao hospital.

— Desculpa mãe, mas eu não quero saber.
— Chris!
— Desculpa mana, mas é verdade. Isto é o karma. Não tivesse sido besta como foi no passado.
— Eu vou ficar calado.
— Não Harry. Tens o mesmo direito que nós de dar a tua opinião. Ele também é teu pai e foi contigo que ele mais errou.
— Lá está. Foi comigo. Não quero que fiques chateada com ele por causa disso.
— És o meu melhor amigo e para além disso és meu irmão. O que tem a ver contigo tem a ver comigo. O que ele te fez não se faz a ninguém. Não é por ser meu pai que tenho que ficar do lado dele e ficar calada.
— Amor, é melhor irmos dar uma volta. Estás muito tensa e de cabeça quente.
— Concordo. Ide dar uma volta, depois descansa. - diz a mais velha, que se não se lembram é a mãe delas.
— Sim, acho que vou fazer isso.
— Então vamos.

A Chris e o Luke foram para casa e eu e o Harry vamos fazer o mesmo.

— Nós também vamos que estamos cansados.
— Ide. Eu fico cá. E tu também podes ir mor, amanhã tens que te levantar cedo para ires trabalhar.
— Eu queria mesmo poder dizer que aqui fico com vocês, mas estou muito cansado e tenho mesmo que me levantar cedo.
— Nós sabemos. Não te preocupes. Descansa. Se tivermos novidades eu digo.
— Está bem.

O Ashton leva o meu carro novamente. Como somos vizinhos deitou-me em casa, deixou o carro na garagem e foi a pé para casa. Os meus pais já chegaram.
Sento-me na beira da cama a olhar o chão enquanto que o Harry fecha a porta e se encosta à mesma.

— Estás bem? - pergunto.
— Sim.

Retira o casaco que protegia a sua pele e deixa-o sobre a cadeira. Senta-se a meu lado e faz-me deitar a cabeça sobre o seu colo ficando a encara-lo de baixo.

— És linda amor.
— Eu sei. - sorrio.
— Convencida.
— Tu amas.
— Isso é verdade. E sabes o que é que eu também amo?
— Não. - arqueio a sobrancelha esquerda.
— Beijar-te.

Sorrio ao ouvir a sua resposta. Os seus lábios tocam nos meus depois de me sentar no seu colo e dão início a um beijo calmo e apaixonado.

— Não me chegaste a responder.
— Ao quê?
— Se és virgem ou não.
— Ah. Sim, sou. Sempre tive medo de magoar a pessoa com quem o fizesse.
— Dizem que para os rapazes é difícil não fazer.
— É complicado sim, mas dizem que é mais depois da primeira vez.
— Pois. Deve de ser.
— Como nunca fiz é-me muito mais fácil ficar assim.
— Assim?
— Sim. Já tou duro.
— Desculpa...
— Não peças desculpa. Estou feliz por te ter encontrado. Eu sei que as raparigas é que pensam nisto, mas estou contigo, e penso que és a pessoa certa para mim.
— Eu tenho a certeza que sim. Amo-te muito.
— Também te amo muito. Vamos deitar-nos?
— Sim.

Peguei no meu pijama e fui mudar-me à casa de banho. Quando voltei ao quarto, o Harry já estava deitado e a sua roupa encontrava-se na mesma cadeira onde deixou anteriormente o seu casaco.

— Tens fome?
— Não.
— Então eu vou lá a baixo comer e já volto.
— Eu vou contigo.
— Não vale a pena, eu sou rápida.
— Mas eu quero fazer-te companhia. Não tenho pressa para dormir.
— Está bem, mas vestes o meu roupão porque provavelmente a minha mãe daqui a pouco aparece lá para ir beber o seu copo de água.

Dei-lhe o meu roupão que por acaso é azul o que já não é mau, pois foi a minha falecida avó que mo deu e ela costumava dar-me coisas com a cor rosa. Mas eu sou pequena, ou melhor, muito mais pequena que o Harry e o roupão a mim fica-me bem por isso imaginem como fica ao Harry.
Cheguei à cozinha, tirei o pacote de leite do frigorífico, despejei numa caneca e aqueci no microondas. Tirei um pacote de bolachas Palmier e deixei em cima da mesa.

— Tens a certeza que não queres comer?
— Talvez coma aí uma bolacha.

O microondas dá sinal de que o leite está pronto e tiro a caneca do seu interior. Sento-me à mesa e como algumas bolachas tal como o Harry que continua a recusar leite ou sumo. Do nada ouço umas risadas vindas da minha mãe que estava à entrada da cozinha.

— Então?
— Ai rapaz, esse roupão fica-te fantástico.
— Ah! Também acho. Temos que lhe arranjar um à medida dele.
— Por mim pode continuar a usar o teu que assim sempre me rio ao vir beber água e até adormeço melhor.
— Acho que vou arranjar um para mim.

O Harry está envergonhado. Uau. A minha mãe deixou o Harry envergonhado.

— E estás a comer bolachas sem beber nada? Preferes o leite quente, frio ou morno?
— Frio.

Esperem. A mim disse-me que não queria leite e à minha mãe já disse que o preferia frio? Está certo. 
Ela deitou leite numa caneca para ele e arrumou o pacote no frio. Bebeu o seu copo de água e despediu-se de nós com um beijo na testa para voltar para a cama, dizendo-nos ainda para termos juízo.

— Porque é que a tua mãe me beijou a testa?
— É o que me faz sempre. Não te ia deixar a olhar.
— E porque é que gozou comigo?
— Porque estás engraçado.
— É é.
— É verdade. Bem, já acabaste?
— Sim.

Pego nas canecas e deixo-as no lava louças, arrumando de seguida as bolachas no armário.
Voltamos para o quarto e deitamo-nos para podermos finalmente dormir.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora