•| Capítulo 15 - Isto sim é um rapaz como deve de ser.

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Agarro-me fortemente ao seu tronco e choro o mais que posso. Nunca estive assim. Penso que nunca tinha chorado de tal forma, essencialmente à frente de alguém que conheço à tão pouco tempo. Ele aperta-me contra o seu peito, mexe no meu cabelo procurando acalmar-me enquanto beija o meu couro cabeludo.

— Querida, eu vou já para o carro. Espero-te lá mas não demores.
— Espera! Harry, queres vir connosco?
— Sim, claro. Mas se poder ser, sou eu que conduzo, vejo que não estão em bom estado para conduzir.

Ele não rejeitou. Nem sequer perguntou onde. Apenas disse que queria ir sem hesitar. Ele parece estar preocupado comigo e quer apoiar-me no que quer que se esteja a passar. Isto sim é um rapaz como deve de ser. 
Mas o que é que se passa comigo? Eu devo de andar bipolar, é que só pode.
Chegámos ao hospital e fomos para a sala de espera, pois fora o local para onde nos tinham mandado. Ainda não sabiam dizer mais nada sobre ela. Estava na sala de operação. O que é que se estará a passar lá dentro? Eu nem quero pensar nisso. Acho que é melhor eu ficar aqui nos braços do rapaz dos caracóis chocolate. São tão reconfortantes.

— Estás bem? - ele decide perguntar, pois já sabe o que se passa.
— Não. É a minha mãe que está ali dentro a lutar pela vida e eu sem saber o que fazer. Se pudesse dava a minha por ela, mesmo que ela não queira que o faça. 
— Ela vai ficar bem. Ela é forte e vai conseguir ultrapassar isto. Será apenas mais uma prova de como ela é forte. 
— Como é que sabes que ela é forte?
— Bem... Ela teve-te e atura-te todos os dias, não é verdade?
— Ei! - abro bem os olhos e dou-lhe um soco com alguma força no braço.
— Estou a brincar. Mas tu que conheces a tua mãe, achas que é uma pessoa fraca?
— Vendo bem, tu até tens razão, ela deu à luz alguém como eu. Ela é forte.
— Uau, estás-me a dar razão. Obrigado. - ele sorri.

Sei que se está a esforçar para ver se me consegue fazer rir, mas ele sabe o quanto eu sou fria apesar de estar sensível neste momento. Apesar de que ele não se está a esforçar assim tanto não é? Mas mesmo assim irei tentar mostrar que está a conseguir.

— De nada. - sorrio fracamente .
— E temos um sorriso. Já me sinto um vencedor! - ele sorri tal como eu.
— Querida, vai para casa. Tens que ir descansar. Levantaste-te cedo, tiveste aulas e ainda tiveste que trabalhar durante a tarde.
— Mas eu quero ficar aqui. Eu quero saber logo como é que está a mãe. Quero estar aqui quando ela acordar.
— Eu ligo-te assim que souber notícias. Vai para casa, toma um banho e descansa. Se puderes, amanhã, diz a toda a gente o que se passa.
— Eu não quero ir para a escola amanhã. Estou farta daquele sítio. Eu quero ficar aqui.
— Eu deixo-te faltar à escola amanhã, mas para isso tens que ir para casa descansar.
— Está bem. Mas promete que me ligas se acontecer alguma coisa.
— Eu ligo meu anjo.

Meu anjo, que irónico. Ele deposita um beijo na minha testa e saio do hospital acompanhada pelo Harry. Chamamos um táxi e vamos para minha casa. 
Entro, depois de abrir a porta e ele entra depois de mim. Pouso o guarda chuva e tiro o casaco colocando-o no bengaleiro.

— Queres comer alguma coisa? Posso preparar-te o que quiseres.
— Não tenho fome, Harry. Mas se tiveres fome come à vontade, eu vou tomar um banho.
— Está bem.

Subo para o meu quarto e ele fica no andar de baixo da casa. Pego num par de cuecas, no pijama e nas pantufas levando tudo para a casa de banho. Ligo a torneira e coloco gel de banho na água deixando encher a banheira até pouco mais de meio. Vou até ao quarto e procuro um elástico para poder atar o cabelo. Pego no telemóvel e escolho uma lista de reprodução. Entro na casa de banho sem me esquecer de fechar a porta. A banheira já tinha espuma suficiente. Retiro a minha roupa quente e um pouco molhada devido à chuva que o pequeno guarda chuva não conseguiu tapar, e coloco-a para lavar. Entro na banheira, encosto-me colocando música. Pouso o telemóvel e fecho os olhos para poder relaxar.
Algum tempo depois, a água começa a ficar fria por isso saio da banheira. Passo a toalha pelo corpo e visto as peças antes escolhidas. Saio da casa de banho voltando ao quarto e lá se encontrava o Harry deitado na cama com um tabuleiro ao seu lado.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora