•| Capítulo 53 - Preparados.

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— E então? Não é por quase me teres matado que és um monstro. Nós não temos culpa disto. Eu quase matei o meu pai sem lhe dar oportunidade de me explicar o que se passou. Ateei fogo a uma casa cheia de crianças, adolescentes e também adultos. Pensa quantas pessoas quase matei. Se eu estivesse na tua posição não sei se não te tinha matado.

Como é que tu estás vivo?
— Porquê?
— Eu matei-te. Tu deixaste de respirar quando acordei. Eu tinha as mãos no teu pescoço e senti-te a deixar de respirar. Quando acordei é que tive que te largar e deixar-te cair no chão. Não sabia bem o que estava a acontecer. Quando dei conta do que se tinha passado foi já depois de me agarrar a ti, depois de ter a Alessandra a dar-me pontapés e da Chris me dizer que tinha matado o Zayn. Quando soube só quis fugir. Eu achava que tinhas morrido. Eu devia de lá ter ficado para garantir que estavas bem, mas não o fiz.
— Eu fazia o mesmo. Chloe não te marterizes por isso. Está tudo bem. - ele tenta aproximar-se de mim de novo mas afasto-me.
— Não me mintas. Eu ouvi a tua conversa com a Chris.
— E então? Nós vamos proteger-te.
— Eu não quero proteção, eu quero que me matem.
— Nem penses nisso, Chloe. Estás parva de todo. Nem que fugissemos os dois daqui, eu não deixo que nada te aconteça.
— Não podes. Já sabemos que posso magoar-te. Não podemos ficar juntos.
— Podemos sim. Nada nos impede. Eu é que devia de estar a dizer isso e tu é que devias de estar a dizer que não o fizeste de propósito e que não vai voltar a acontecer, mas quem o está a dizer sou eu.
— Porque é que ela estava ao teu colo?
— Porque...
— Diz-me. Quero saber a verdade.
— Está bem. Eu disse-te que ia pesquisar e tentar informar-me de como fazermos as coisas como deve de ser e eles estavam a ajudar-me.
— Que coisas?
— O que falámos...
— Sim, já sei. E era preciso ela sentar-se ao teu colo?
— Ela não estava sentada ao meu colo, estava no local, mas não sentada. E se quisesses deixava-te fazeres o mesmo ao Zayn, mas mataste-o.
— Que engraçadinho. Eu achava que tinham sido três encapuzados.
— Sim, sim, sim. É verdade.

Sinto-me calma e estranhamente bem. Avanço em direção dele e agarro-me a ele fortemente. Já sentia falta disto.
Começo a chorar ao me lembrar de tudo. Eu matei uma pessoa, que por muito mal que tenha feito às pessoas, era um inocente. Se não o tivesse matado a ele, provavelmente quem iria estar morta era a Alessandra. Eu quase matei o meu namorado.

— Estás melhor?
— Sim...

Ele perguntou ao ver que estava mais calma. Eu amo-o tanto.

— Ei, queres ir para a cabana?
— Mas está lá...
— Eu sei. Temos que arranjar outro local onde deixar o corpo.
— Tipo onde?
— Tipo no meio da floresta.
— Não é uma má ideia, mas não sei.
— Ou colocamos o corpo no rio.
— E se procurarmos outra? Não quero vê-lo outra vez.
— Tudo bem. Mas aviso que não encontrei outra até agora e já aqui ando à muito tempo.
— Espera, o teu pai tem uma cabana aqui perto. Fala com a Chris.
— Do meu pai? Não.
— Sim. Liga à Chris.
— Eu não vou ligar até porque não sei do meu telemóvel.
— Ela não te o deu?
— Quem?
— A Chris. Eu fartei-me de te mandar mensagens e de te ligar antes de ir ver de ti à cabana. Deixaste cair o telemóvel lá perto.
— Não sabia. Liga-lhe tu então.

Procuro o meu telemóvel nas calças onde não estava, mas encontro-o no bolso do casaco.
Desbloqueio o ecrã, abro a aplicação das chamadas e ligo à morena que me atende logo.

— Onde é que andas? Já encontraste o Harry? Onde é que ele anda? Eu é que tenho o telemóvel dele.
— Calma. Estamos na floresta. Queria pedir-te ajuda.
— Então?
— Queria saber se podemos ficar na cabana do vosso pai?
— Porque é que não vão para tua casa? Ninguém sabe de nada. Se algum dia alguém descobrir alguma coisa deixo-vos ir para lá ou então ajudo-vos a encontrar outro lugar fora daqui para onde irem, mas agora não vale a pena.
— Acho que tens razão.
— Amanhã vou lá ver de vocês.
— Está bem. Obrigada.
— Vais às aulas?
— Amanhã não. Estou exausta, cheia de fome e preciso de um banho.
— Então vai para casa, amanhã quando sair das minhas aulas vou lá ter com vocês.
— Está bem, beijinhos.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora