— Chloe, a partir de agora na hora da nossa sessão não terás que vir cá. Terás que estar essa hora com este rapaz, onde vocês quiserem. Mas ao sábado encontramo-nos aqui à mesma hora.
— Quem disse que eu queria fazer assim?
— Já te disse que não é como tu queres, é como eu acho que é melhor para vocês.
— Mas quem paga são os meus pais.
— E eu falei com os teus pais antes de tomar a decisão e eles acharam que te faria bem, visto que não te dás com rapazes.
— Então eu irei falar com os meus pais para que isto não seja assim.
— Finalmente alguém que acha o mesmo que eu! - diz o tal rapaz olhando para mim.
— O que vale é que não me falta muito para fazer os 18 e depois disso... - dou interrompida por ele, palerma.
— Não é por fazeres 18 que isso irá mudar. Eu tenho 20 e ainda aqui ando porque o meu pai me obriga.
— Porque é que não fazes aquilo que queres visto já seres maior de idade?
— Porque o meu problema não irá mudar com o facto de ser maior de idade ou não.
— Então como é que irá mudar?
— Não faço ideia. Mas pode ser depois de te calares.
— Estou a gostar. Estão a comunicar. Agora podem continuar mas noutro sítio.Aquilo tudo fora para nos despachar. Só podia. Saímos do gabinete dela e coloquei os fones nos ouvidos seguindo caminho para casa. Depois de andar 2 ou 3 metros, sinto uma mão tocar nas minhas costas e viro-me para ver quem seria, como é obvio, era o tal rapaz.
— Desculpa incomodar, mas era só para dizer que o meu nome é Harry. Visto que já sabia o teu, achei que deverias saber o meu. Assim podemos dizer à psicóloga que estamos juntos sem termos que estar, visto que eu odeio ter que aturar pessoas que não conheço de lado nenhum e tu pelos vistos achas o mesmo. Por isso já sabemos idade e nome um do outro, o resto é só inventar caso ela pergunte alguma coisa. Quando ela nos perguntar se nos encontramos diz que sim e que é no parque.
— Está bem. Pensei que querias mesmo fazer isto.
— Não. Tenho mais que fazer do que aturar-te.
— Boa, porque eu também não tenho paciência para putos que se acham grandes.
— Puto? Estás-me a chamar de puto? Eu sou mais velho que tu, não te atrevas a chamar-me isso outra vez. - ouço-o dizer e vejo que começa a ficar irritado, bem que este irrita-se muito mais facilmente do que eu.
— Não é por seres mais velho que eu que me podes faltar ao respeito e não levar resposta.
— E tu não é por seres rapariga que não apanhas um par de estalos.
— E tu não é por seres rapaz que eu tenho medo de ti.Viro costas e começo a caminhar de novo, mas desta vez bastante irritada. Coloco os fones de novamente e continuo o caminho, sem deixar de pensar no que tinha acabado de acontecer.
Mas quem é que este pensa que é? Nem o papa me pode falar assim. Tão mas que é isto? Eu tinha que me irritar. É raro eu conseguir passar um dia inteiro sem me irritar seja com o que for. Odeio esta merda de vida. Odeio a minha vida. Odeio-me! Odeio putos irritantes!
Respiro fundo. Conto de 10 para 1 e respiro fundo novamente, como se tivesse mergulhado dentro de uma piscina olímpica. Foi das poucas coisas que aprendi com a psicóloga, que por acaso até resultam.
Vou até ao parque para poder respirar um pouco de ar puro, sempre com os fones nos ouvidos. Sinto uma mão pousar no meu ombro. Mas este anda a seguir-me?— O que é que tu queres agora palhaço? - pergunto e viro-me para trás podendo ver que não era ele mas sim o tal rapaz loiro.
— Desculpa, era só isso que te queria pedir. Não devia de te ter tratado como tratei.
— Eu pensava que era outra pessoa.
— Então és agressiva com toda a gente?
— Com quem me irrita sim. Estás desculpado, adeus.Digo e viro costas, mas ele continua a caminhar ao meu lado.
— Precisas de alguma coisa?
— Sim.
— O quê?
— A minha filha gostou de ti, não queres passar a ser a ama dela? Eu pago-te bem.
— Eu adorava, mas não posso.
— Porquê? Eu ajudo no que precisares. Fazemos como tu poderes.
— Eu não posso à noite.
— Eu compreendo. Então podes ficar com ela das 14h às 19h? Já me ajudavas bastante.
— À 2ª feira não posso, tenho aulas à tarde.
— 2ª feira é a minha folga, excelente!
— Está bem... Quando é que é suposto começar?
— Quando quiseres.
— Caso aceite, pode ser só para a semana?
— Sim. Claro.
— Está bem então.
— Toma o meu número. - diz dando-me um pequeno cartão para as mãos - Já agora, sou o Niall.
— Niall Horan. - leio o que dizia no cartão - Chloe Grace Moretz.
— Nome muito bonito.
— Obrigada. Está a ficar tarde, tenho que ir.
— Está bem, não te esqueças de me dizer alguma coisa.
— Eu direi. Adeus.Eu nem se quer ando à procura de emprego. Que se lixe, ele nem tem o meu número para me poder contactar, caso pense que aceitei mesmo. Logo se vê o que faço. Posso até pedir ajuda aos meus pais.
Chego a casa.— Chloe? Vem jantar! - grita a minha mãe da cozinha.
— Mãe, achas que devo de aceitar? - pergunto-lhe depois de lhe contar sobre o trabalho.
— Eu acho que te fazia bem aceitares.
— Mas e se lhe faço mal? Eu não lhe quero fazer mal, a garota é tão querida.
— Então não há motivos para isso acontecer. Nos dias em que não estiveres tão bem não vás.
— É um caso a pensar, mas não sei.
— Aceita Chloe, vais-te distrair. Vai fazer-te bem.
— Irei pensar nisso.
— Já agora, porque é que vocês aceitaram a proposta da psicóloga? Eu não quero andar com aquele paspalho. Eu já estou farta dele.
— Nós achamos que é o melhor para ti. Ele não te vai fazer mal nenhum e se alguma vez tentar, sabemos que não precisas de ajuda para te defenderes.Acabamos de jantar e ajudo a minha mãe a arrumar a cozinha.
Fui para o quarto e deitei-me na cama a olhar o tecto. Sinto o cansaço a apoderar-se de mim e por isso mesmo fecho os olhos.— Estás-me a aleijar, deixa-me ir embora.
— Não vais, eu quero-te aqui sempre comigo. És a única pessoa que me sabe controlar. Eu preciso de ti. Acredita que nunca disse isto a ninguém.
— Eu acredito, mas estás-me a aleijar e se continuas, eu não sei o que te poderei fazer.
— Eu largo-te se ficares aqui comigo. Nós dois, longe do mundo que nos quer mal.
— Mas e os meus pais?
— Os teus pais poderão aqui vir, mas mais ninguém.
— Nem a Katherine e a Christianna?
— Para quê? Elas não te compreendem. Elas não sabem o quanto nós sofremos. Elas não sabem o quão somos diferentes delas. Elas não sabem que nós somos monstros.Acordo transpirada, de novo. É sempre o mesmo.
— O quê? Mas que merda de pesadelo foi este? E porque é que eu estou a falar sozinha? Ah! Pois é, já me esquecia que sou maluca.
Visto o pijama e volto a deitar-me.
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INSANE: The Murderer [ Concluída ]
ParanormalInsane { Livro I } Toda a gente achava que ela era perfeita, mas ninguém sabia que ela era um monstro. Pelo menos até ela se apaixonar. Ela não sabia que ele era obcecado por ela, nem que ele era também um monstro. Insane. Contém representações grá...