•| Capítulo 54 - Pílula.

115 21 14
                                    

Terça Feira, 17 de Maio de 2016

Acordo com o som do despertador. Como é que o Harry não acorda? Levanto-me e vou até à casa de banho, onde faço as minhas necessidades e tomo um duche rápido.

Visto umas calças de ganga escuras, uma camisola cinzenta, as minhas botas prediletas e o meu querido casaco de cabedal. Penteio o meu cabelo e faço um rabo de cavalo pois pelo que vi para além de estar a chover também está vento e não me apetece levar com o cabelo na cara. Pego na minha mochila e pego uma maçã da cozinha, rápido para apanhar o autocarro.
Entro no transporte público que me vai levar para a universidade, passo o meu passe no ecrã e entro, sentando-me num banco sozinha. Coloco os fones e meto-me a ouvir música, mas nem valia a pena de tão distraída que estou.
Não consigo deixar de pensar no que se passou na noite de ontem. Eu perdi a virgindade com o homem que amo, mas para além disso, posso engravidar. Eu não tomo a pílula e o preservativo estava furado. Isto foi esquema do Malik. Mesmo morto consegue vingar-se. Eu sou contra o aborto, mas não quero que mais ninguém sofra com isto. E se eu engravido mesmo e o bebé nasce com o mesmo problema? Eu não quero que ninguém sofra com isto. Tenho que ir ao centro de saúde. O melhor é tomar a pílula do dia seguinte. Eu não quero, não quero mesmo, mas se calhar é o melhor.
Chego à universidade e vou logo para as aulas. No intervalo vou tomar o pequeno almoço com a Christianna que me disse que já começou a procurar informações sobre mim e o Harry, depois volto para a aula. No fim da aula vou almoçar com as pessoas da minha turma. O professor deixa um recado na porta a dizer que não vamos ter a aula hoje mas sim na sexta feira à tarde por isso decido ir agora ao centro de saúde.
Apanho novamente o autocarro e ligo ao Harry que já me tinha mandado mensagem.

— Olá amor. Então como é que estás?
— Olá princesa. Estou bem, um pouco dorido de tudo o que se passou ontem. E tu, como é que estás?
— Estou nervosa.
— Então porquê princesa?
— Porque estou agora a ir para o centro de saúde. Vou ver se tomo a pílula do dia seguinte.
— Não faças isso. Sabes que há efeitos secundários e é melhor não passares por isso.
— Eu sei, mas prefiro tomar a pílula e rebentar comigo do que fazer um aborto quando já houver mesmo um bebé mesmo que tenha apenas uma semana ou duas.
— Não penses assim. Amor, pensa nisso.
— Está bem. Eu vou falar com a médica ou com a enfermeira e logo se vê.
— Ainda bem amor. Olha, já temos data marcada para irmos ao hospital. A Katherine ligou-me à pouco a dizer que o nosso pai nos chamou. Parece que já tem a carta quase pronta, só falta mudar uns detalhes.
— A sério? Isso é bom amor. Depois, se quiseres vou contigo.
— Claro que vens. Que me dizes de irmos jantar com elas a um restaurante nesse dia?
— Por mim tudo bem. Bem, já cheguei. Tenho que ir.
— Pensa no que te disse. Amote muito.
— Está bem amor. Também te amo muito.


Desligo a chamada e guardo o telemóvel no bolso do casaco. Saio do autocarro e abro o guarda chuva. Caminho ainda durante um bom bocado e entro no estabelecimento. Fecho o guarda chuva e dirijo-me ao balcão. Milagrosamente não há cá muita gente.

— Boa tarde, em que a posso ajudar?

Boa tarde, eu quero falar com a minha médica de família ou com a enfermeira.
— A médica só poderá falar consigo daqui a 2h ou mais tempo, por isso será melhor falar com a enfermeira. Eu já lhe digo. Espere aí que já é chamada.
— Obrigada.


Sento-me na sala de espera e depois de mais de meia hora sou chamada pela enfermeira. Cada vez me sinto mais nervosa.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora