•| Capítulo 35 - Heart attack.

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Harry

Estava a falar com a minha pequena e já estava excitado com a conversa, mas o telemóvel dela tocou. Era a Katherine. A cara dela mudou drasticamente quando recebeu informações do outro lado da linha. Pouco depois desligou a chamada, colocou o telemóvel em cima da mesinha de cabeceira e sentada na cama ficou a olhar para mim sem dizer nada.

— O que é que se passa?
— Elas vêm aí.
— A Katherine e a Christianna?
— Sim.
— Porquê?
— Elas já sabem.
— O que é que elas sabem?
— Que és irmão delas.
— Oh não.

Oh não. Oh não mesmo. Aquele imbecil já soube dizer o que se passou e que sou também filho dele? Uau. Agora não entendo porque é que elas vêm aí. De certeza que é para falar comigo, mas não entendo, porquê tanta pressa? Porque é que não podiam esperar até amanhã?
Levanto-me da cama e volto a vestir-me. Vou até à casa de banho e lavo a cara fixando-me na minha imagem refletida no espelho. Volto ao quarto e a Chloe já lá não estava. Sentei-me na cama e pouco depois ouço um carro chegar. Espreito pela janela e vejo os quatro a entrar em casa. Respiro fundo e saio do quarto, direcionando-me à sala.

— Hey.

É a única coisa que consigo dizer ao chegar perto deles. A Katherine respondeu-me mas a Chris ficou calada. A Chloe e os rapazes foram para a cozinha, não sei porquê, mas eles é que sabem. Sento-me ao lado da mais nova e fico a observar o chão da sala.

— Tu sabias?
— Que nós somos irmãos? Não. Só quando vi o vosso, o nosso pai entrar lá em casa.
— Eu sinto-me mal por te ter conhecido por causa da Chloe e não pelo meu pai, não porque ele não nos apresentou o nosso irmão mais velho. Nós devíamos de te conhecer desde que nascemos, mas não.
— Também me sinto mal pelo mesmo, mas eu só soube à pouco tempo que o meu pai tinha tido filhos para além de mim, só não fazia ideia que eram vocês.
— Acredito. Eu quero que me contes o que se passou. Toda a tua vida. És meu irmão e quero conhecer-te melhor.
— Também te quero conhecer melhor. A Chris já a conheço, mas também a quero conhecer melhor. Quero poder dizer que são minhas irmãs de verdade e não porque partilhamos o mesmo pai.
— Também nós. Não leves a mal a Chris estar calada mas ela ainda está em choque e ainda está a processar tudo.
— Tudo bem.
— Fala-nos sobre ti. De onde és, quem é a tua mãe, como foi a tua vida até agora... E o que se passou entre ti e o nosso pai.
— Eu acho que não queres saber tudo agora. Porque é que não esperaram até amanhã? Já é tarde.
— Sim, nós sabemos, mas queremos entender melhor o que se passou e porque é que só te conhecemos agora.
— Então eu vou ser sincero. E vou tentar resumir tudo porque não quero estar a entrar em pormenores porque se não já não saímos daqui hoje.
— Sim, claro. Teremos tempo.
— Antes de eu nascer, a minha mãe trabalhava num clube de striptease que o nosso pai frequentava naquela altura. A minha mãe engravidou, e quando lhe contou, ele ofereceu-lhe dinheiro para ela abortar. Depois de eu nascer, deixou-me à porta de casa dele numa alcofa e fugiu, porque não tinha como me sustentar e bem, o nosso pai sim. Quando me encontrou, levou-me para uma instituição onde disse que me tinha encontrado na rua e não sabia quem eu era. Vivi lá até aos meus 12 anos. Houve um incêndio lá e tiveram que me entregar ao meu pai porque a minha mãe disse que era meu pai. Ele já vos tinha a vocês e obviamente não queria estragar nada disso, por esse motivo rejeitou-me. Quando me entregaram a ele, decidiu de imediato internar-me num hospício onde estive até à pouco tempo. Escapei de lá depois de um incêndio. Desde então tenho vivido na floresta e tenho tido consultas no psicólogo, onde conheci a Chloe. Agora estou bem, estou feliz. Peço desculpa, mas eu odeio o nosso pai.

Chris

Eu não entendo. Como é que o Harry é meu irmão? Como é que não soubemos que tínhamos um irmão mais velho? Porque é que não soubemos? O que é que o meu pai andou a fazer? Não entendo. Eu tenho que saber o motivo. Mas o que será melhor? Será melhor saber pelo meu próprio pai ou pelo rapaz que já achei atraente e que já pensei ter algo com ele - mesmo que fosse apenas por causa do Luke - acabando por descobrir que é meu irmão?
Chegamos a casa da Chloe e o Harry já aqui está. Não consigo falar. Há algo que me faz ficar a ouvir e não querer comentar. Não entendo porquê. Como eu gostava de ser como a minha irmã e estar a tentar falar com o meu... irmão. Odeio-me.

— Peço desculpa, mas eu odeio o nosso pai.
— Não tens nada que pedir desculpa Harry. O que ele fez foi estúpido, foi de cobarde e de criança. Ele não tinha nada que fazer o que fez. Ele só tinha que te assumir. Eu odeio o meu pai. Que nervos! Eu odeio-o!
— Chris, acalma-te.

A Katherine pede, depois de me levantar do sofá e começar a roer as unhas enquanto ando de um lado para o outro.

— Sabem que mais? Ele vai ter que me explicar muito bem e arranjar uma desculpa decente para ter feito o que fez. Eu nem acredito que aquele homem é nosso pai!

Vou até à cozinha onde estavam os dois rapazes e a Chloe. Pego na chave do carro que estava em cima da mesa, olhando para o Ashton pedindo para me deixar levar o carro.

— Não não. Eu vou contigo, tu não vais conduzir.

O Luke diz depois de o Ashton dizer que podia levar o carro. Atiro-lhe as chaves de forma a ele as apanhar e saio de casa da Chloe. Entramos no carro e saímos daquele lugar. Informo o meu namorado para onde quero ir enquanto observava o que se encontrava do lado de fora do carro. Estava a chover, parecia que o tempo estava de acordo com o meu humor.
Saímos do carro e entramos no edifício. Cheguei ao local onde a minha mãe se encontrava lavada em lágrimas.

— Ele está lá dentro? Eu já sei o que ele fez ao Harry! Eu odeio aquele homem mãe! Ele não é mais meu pai. Nunca mais o quero ver! Ele não merece nada do que tem.
— Filha, ele...
— Mãe, o Harry é meu irmão!
— Era o rapaz com quem andavas a namorar, não era?
— Nós não namorávamos mesmo, mas sim é ele, o rapaz que bateu no pai. Onde é que ele está? Eu quero saber porque é que não o assumiu. Será porque era filho de uma prostituta? Ele que não andasse a meter a pila onde não devia!
— Christianna Styles!
— Christianna nada mãe. É verdade. Ele não devia de ter feito o que fez. Ele abandonou o filho e depois ainda o colocou num hospício só porque sim. Isto não é de um pai verdadeiro. Ele não é o pai que eu pensava que era. Ele não merece ser chamado de pai. Eu odeio-o mãe!
— Eu não acredito nisto, mas, eu não quero saber disso.
— Como assim não queres saber?
— Filha, o teu pai teve...
— Ele não é meu pai. Deixou de o ser.
— Ouve-me!
— Diz.
— Ele teve um ataque de coração.
— E então?
— E então? E então Christianna? O teu pai pode morrer! Não entendes isso?
— Desculpa mãe, mas eu não quero saber.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora