•| Capítulo 6 - Homo, bi ou hetero?

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Segunda Feira, 8 de Dezembro de 2014

Acordo com o som irritante do despertador. Desligo-o e fico a olhar o teto até dar conta que estou a transpirar pelo corpo todo, mais uma vez. Boa. Tomo um duche de água quente e visto-me. Como, lavo os dentes e vou para a escola.
Não me quero cruzar com elas, mas sou da mesma turma que a Christiana por isso quer queira, quer não... vou vê-la.
Chego e vou para a porta da sala à espera do stor. Felizmente ele não demora muito e ela está atrasada.
Sento-me no meu lugar e fico atenta ao resto da aula, nem dei conta de ela entrar.
Toca para a saída, arrumo as minhas coisas rapidamente e saio da sala. Pouco depois de sair, ouço alguém chamar-me.

— Desculpa incomodar-te, mas não conheço ninguém aqui para além de ti e preciso de ajuda.
— Henry? Para que queres a minha ajuda? E quem te diz a ti que te vou ajudar?
— Harry. - vejo-o revirar os olhos - Preciso de ajuda porque não conheço a escola e preciso de encontrar o jardim de infância. Digo eu que vais ajudar porque até que gostaste de mim.
— Convencido! Isso é o que tu pensas, não gostei nada de ti e continuo a não gostar.
— Não faltará muito para mudares de ideias.

Rio-me, sarcasticamente, como é óbvio.

— Isso era o que tu querias. Eu não vou mudar de ideias, até porque nem fazemos aquilo da terapia e tu próprio também não gostas de mim.
— Quem te disse que não gosto de ti?
— Tu. E mesmo que gostes podes deixar já de gostar porque não te vai levar a nada gostares de mim.
— Mas eu não disse que gostava nem que queria ir a algum lado contigo. E depois sou eu o convencido.
— Ai como queiras.

Viro costas revirando os olhos e ele agarra-me no braço puxando-me para junto de si. Irritada empurro-o e ele vai contra os cacifos, como já era de esperar. Fica a olhar para mim admirado, tal como toda a gente que se encontrava cerca de nós. Agarro nas minha coisas que tinham caído, e começo a andar em direcção à sala como se nada tivesse acontecido.
Já à porta da sala ouço alguém chamar-me.

— Que queres?
— Pedir-te desculpa por te querer forçar a sair connosco. Se quiseres sair connosco sais, não somos nós que te vamos obrigar.
— Obrigada. Não estou habituada a sair e gosto de estar em casa.
— Tu é que sabes. Não me meto mais nesse assunto. Não quero estragar a amizade que temos só por isto.
— Mudando de assunto. Como estão as coisas entre ti o Luke? A última vez que vos vi juntos estavam a discutir.
— Estão bem. Já sabes como nós somos.
— Sim, mas não costumam discutir por cenas tão estúpidas.
— Pois, eu sei disso. E está a acontecer cada vez mais frequentemente. Eu tento não discutir, mas não dá, ele não ajuda.
— Olha eu não percebo nada disso e sabes qual a minha opinião em relação a rapazes.
— Já que falas nisso... Sempre me questionei uma coisa.
— O quê?
— Por acaso és lésbica? - pergunta sussurrando.
— Que eu saiba não. - rio nervosa com a pergunta dela.
— Mas queres ajuda para descobrir?
— Hm... Não. Eu não me quero meter em nada dessas cenas. Apesar de que agora me deixaste com curiosidade. Mas não. Eu apenas não gosto de rapazes porque não os compreendo.
— Se pensássemos todos como tu, não teria existido mais nada para alem de Adão e Eva. Os rapazes acham o mesmo de nós.
— A sério? Que bom. Que nem se deem ao trabalho de me tentar compreender. É a única coisa que digo.
— Se assim achas.
— Mas fiquei com curiosidade de saber se sou homo, bi ou hetero.
— Já alguma vez te sentiste atraída por raparigas?
— Nunca me senti atraída por nada para além da minha cama.
— Compreendo. Acho que só experimentando.
— O que queres dizer com isso?
— Beijando tanto um rapaz como uma rapariga.
— Boa. Quem?
— Isso não sei. Vai reparando mais nos rapazes e nas raparigas, e vê quem te atrai mais do que a tua própria cama.
— Oh isso é impossível.
— Então menos, mas mais do que os outros.
— Está bem.
— De que estão a falar vocês? Já tocou vão mas é para a aula.
— Cal! Que fazes aqui? - pergunto ao vê-lo.
— Vim fazer-vos uma visita, mas agora vão para dentro. Vou tentar combinar com toda a gente para almoçar-mos juntos.
— Está bem. Depois diz qualquer coisa. - digo e ele vai embora.
— Que ótima ideia.
— O que queres dizer com isso?
— O Calum é o único rapaz com que te das bem. Que tal tentares com ele?
— Eu não me dou assim tão bem com ele.
— Dás sim, muito melhor do que o Luke e o Ash que passam os dias connosco e a tentar darem-se bem contigo.
— E dou, mas só porque ele é homo, tipo é diferente, é como se fosse uma rapariga para mim. Nem é solteiro. E eu não vou tentar com alguém com que me dê bem.
— Então é com alguém com quem te dês mal. É preferível conheceres melhor as pessoas mesmo que não gostes delas.
— Ai é?
— Sim, porque sem conheceres podem abusar ou algo do género.
— Tens razão.

Fomos para a aula que passou mais devagar do que sei la o quê. Depois disso não tivemos mais aulas, por isso liguei ao Calum.

— Onde andas Cal?
— Estou na pizzahut , estava agora a mandar-te mensagem. Estou cá com o Luke e com a Katherine. Liga ao Ash que ele traz-vos.
— O Ash é da minha turma não é preciso ligar. Ele está aqui. Já aí vamos ter, até já.

Desligo a chamada e tenho logo o palerma do namorado da Katherine a fazer-me perguntas.

— Ouvi o meu nome, que se passa?
— Vamos almoçar à pizzahut e tu vais-nos dar boleia, até porque vens almoçar connosco.
— Ai vou?
— Sim.
— Por que motivo?
— Aquele que nós sabemos e pelos vistos tu não.

Lá o convencemos e fomos para o local marcado. Chegamos e o Ash fez uma festa do caraças por ver o Calum ali. Até parece que não se vêem à anos. Ok. A última vez que o vimos foi à quase 1 ano, mas ainda nem fez 1 ano.

— Então e o Mike não veio porquê? - perguntou o Luke.
— Eu só vim tratar da venda da casa.
— Venda da casa? Vais vender a tua casa? - pergunto.
— Sim. Tem que ser. Andamos a ficar sem dinheiro desde que... - notava-se que ele estava a ficar nervoso.
— Desde que?
— O Mike meteu-se nas drogas.
— O quê?!

Até eu que não gosto dele fiquei pasmada. Mas pronto. Nem tou preocupada. A vida é dele, ele é que sabe o que fazer dela. Só me preocupo com o Calum, porque graças ao paneleiro do Mike vai vender a casa. Acho que ainda não vos disse, mas o namorado do Calum é o Mike. O Calum é homo mas o Mike é bi, tipo cotonete. Ainda por cima é bué atiradiço. Não gosto dele e pronto.
Mudámos de assunto e começámos a falar de assuntos mais positivos. Às 15h voltei para a escola, pois como já tinha referido, haviam aulas à tarde, e despedi-me do Calum que já se ia embora.
No fim da aula fui até ao parque e lá encontrei o irritante moço dos caracóis.

— Olha, obrigado. A tua ajuda para encontrar o jardim de infância foi preciosa.
— De nada. Para a próxima já sabes. - digo fria.
— Mas deu para descobrir que tens uma força do caraças. Conseguiste mandar-me contra os cacifos e é rara a pessoa que me consegue mover quanto mais atirar-me 1 ou 2 metros para trás.
— Eu sou fantástica. Mas vê lá não me ames tanto.
— E depois sou eu o convencido.

Olho para ele e veio-me à cabeça a conversa que tive com a Christiana. "É preferível conheceres melhor as pessoas mesmo que não gostes delas." E se experimentar com ele? Mas tenho que o conhecer primeiro.

— Estás aí?
— Estou. - respondo afastando aqueles pensamentos - Porquê?
— Estava a perguntar porque é que te encontro sempre aqui? Ainda por cima combinamos que não era para fazer aquela cena que a psicóloga disse.
— Só não fazes porque não queres.
— Eu pensei que não quisesses por isso é que disse aquilo.
— Nem pensaste bem nem mal, porque tanto me faz.
— Ai agora já tanto te faz? Estás a começar a gostar de mim é?
— Pensa o que tu quiseres.
— Então se posso pensar o que eu quiser... Posso pensar que tu me amas, que estamos juntos e que te posso beijar, certo?

Ele diz aquilo com um sorriso maroto e eu não sei o que fazer. Por um lado gostava de o beijar para poder saber o que sinto ao beijar um rapaz, mas por outro não, porque não o conheço, e aquele olhar parece mesmo que me quer comer. Mas eu sei defender-me e pelos vistos fui a única pessoa que até agora o fez voar 2 metros. Ai, nem sei.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora