•| Capítulo 32 - O passado e a descoberta.

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Chloe

Estou em estado de choque com o que o Harry acabou de me contar. Ele sofreu tanto até agora e não vou permitir que o magoem mais. Eu sei que ele não precisa que ninguém o proteja, mas eu vou protege-lo e afasta-lo do mal.

— Como assim queres falar sobre nós?
— Eu não quero viver sozinho.
— Como assim?
— Não gosto de viver sozinho, passar as noites sozinho. Eu quero que venhas viver comigo.
— Uau... Eu não sei. Acho que ainda é cedo. Não? Apenas tenho 18 anos, ainda falta um mês para os 19 e nós ainda hoje começamos a namorar. Ainda hoje resolvemos tudo. Até agora mal nos falávamos. É muito cedo. Eu quero ter a certeza de que vamos resultar.
— Mas eu tenho a certeza...
— Não tens não. Nós somos diferentes das outras pessoas, nós não somos normais por isso não sabemos como vai ser a nossa relação.
— Mas quando estamos juntos, nós conseguimos ser normais.
— Não. Apenas deixamos os nossos demónios a dormir. Nós estamos bem quando estamos juntos, certo, mas como será se estivermos tanto tempo juntos e depois nos afastar-mos? Não será o caus? Eu não quero prejudicar as outras pessoas por nós, não temos o direito de o fazer.
— Quer dizer que não temos direito a sermos felizes como toda a gente?
— É óbvio que temos. Mas temos tempo. Podemos ser felizes sem morarmos juntos.
— Sim, tens razão.
— Talvez daqui a um ano ou dois. Quem sabe? Eu quero que corra tudo bem. E não irás dormir sempre sozinho. Quero que vás lá dormir a casa e eu farei o mesmo.
— Assim gosto mais.
— Em relação ao que me contaste... Cada vez te admiro mais. Depois de tudo o que passaste estás aqui.
— Não mudaria nada do que fiz até agora.
— Nem espiares-me?
— Não.
— Eu sabia. - sorrio - Eu sabia que havia algo que te fazia ser tão frio, inseguro e estúpido, para além do demónio. Agora entendo.
— Não podia ser apenas por isso?
— Seria muito estranho.
— Ai é? Então o que é que se passou contigo para seres igual a mim?
— Eu... Lembras-te do tal teu companheiro de quarto que se atirou da janela?
— Sim, o teu tio. Nunca fui com a cara dele. Metia-me nojo e não sei porque.
— A sério? Sabes porque lá estava?
— Só por ser maluco.
— Quando eu era mais nova, os meus pais tentaram ir de férias levanto-me com eles, mas não dava. Eu fazia birras por tudo e era complicado ir com eles. Mas eles queriam relaxar e estarem algum tempo sossegados por isso foram os dois de férias durante uma semana, deixando-me com os meus tios. A minha tia tinha ido trabalhar como sempre fizera desde que o meu tio se ausentou para a guerra e mais ainda quando voltou com depressão e traumas com o que passou lá. Ele andava calmo pois tomava a medicação por isso a minha tia confiou nele e deixou-me com ele. - os meus olhos encheram-se de lágrimas como era natural, mas o Harry tratou de as limpar.
— Continua princesa, estou aqui.
— Eu continuo, mas não me chames de princesa... - rio fracamente - Ela foi trabalhar enquanto nós ficámos a dormir. Acordei por volta das 14 horas dando conta de que não estava sozinha no quarto nem na cama... - começo a chorar ao relembrar tudo o que se passou naquele dia.
— Ei babe, não precisas de contar o resto, já entendi.
— Mas há mais. Ele violou-me durante muito tempo e como eu ainda era pequena não tinha forças para o parar, nem o demónio me ajudou. Não, ele não me tirou a virgindade, felizmente não conseguiu. A minha tia quando chegou a casa ouviu-me aos berros e foi ver o que se passava. Chamou a polícia e o meu tio deu conta. Ele foi buscar uma faca à cozinha e vi-o esfaquea-la vezes e vezes sem dó nem piedade. Eu arranjei forças e atirei-lhe com a garrafa do vinho à cabeça. Ele caiu direito no chão. Ainda me pergunto como consegui. Depois apenas me lembro de ver a polícia chegar e de me tirarem dali.
— Amor... Não sei que dizer.
— Não precisas de dizer nada. Apenas preciso de ti aqui a apoiar-se como eu estou e estarei aqui para ti.
— Vou apoiar-te sempre e irei proteger-te de todos. Não vou deixar ninguém fazer-te mal.
— Eu sei proteger-me. Agora sei fazê-lo.
— Mas eu vou proteger-te na mesma. És a minha pequenina. A minha guerreira.
— Então eu farei o mesmo.

Levanto-me da cadeira e vou até ao meu guerreiro para o poder abraçar. Ia beijá-lo mas dei conta que tinha toda a gente a olhar para nós por isso dei-lhe um xoxo e voltei-me a sentar.

— Já acabaste?
— Sim.
— Fogo, foste rápida.
— É. Vou à casa de banho. Vou lavar a cara e retocar a maquilhagem.
— Está bem. Eu espero aqui.
— Até já.

Fui à casa de banho, fiz as minhas necessidades, lavei as mãos e lavei a cara passando depois papel pela mesma para a secar. Abri a mala e tirei o lápis e o rímel para retocar a maquilhagem.
Não esperava tocar mais neste assunto, mas ele tinha o direito de saber. O que ele me contou sobre a vida dele é igual ou mais grave do que o que eu passei. Eu tenho orgulho nele e no homem belo em que se tornou depois de tudo pelo que passou.
Observo a imagem que aparece à minha frente, um alguém parecido a mim. O meu reflexo sobre o espelho, um reflexo mais bonito do que a realidade que todos vêem. Pergunto-me, o que é que ele viu em mim? Será a minha beleza exterior?
Guardo as minhas coisas e coloco a mala ao ombro. Volto para a mesa onde estávamos mas estava vazia. Observo ao meu redor e não o encontro. O que é que se passa? O que é que se passou? Será que ele se arrependeu? Só há uma solução, ligar-lhe.
Tiro o telemóvel da mala e dou conta que tinha uma mensagem dele a dizer que tinha ido para a esplanada. Respiro fundo após guardar o telemóvel de novo na mala.
Vou até à esplanada e procuro-o mas não é difícil de encontrar o rapaz dos cachos castanhos chocolate. Vou até ele e dou conta que está a fazer algo que me era desconhecido até agora. Ele estava a fumar.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora