Chloe
Estou em estado de choque com o que o Harry acabou de me contar. Ele sofreu tanto até agora e não vou permitir que o magoem mais. Eu sei que ele não precisa que ninguém o proteja, mas eu vou protege-lo e afasta-lo do mal.
— Como assim queres falar sobre nós?
— Eu não quero viver sozinho.
— Como assim?
— Não gosto de viver sozinho, passar as noites sozinho. Eu quero que venhas viver comigo.
— Uau... Eu não sei. Acho que ainda é cedo. Não? Apenas tenho 18 anos, ainda falta um mês para os 19 e nós ainda hoje começamos a namorar. Ainda hoje resolvemos tudo. Até agora mal nos falávamos. É muito cedo. Eu quero ter a certeza de que vamos resultar.
— Mas eu tenho a certeza...
— Não tens não. Nós somos diferentes das outras pessoas, nós não somos normais por isso não sabemos como vai ser a nossa relação.
— Mas quando estamos juntos, nós conseguimos ser normais.
— Não. Apenas deixamos os nossos demónios a dormir. Nós estamos bem quando estamos juntos, certo, mas como será se estivermos tanto tempo juntos e depois nos afastar-mos? Não será o caus? Eu não quero prejudicar as outras pessoas por nós, não temos o direito de o fazer.
— Quer dizer que não temos direito a sermos felizes como toda a gente?
— É óbvio que temos. Mas temos tempo. Podemos ser felizes sem morarmos juntos.
— Sim, tens razão.
— Talvez daqui a um ano ou dois. Quem sabe? Eu quero que corra tudo bem. E não irás dormir sempre sozinho. Quero que vás lá dormir a casa e eu farei o mesmo.
— Assim gosto mais.
— Em relação ao que me contaste... Cada vez te admiro mais. Depois de tudo o que passaste estás aqui.
— Não mudaria nada do que fiz até agora.
— Nem espiares-me?
— Não.
— Eu sabia. - sorrio - Eu sabia que havia algo que te fazia ser tão frio, inseguro e estúpido, para além do demónio. Agora entendo.
— Não podia ser apenas por isso?
— Seria muito estranho.
— Ai é? Então o que é que se passou contigo para seres igual a mim?
— Eu... Lembras-te do tal teu companheiro de quarto que se atirou da janela?
— Sim, o teu tio. Nunca fui com a cara dele. Metia-me nojo e não sei porque.
— A sério? Sabes porque lá estava?
— Só por ser maluco.
— Quando eu era mais nova, os meus pais tentaram ir de férias levanto-me com eles, mas não dava. Eu fazia birras por tudo e era complicado ir com eles. Mas eles queriam relaxar e estarem algum tempo sossegados por isso foram os dois de férias durante uma semana, deixando-me com os meus tios. A minha tia tinha ido trabalhar como sempre fizera desde que o meu tio se ausentou para a guerra e mais ainda quando voltou com depressão e traumas com o que passou lá. Ele andava calmo pois tomava a medicação por isso a minha tia confiou nele e deixou-me com ele. - os meus olhos encheram-se de lágrimas como era natural, mas o Harry tratou de as limpar.
— Continua princesa, estou aqui.
— Eu continuo, mas não me chames de princesa... - rio fracamente - Ela foi trabalhar enquanto nós ficámos a dormir. Acordei por volta das 14 horas dando conta de que não estava sozinha no quarto nem na cama... - começo a chorar ao relembrar tudo o que se passou naquele dia.
— Ei babe, não precisas de contar o resto, já entendi.
— Mas há mais. Ele violou-me durante muito tempo e como eu ainda era pequena não tinha forças para o parar, nem o demónio me ajudou. Não, ele não me tirou a virgindade, felizmente não conseguiu. A minha tia quando chegou a casa ouviu-me aos berros e foi ver o que se passava. Chamou a polícia e o meu tio deu conta. Ele foi buscar uma faca à cozinha e vi-o esfaquea-la vezes e vezes sem dó nem piedade. Eu arranjei forças e atirei-lhe com a garrafa do vinho à cabeça. Ele caiu direito no chão. Ainda me pergunto como consegui. Depois apenas me lembro de ver a polícia chegar e de me tirarem dali.
— Amor... Não sei que dizer.
— Não precisas de dizer nada. Apenas preciso de ti aqui a apoiar-se como eu estou e estarei aqui para ti.
— Vou apoiar-te sempre e irei proteger-te de todos. Não vou deixar ninguém fazer-te mal.
— Eu sei proteger-me. Agora sei fazê-lo.
— Mas eu vou proteger-te na mesma. És a minha pequenina. A minha guerreira.
— Então eu farei o mesmo.Levanto-me da cadeira e vou até ao meu guerreiro para o poder abraçar. Ia beijá-lo mas dei conta que tinha toda a gente a olhar para nós por isso dei-lhe um xoxo e voltei-me a sentar.
— Já acabaste?
— Sim.
— Fogo, foste rápida.
— É. Vou à casa de banho. Vou lavar a cara e retocar a maquilhagem.
— Está bem. Eu espero aqui.
— Até já.Fui à casa de banho, fiz as minhas necessidades, lavei as mãos e lavei a cara passando depois papel pela mesma para a secar. Abri a mala e tirei o lápis e o rímel para retocar a maquilhagem.
Não esperava tocar mais neste assunto, mas ele tinha o direito de saber. O que ele me contou sobre a vida dele é igual ou mais grave do que o que eu passei. Eu tenho orgulho nele e no homem belo em que se tornou depois de tudo pelo que passou.
Observo a imagem que aparece à minha frente, um alguém parecido a mim. O meu reflexo sobre o espelho, um reflexo mais bonito do que a realidade que todos vêem. Pergunto-me, o que é que ele viu em mim? Será a minha beleza exterior?
Guardo as minhas coisas e coloco a mala ao ombro. Volto para a mesa onde estávamos mas estava vazia. Observo ao meu redor e não o encontro. O que é que se passa? O que é que se passou? Será que ele se arrependeu? Só há uma solução, ligar-lhe.
Tiro o telemóvel da mala e dou conta que tinha uma mensagem dele a dizer que tinha ido para a esplanada. Respiro fundo após guardar o telemóvel de novo na mala.
Vou até à esplanada e procuro-o mas não é difícil de encontrar o rapaz dos cachos castanhos chocolate. Vou até ele e dou conta que está a fazer algo que me era desconhecido até agora. Ele estava a fumar.
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INSANE: The Murderer [ Concluída ]
ParanormalInsane { Livro I } Toda a gente achava que ela era perfeita, mas ninguém sabia que ela era um monstro. Pelo menos até ela se apaixonar. Ela não sabia que ele era obcecado por ela, nem que ele era também um monstro. Insane. Contém representações grá...