•| Capítulo 7 - Perdendo o controlo.

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— Mas é óbvio que não. - digo revirando os olhos.
— Ai é? Mas olha, posso dizer-te que tenho um feeling de que haverá de chegar o dia em que poderei provar esses teus lábios.
— És nojento. Muito mesmo. - digo enojada - Vai mas é passear que eu tenho mais que fazer do que estar a aturar um desconhecido que nunca disse querer conhecer, que não consegue ver-me na rua e não me falar.
— Se tivesses mais para fazer não estavas aqui. E se tu quisesses que não te falasse ignoravas-me ou continuavas a responder-me como no início.
— Então adeus.

Viro-me e ele agarra o meu braço puxando-me de novo para ele. Tento empurrá-lo mas não consigo. Como? Como é que não consigo empurrá-lo? Eu sou das pessoas mais fortes existentes no mundo. Ok. Pessoa não. Monstro.

— Onde é que vais com tanta pressa?
— Não tens nada a ver com isso! Agora larga-me antes que eu grite e me passe - ameaço.
— Não tenho medo de ti. Nenhum. Tu sim, devias de ter medo de mim.
— Porquê? Porque és homem e eu mulher? Achas que isso me impede de ter mais força que tu?
— Tenho a certeza.
— Não tenhas tanta certeza disso - digo rangendo os dentes.
— Ai não? Então porquê? - ele diz rindo.
— Porque não me conheces - digo com os olhos semicerrados mostrando a minha raiva.
— Quem te diz a ti que não conheço?

Sinto os meus olhos a ferverem, o que não é bom sinal. Quando os sinto assim é porque já estão negros e estou a perder o meu controlo, coisa que acontece facilmente. Empurro-o contra a árvore e chego-me perto dele apertando-o pelo pescoço, elevando-o um pouco no ar.

— Não te atrevas a voltar a meter-te comigo. Para a próxima posso não me controlar como hoje consegui - atiro-o para o chão e viro costas.
— Não me metes medo. E tu atreve-te a voltar a fazer isto e para a próxima quebro a minha regra: não tocar em mulheres.
— Agora lembrei-me de algo que tinhas dito... Como é que era? Oh já sei."E tu não é por seres rapariga que não apanhas um par de estalos." A culpa foi tua. Única e exclusivamente tua.

Coloco os fones e caminho para fora dali. Qual foi a dele? Porque é que ele fez aquilo? Não entendo o porquê. Eu não quero magoar ninguém, mas se ele me volta a tocar eu não atuo por mim. Se ele acha que me mete medo, está bem enganado. A única pessoa de quem tenho medo é de mim própria.
Vou para casa. Deito-me na cama e fico a olhar o teto. Isto deixou-me um pouco cansada, por isso pouco tempo depois adormeço.
Acordo com a minha mãe a chamar-me para jantar, mas estava sem fome. Levanto-me logo assim que me lembro que tinha que ligar para Niall a dar uma resposta, por isso procuro o cartão que ele me tinha dado e ligo-lhe.

— Boa noite. Quem fala?
— É a Chloe. A rapariga do parque a quem pediu para tomar conta da sua filha?
— Ah sim, já sei. Precisas de algo?
— É para dar certeza de que vou poder tomar conta dela, mas apenas poderá ser das 14h às 18h. Se não poder assim, lamento, mas tenho uma vida para além disso.
— Está bem.
— Então até amanhã.
— Até amanhã.

Que estranho. Parecia que me estava a despachar. Homens. O ser vivo mais inútil que existe e alguma vez existiu neste mundo. Quer dizer inútil, sem contar com a parte de que sem o esperma do homem não haviam mulheres, mas também é graças a ele que há homens.
Descalço-me, visto o pijama, e depois de uma ida à casa de banho, vou até à cozinha para jantar. Desta vez tenho cá a minha mãe e o meu pai. Milagre. Deve de estar para cair um santo do altar. É que só pode. Comi pouco. Eu avisei a minha mãe de que não tinha fome. Não tenho culpa. No fim do jantar volto para o quarto e deito-me olhando de novo para o tecto. Farta de olhar para ele, levanto-me e vou até ao pc.
Vou ao facebook e tinha algumas notificações. Tinha pedidos de jogos, como sempre, notificações de me terem identificado em estados de vídeos pornográficos, que agora é o prato do dia, e tinha também, um pedido de amizade do Harry. Mas porque é que este quer ser meu amigo aqui? Lol. Que big LOL. Aceito? Aceito.
Algum tempo depois de me ter colocado a ver a página inicial do maldito facebook, recebo uma mensagem. Adivinhem de quem. Vá adivinhem. Tentem lá adivinhar. É facílimo. Mas só saberão quando eu disser. Isto mete a sua piada. Admitam lá. Vá. Estou à espera. Mas para acabar o suspance... Foi o palerma do Harry, como já era de esperar.

— Oi boneca.
— O que é que queres?
— Fogo, tanta agressividade. Que eu saiba não te fiz nada de mal, aliás, tu é que me fizeste e foram duas vezes só no dia de hoje.
— Estás à espera que te peça desculpa? Podes já preparar o caixão.
— Credo. Eu nem te digo mais nada. Apenas digo que a psicóloga me ligou à tarde a dizer que não atendias as chamadas por isso para te avisar de que temos que começar a estar juntos, ela tem alguém a vigiar para saber se o fazemos ou não.
— A sério? Ai que puta. Então isso significa que vou ter que passar a aturar-te 1 hora todos os dias da semana? Todas as semanas do mês? Todos os meses do ano? Tou fodida.
— Para de me tratar assim caralho. Não te fiz mal nenhum.
— Fizeste sim.
— Ai fiz?
— Sim. Falaste comigo e isso bastou.
— Eu falei porque me obrigaram.
— Que idade é que tu tens mesmo?
— 20, porquê? E o que é que isso tem a ver com o assunto?
— Então e não tens já idade suficiente para tomares as tuas próprias decisões?
— Não me conheces. Não sabes nada. Por isso não te metas.
— Oh toquei na ferida. Coitadinho. Não me tivesses vindo falar, olha agora.
— Falei porque me pediram. Olha, amanhã às 18h no parque.
— Não sei se poderei chegar a horas, mas logo se vê.
— É para chegar a horas. Se não, digo à psicóloga.
— Diz. E eu digo que a ideia de não nos juntarmos foi única e exclusivamente tua.
— Não tens provas disso.
— Nem tu. Mas vá, hasta.
— Sya.

Que palerma. Ai odeio este gajo pá. Irrita-me mas mesmo a sério. Deixa-me fora de mim. É que deixa mesmo. É bué estúpido. Odeio-o tal como odeio pisar merda. Foda-se. Mas é lindo como sei lá o quê. Mas o que é que estou aqui a pensar? Vá Chloe, acalma-te. Tu consegues. Inspira... Expira... Conta de 10 para 1... E já estou melhor.
Deixo o computador e agarro o telemóvel, podendo ver as chamadas não atendidas da psicóloga.
Deito-me de novo na cama tentando dormir. Será que desta vez vou conseguir?

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora