•| Capítulo 19 - Será que...?

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— Chloe! Como é que estás? - o loiro pergunta.
— Estou bem e tu?
— Também. Como é que está a tua mãe?
— Igual. E a tua pequena?
— A minha pequena está em casa com o tio, mas por pouco tempo porque não confio nele.
— Então porquê? Teu irmão?
— Sim. Ele é mais velho e parece ser mais novo que eu.
— Ui, pois.
— E tu estás aqui sozinha?
— Não, estou com... um amigo.
— Fazes bem. Estás a pensar em voltar quando?
— Desculpa Niall, mas acho melhor arranjares quem me substitua.
— Então?
— Não sei quanto tempo a minha mãe vai precisar para recuperar, e eu quero estar lá com ela. E mesmo que quisesse, não iria estar a 100% a cuidar da garota por isso prefiro não o fazer.
— Por mim tudo bem, mas tens que ir lá a casa.
— Fazer? - pergunta o Harry mal aparece.
— Harry, este é o Niall meu patrão. Niall é o Harry.
— Olá. Respondendo à tua pergunta, - ele diz olhando o Harry e continua o resto da frase a olhar para mim - vê-la. Ela tem perguntado por ti.
— A sério?
— Sim. Para ela és como uma irmã mais velha que ela nunca teve ou terá.
— Pois, e ela é como uma irmã mais nova para mim.
— Olha lá, vieste sozinho? Deixaste a tua garota em casa com a mãe? Porque é que não as trouxeste?
— Harry! - reclamo pois o rapaz não sabe quando estar calado - E não te meteres no assunto?!
— Não faz mal, Chloe. A minha filha ficou em casa com o tio, apenas vim buscar o jantar, lá fora há uma grande fila por isso vim cá dentro. E já agora, eu sou viúvo.
— Peço desculpa, não sabia. - o Harry responde sem olhar para o Niall.
— Sem rancor. Vou ver do jantar. Bom apetite. Depois diz qualquer coisa.
— Está bem. Adeus. - digo vendo ir para a fila e sentando-me ao mesmo tempo - Não sabias estar calado?!
— Desculpa lá mas eu não sabia.
— Estavas calado, não tinhas que te meter.
— Deixa lá isso e come mas é que isso já deve de estar frio.
— É sopa, eu prefiro as sopas frias. Assim continuo fria por dentro. E tu não mandas em mim, pensas que és meu pai ou quê? Nem o meu pai manda em mim, quanto mais tu! Eu como se quiser.
— Tá.

Passamos o resto do tempo calados, sinceramente, não me incomoda. Não gostei da forma como olhou e falou com o Niall. Posso não o conhecer, mas ele não tem o direito de falar assim com ele.
Eu sei, eu também já falei assim com ele, mas há limites. Sei que o Harry é frio como eu, mas há limites.

— Deixo-te em casa? - ele decide quebrar o gelo.
— Não. Eu vou melhor sozinha e chego mais rápido.
— Tá.

Ele levanta-se, pega no seu tabuleiro deitando as coisas no lixo brutamente e sai sem dizer ou fazer mais nada. Não é que eu estivesse à espera de algo, mas é o Harry e eu. Ok, pelos vistos voltámos ao início.
Ouço o meu telemóvel tocar e após pegar nele pude ver que era o meu pai.

— Sim pai, o que é que se passa?
— Onde é que estás? Vou-te já buscar e vamos ao hospital.
— Estou no Mc, mas o que é que se passou com a mãe? Ela acordou?
— Não sei, só ligaram a dizerem para irmos rapidamente para lá. Até já.
— Até já...

Ele desliga e eu decido ir arrumar o meu tabuleiro. Será que a minha mãe acordou? Será que ela piorou? Espero bem que ela tenha acordado e que este pesadelo acabe. Estou a ficar... nervosa, estou a tremer bastante e o meu coração parece querer saltar do meu peito, o que não é normal. Nunca tinha estado assim. Não sabia o que era estar nervosa até este preciso momento. E se alguma vez achei que sim, então estava enganada. Preciso do Harry. Não estúpida! Preciso de todos menos do Harry.

— Chloe? Estás bem? Tragam-me um copo de água! - o loiro berra para os empregados. Não, não é o Niall.
— Ligaram d-d-do hospital e-e não sssei o que ssse passa com-m a minha ma-mãe...
— Tem calma. Credo, nunca te vi assim. Deve de ter acordado, tem calma. Toma, bebe. - diz depois de um empregado trazer uma garrafa de água.

Agarro na garrafa já sem rolha e dou uns pequenos goles, mas é como se não tivesse feito nada. Sinto que vou explodir. Preciso de saber o que é que se passou com a minha mãe e se ela está bem. Tenho um mau pressentimento, mas não me quero agarrar a ele.

Harry

Que pita caralho! Estou farta de putos mimados e agora sai-me esta na rifa! Porque é que tem que ser ela? PORQUÊ?! Ela só irá crescer quando sofrer como deve de ser e sinceramente, pelo que observei e pelo que me fez passar, tenho uma enorme vontade de espetar uma faca na barriga da mãe dela! Será que ela iria aguentar tanto sofrimento e tornar-se ainda mais fria do que já é ou será que se iria matar? Ela pensa que é quem para me falar daquela maneira? E ainda insinua que sou má companhia. Ela tem uma lata! Porque é que eu a amo?! Foda-se! Que merda!

Chloe

Odeio ter maus pressentimentos. Sei que não ligava a isso, mas eu mudei.

— Luke? O meu pai já chegou?
— Penso que não, porquê?
— Porque ele vem-me buscar e vamos para o hospital.
— Vejo que estás mais calma... Anda, vamos lá para fora. Já não está a chover e assim apanhas ar.

Ele abre a porta e acompanha-me à medida que eu ando. Sento-me no parapeito da janela com a cabeça encostada à mesma e ele fixa o olhar em mim posicionado mesmo à minha frente.

— Queres que vá contigo? Eu sei que não somos amigos e tals mas... Eu até me preocupo contigo. És a melhor amiga da minha nam... Ex, e passámos muito tempo juntos e sei que adoraste como é óbvio, por isso, visto que ela não está aqui, gostava de te acompanhar.
— Não acho que seja o melhor, mas se insistes tudo bem.

Ouço buzinar e vejo o carro do meu pai. Ambos corremos para o carro e entrámos. Ele arranca a caminho do hospital.

— Tu não saíste com o Harry? Onde é que ele está? E quem é este?
— Sim, mas ele bazou. Este é o ex namorado da Chris, mas que irá voltar a ser.
— Ai vou?
— Claro que sim, vocês foram feitos um para o outro.
— Obrigado?
— Agora pai, despacha-te!
— Calma filha, eu sei que há pressa mas não queres ter também um acidente pois não? Ainda por cima a chover como esteve pior.
— Sinceramente não me importava desde que eu fosse a única que se aleijasse e morresse, podia ajudar a mãe.
— Não digas asneiras Chloe!
— Pai, cuidado!

Estava um cão no meio da estrada e para o salvar, o meu pai virou o volante e acabámos por bater num poste.

— Como é que fizeste isto? - pergunta o Luke.
— Ahn?
— Tu disseste que não te importavas de ter um acidente para ajudares a tua mãe e tivemos um acidente.
— Estás-te a passar? Agora estás a dizer que tenho super poderes? Estás mas é maluco dos cornos meu!
— O carro ainda anda por isso vamos e tu Chloe, mantem a boca calada!

Nem piei. Quando o meu pai quer até que assusta. Sei que sou mais fria e mais forte que ele mas ele sabe manter a sua posição de pai.
E que raio foi aquilo que o Luke disse? Mas ele acha que eu desejo algo e isso acontece? Deve de andar no álcool ou a injetar para a veia desde que acabou com a Chris, só pode. Se isso fosse verdade, a minha mãe não estava no sitio onde está agora e eu tinha morrido.

— Chegámos.

Saímos do carro a correr e fomos ver da minha mãe. Estava difícil mas chegámos ao quarto onde ela estava. É isso mesmo, estava porque não está.

— Onde é que está a minha mãe?! - pergunto a uma enfermeira que tentou passar por mim.
— Chloe acalma-te. - diz o meu pai.
— Me-menina. Que se passa com o-os seus olhos?
— Os meus olhos estão bem. Você é que estará mal se eu começar a sangrar.
— Q-q-quem é a sua m-mãe?

Deixei de ouvir. Conforme eu ficava mais nervosa, menos ou ouvia, apenas via os lábios da mulher a mexerem-se.

— Chloe! Anda!

Leio os lábios do meu pai e corro atrás dele. Conforme corro a minha audição melhora pois começo a ouvir gritos. Pelo que o meu pai diz, a enfermeira mandou-nos falar com o médico ao fundo do corredor, numa sala de espera.

— É o Sr. Moretz, certo?
— Sim, sou eu.
— Lamento informar, mas infelizmente a sua esposa está no bloco operatório e não é para receber um transplante.
— Porquê?
— Há 1h atrás, uma enfermeira foi verificar se estava tudo bem com a sua esposa e acabou por ver algo que o vai chocar.
— O quê?
— Não quero parecer frio, mas ela tinha uma faca de cozinha espetada na barriga. Já vimos os vídeos de vigilância e ninguém entrou no quarto, nem pelo interior nem pelo exterior do estabelecimento.

INSANE: The Murderer [ Concluída ]Onde histórias criam vida. Descubra agora