Capítulo 89

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                                 Capítulo 89

                                    Gregory

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      Acordo e me deparo com a cama vazia. Não consigo deixar de sorrir com isso... Gretta sempre evaporará no outro dia. No entanto hoje, não sei o que pensar sobre isso. Gretta teria ido embora por ter percebido que fez merda na noite passada tendo dormido — e apenas isso — comigo? Ou apenas foi embora como ela faz todas as manhãs desde que começamos a compartilhar o mesmo lençol na hora de dormir? Suspiro me levantando, porque a verdade é que só Gretta poderá responder à minha pergunta. Após um banho demorado, me troco e desço para o primeiro andar da casa. Encontro com Thomas e Nate limpando a cozinha sem nenhuma vontade e essa cena me faz rir, o que chama a atenção dos dois.

— Não começa, pode pegar um saco e começar a ajudar — Thomas une suas sobrancelhas e aponta com o queixo para o monte de sacos de lixo sobre a mesa.

— Até que enfim voltou G — Nate pronuncia jogando alguns copos dentro do saco que estava segurando e me pergunto se o maconheiro que não fuma maconha se lembra de ter falado comigo ontem quando cheguei e encontrei ele e Julie deixando Gretta em meu quarto.

— O que posso fazer? Todo mundo aqui me ama — brinco sorrindo e pego um dos inúmeros sacos de lixo.

— O treinador quer a sua cabeça — Thomas me informa e não posso dizer que estou surpreso, imaginava isso enquanto estive fora.

— Na verdade ele disse que queria sua bunda, o que foi estranho pra cacete — Nate faz uma careta ao dizer aquilo e acabo rindo.

É bem a cara do treinador dizer que quer minha bunda. Não no sentido figurativo, o bigodudo só tem essa paixão de envolver qualquer coisa com bundas.

— Conversem menos e trabalhem mais — Thomas resmunga ainda sério e continua a jogar os lixos dentro do saco.

— Por que a mamãe tá brava? — pergunto à Nate, enquanto jogo algumas garrafas de bebidas vazias dentro do saco.

— Ele e Eva terminaram — Nate me informa e minhas sobrancelhas quase se unem a raiz do meu cabelo, de tanto que sobem.

— Sério? — questiono novamente à Nate, tendo plena consciência de que Thomas está nos escutando desde o princípio.

— É Gibson, é sério, comemore mais tarde, agora só arrume a casa, ok? — Thomas como pensei que faria; se intromete, mas não chega a desviar sua atenção da bancada em que está recolhendo os lixos.

  Desvio minha atenção para Nate e o loiro apenas da de ombros, o que me faz retornar à Thomas e seu semblante sério. Thomas por mais pé no chão que sempre foi, nunca chegou a ser um babaca grosso de merda. No entanto, agora meu melhor amigo está quase chegando à isso e mentalmente me pergunto se fiquei assim depois que Gretta partiu da casa de meus pais há alguns dias atrás. Se sim, me odeio por isso... Mas é inevitável não ter a porra do humor revirado depois que algo que você já está acostumado, algo que está te fazendo bem pra caralho; termina. Há todo aquele lance de; "ela encontrará alguém melhor", mas no fundo sabemos que esse alguém é nós mesmos. Porque no fim, ninguém vai tratá-la e pensar nela como eu faço. Gretta está comigo 24 horas todo dia, seja presente, em pensamentos ou em sonhos e mesmo assim queria que houvesse mais tempo para que pudéssemos ficar juntos. Dia após dia e sei que por mais que não gostássemos muito de Eva, a garota tem o mesmo peso para Thomas que Gretta tem para mim.

Não comento mais nada a respeito do término e os ajudo à limpar a maldita casa. Alguns assuntos surgem como as coisas que aconteceram nos treinos em que estive fora e aparentemente Chuck estar sumindo do campus quase todos os dias. Mentalmente faço uma nota para conversar com o cara e perguntar se está tudo bem, já faz tempo que não passamos algumas horas juntos... Chuck, por mais a mais ainda é um dos meus melhores amigos. Terminamos a limpeza próximo do almoço e Nate acaba por sair mais cedo, alegando ter uma prova antes da 1pm. Thomas e eu enrolamos um pouco, mas logo deixamos a fraternidade à caminho do prédio de física quântica. Ao perceber seu semblante menos sério que antes, me pergunto se deveria trazer a questão do seu término de volta, afinal quando eu precisei de ajuda com Gretta, quando nós nos afastamos pela primeira vez, Thomas por mais que não gostava da furacão loiro, me ajudou... Então é a minha obrigação fazer o mesmo por ele.

— O que houve com a Eva? — pergunto sem fazer gracinha, por mais que meu inconsciente acrescente; "você não estava a amarrando direito na cama?" a pergunta internamente.

Ao meu lado Thomas respira fundo, como se não quisesse falar disso e seu rosto volta a se fechar.

— Aparentemente seus pais não gostam de mim — meu amigo confessa e minhas sobrancelhas se unem em confusão.

— Como assim? — questiono deixando claro não estar entendendo esse motivo.

Entre todos da casa, Thomas sempre foi e sempre será o que menos se importa se dormir com zero ou dez garotas na semana. Fora que quando o assunto era Eva, o cara era a porra de uma mãe aprimorada que protegia, cuidava e enaltecia sua filha para qualquer um que quisesse escutar.

— Sei lá — Thomas bufa — Eles disseram que se ela continuasse comigo parariam de pagar sua bolsa aqui — nós dois respiramos fundo ao mesmo tempo e Thomas esconde suas mãos nos bolsos da sua calça.

— Mas por que? Eles simplesmente olharam para a sua cara e decidiram que você não merece a mini sadomasoquista que eles criaram? — questiono ainda de sobrancelhas juntas, realmente confuso em relação ao todo desse término.

— Não fale dela assim... — Thomas rosna em seu habitual instinto protetor quando o assunto é Eva, comprovando o que penso — E eles acharam que Eva não ia fazer nada antes do casamento, então me culpam por ter levado a filha deles pro mal caminho, perdição ou algo assim — meu amigo desvia sua atenção e encara o arredor.

Droga, mentalmente me pergunto se ele está mesmo tão tranquilo como demonstra estar em relação à isso. Nunca pensei que esses dois um dia chegariam a terminar. Eles erram chatos? Sim. Um comia na mão do outro? Sim. Viviam se paparicando? Sim. No entanto, nunca os vi brigar, sequer discutir. Tirando aquela vez em que estávamos saindo do treino, aquela foi a única e inusitada vez. E então do nada eles terminam... É louco como algo que podíamos jurar que seria para sempre, pode se encerrar em um piscar de olhos, por motivos tão merda quanto.

— E ela o que acha disso? — pergunto decidido não deixar Thomas sozinho nessa.

— Ela não tem que achar Gibson, ou é não estarmos juntos, ou é ela sem ter como continuar estudando e nós dois sabemos que eu fiz certo em terminar com ela — Thomas me responde em um quê de tanto faz, o que me faz ficar mais confuso ainda.

— Espera aí... — paro de andar e consequentemente Thomas também — Foi você quem disse que queria terminar? Agora não estou entendendo mais nada — tento pescar algo que não estava sendo necessariamente dito no rosto de Thomas, mas o cara é bom e apenas suspira.

— Não tem segredo Gibson, não iria deixar ela travar sua faculdade, não tem como eu pedir que ela deixe seu diploma de lado para ficar comigo, sem chance, prefiro que ela siga a vida dela e eu a minha — a firmeza de meu amigo em dizer cada palavra me impressiona, porquê se tinha alguma palavra que classificaria eles essa seria; "inseparáveis", quer dizer, a forma doce demais que Eva e Thomas sempre andavam juntos por aí, sempre cozinhavam ou riam era definitivamente algo relacionado ao duradouro.

— Hum, cara você é estranho — nego de leve com a cabeça ainda o encarando.

— Não sou estranho, apenas sei o que é melhor para ela e não quero que Eva desista do seu sonho por mim — Thomas respira fundo e volta a caminhar me deixando para trás.

Definitivamente eu queria ter esse controle sobre o certo e o errado que Thomas tem referente ao futuro. Eu não seria tão racional assim se essa merda acontecesse comigo e Gretta, meu lado egoísta falaria mil vezes mais alto que o racional, já que não suportaria ter que deixar Gretta apenas porque seus pais não nos querem juntos... Afinal não seria nenhum dos dois que me chupariam ou ririam comigo.

Talvez NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora