Talvez Namorados

Capítulo 7

Capítulo 7

Gretta
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Entro na lanchonete localizada bem no meio do campus e corro olhar nas mesas pedindo aos céus para que pelo menos uma esteja vazia. Porque 1) Passei uma tarde inteira dançando para encontrar os passos perfeitos para a nova coreografia que estou montando e 2) Estou morrendo de dor de cabeça por ter ficado até tarde colando os panfletos sobre a festa, então o mínimo que preciso é ficar sozinha em uma mesa. Encontro a última mesa do estabelecimento vazia e sorriu correndo em sua direção. Ao chegar lá me sento e coloco o notebook à minha frente. Observo os modelos de novos uniformes criados por mim mesma há uns meses atrás e puxo o ar. Meus olhos passeiam sobre as linhas decorativas desenhadas sobre o modelo número 1, logo em seguida estou tão fascinada quanto o primeiro desenho observando o modelo número 2. Depois de ver e rever os 3 modelos diferentes de uniformes percebo que sou incapaz de escolher apenas um sozinha. Suspiro e amarro meu cabelo em um coque qualquer, sem tirar a atenção da tela à minha frente.    

— O que vai querer? — a voz do atendente me chama atenção e eu passo meu olhar para o mesmo.   

— Haã, um suco de laranja, por favor — peço e o cara concorda com a cabeça, conforme começa a anotar meu pedido em seu bloquinho de papel — E uma rosquinha — acrescento um tanto quanto incerta.

        Uma rosquinha não vai fazer mal? Vai? Calculo mentalmente o tanto de açúcar e colesterol que o doce possui e acabo por desistir quando a lembrança da voz de Fiona dizendo que eu não seria capaz surge em meus pensamentos.

— Na verdade só o suco mesmo, desculpa— o envio meu melhor sorriso e o atendente com uniforme do local concorda com a cabeça.

        Após o funcionário se afastar, percebo Ane e seus cabelos ruivos entrarem na lanchonete, junto com mais duas garotas que infelizmente não sei seus nomes. Uma ideia me vem a cabeça e no mesmo segundo levanto um de meus braços, acenando para minha colega de equipe. Os olhos de Ane encontram os meus e no mesmo instante ela une suas sobrancelhas. Provavelmente Ane não deve estar me reconhecendo sem o uniforme da equipe, com olheiras e com o cabelo bagunçado, então continuo acenando para a mesma. Suas amigas me encaram também e falam algo para ela, que desvia olhar do meu e se vira indo em direção a uma outra mesa no estabelecimento. Abaixo meu braço lentamente e mantenho olhar em Ane e suas amigas. Ela não deve ter me reconhecido, essa é a única explicação que consigo pensar para o que acabou de acontecer... Então me lembro do treino onde ela também me ignorou e pisco algumas vezes confusa. Tenho a absoluta certeza de que nunca fiz algo de mal a Ane, até porque nunca faço nada de mal em relação a nenhuma garota, muito menos as que conheço e por cima que trabalho junto no time. Uma imensa agonia me invade e acabo puxando o ar, me levantando logo em seguida. Cruzo o estabelecimento e paro na frente da mesa onde Ane e suas amigas se sentaram.   

— Oi Ane, oi, eh... — faço uma leve caretinha — Tudo bem? Há algo de errado? — vou direto ao assunto sem enrolação, pois não suporto isso.

        Ane e suas amigas primeiro se entreolham, logo em seguida me encaram e a ruiva com quem estou me referindo; ri com o nariz dando de ombros.

— Estava bom até você se aproximar — Ane se pronuncia com graça e eu apenas consigo erguer minhas sobrancelhas surpresa.

        Reviro, reviro e reviro meu cérebro atrás de algum motivo para justificar o porquê essa garota à minha frente — pelo jeito — não me suportar, mas não encontro nada, o que me deixa ainda mais nervosa.

— Desculpa, porém o que te fiz? — a questiono rindo sem humor e Ane revira os olhos.

— Você não precisa mentir, Gretta — Ane adota uma voz mais séria e eu puxo o ar passando minhas mãos no rosto.