Talvez Namorados

Capítulo 97

Capítulo 97

Gretta

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Dois dias após aquele "treino" no ginásio vazio, resolvo que estou bem para voltar aos treinos da equipe. Julie quase me obriga a ficar, mas insisto que quero ir. Ficar trancada no alojamento após as aulas tem sido um tédio como sempre e estou me alimentando... Na verdade; não me alimentar não é mais uma opção. Tanto Gregory, quanto Julie vivem em cima de mim nas horas das refeições e não quero nem pensar se eu estiver cheia demais para terminar o suco ou enjoada para comer uma torre de panquecas inteira. Os dois literalmente me matariam e jogariam meu corpo em algum córrego. Infelizmente, Julie diz que vai se atrasar um pouco para o treino de hoje, por ter que terminar uma redação antes das 8pm, então parto em direção ao ginásio sozinha. É impossível não sorrir ao me lembrar da noite em especial que eu e Gregory tivemos lá dentro. O moreno pegou algo tão comum, tão compartilhado, tão público e o transformou apenas em algo nosso. No entanto, não ter um receio ao pensar que terei que encarar Fiona frente à frente é inevitável. Gregory e eu conversamos muito sobre ela, sobre sua influência em cima de mim e sobre sua falta de maternidade. Em certos pontos até tentei defendê-la, mas aparentemente, nem mesmo Gregory que até então era um mero desconhecido para minha mãe, a suporta. É extremamente difícil para mim ter que deixar de mão o respeito e carinho que sinto por ela como Gregory diz para mim fazer. Porque por mais que ela não seja nada como uma mãe deva ser, Fiona ainda é minha mãe.

     Chego ao ginásio e percebo que o time dos caras chegaram mais cedo hoje. Mesmo estando longe, percebo que o semblante de Gregory é sério, enquanto conversa com Thomas. Espero que não seja nada grave. Thomas... ver o amigo de Gregory, me lembra que não vi mais Eva pelo campus. Geralmente nos cruzávamos na troca de aula próximo as 5pm, mas ultimamente não a encontrei mais. Quando estou prestes a fazer uma nota mental de tentar procurar por Eva quando sobrar tempo; esbarro em algo, ou melhor, alguém. Meu rosto que estava virado para os caras no gramado, se volta para a figura à minha frente. Seu semblante como sempre sério, me faz respirar fundo e Fiona cruza os braços.

— Até que enfim apareceu — seu "olá" me faz apertar a alça da bolsa de esportes em meu ombro.

— Tive que ficar de repouso por orientações médicas — lhe dou satisfação por ela, querendo ou não, ainda ser minha treinadora e a mesma ri sem humor.

— Claro, enfim, não me importa, amanhã teremos o jogo e temos que ver como ficará a nova coreografia, perguntou ao seu passatempo se ele poderá participar novamente da apresentação, antes do jogo se iniciar? — Fiona questiona com desdém nítido.

— Ele não é meu passatempo, é meu namo... — tento me defender na parte de filha e não de aluna dela, mas Fiona levanta uma mão me impedindo de continuar.

— Pouco me importa, falou ou não? — sua rigidez no ato de levantar a mão e me cortar me faz engolir no seco.

         A conversa com Gregory na noite anterior me vem à mente e as palavras dele — "faça com que ela perceba que você não é apenas uma migalha que ela pode pisar" — também. Aperto com mais força a alça da minha bolsa.

— Se pouco a importa... — começo a lhe responder tentando não estourar — Não há porque querer a resposta então — consigo pronunciar palavra por palavra, sem deixar de encarar os olhos da mulher que me colocou no mundo.

— Melhor ter cuidado com a forma que fala comigo, garota — Fiona rosna baixo e espreme seus olhos, sem também desviar a atenção do meu rosto.

— Tenha... Educação... Comigo... — começo a imaginar outra pessoa à minha frente sem ser Fiona, alguém com que eu não tivesse medo de enfrentar, começo a imaginar Chuck — E eu terei com você — termino de pronunciar as últimas palavras também rosnando baixo e mesmo que nenhuma de nós duas alterando a voz, alguns pares de olhos estão voltados para nós duas.