Capítulo 2

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                                 Capítulo 2

                                       Gretta   

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    Na tarde do dia seguinte, espero Julie terminar de aplicar seu — fiel e nunca indispensável — companheiro; o blush, nas suas bochechas para que possamos ir ao treino, que começará daqui a menos de 20 minutos.

— Anda logo — reclamo ajeitando a sua bolsa pesada no meu ombro esquerdo e a vejo revirar os olhos.

Julie termina de aplicar o blush e se vira, vindo na direção da saída do quarto, enquanto apertava seus cachos naturais, para que eles fiquem ainda mais enrolados e volumosos.

— Pronto 'marida' — ao passar por mim ela pega sua bolsa, deixando meu ombro aliviado.

Sorriu de lado e fecho a porta do nosso quarto, mesmo com Julie resmungando algo. Julie é minha colega de quarto desde que fui aceita na universidade e até hoje agradeço aos céus por ter caído no mesmo alojamento que ela. Julie é dona de uma forma de pensar incrivelmente engraçada, fora que sua beleza é tonteante, seus cachos pequenos, porém volumosos caem sobre seus ombros e ela sempre faz com que as sombras sobre suas pálpebras combine com o que ela esteja usando. Hoje por exemplo sua maquiagem está combinando tanto com sua pele escura, quanto com o nosso uniforme branco ceda. Ela é linda sem nem mesmo tentar e nunca acredita quando digo isso.

              ***

Sinto minhas pernas tremerem. Você consegue. Fecho os olhos e cerro os pulsos, logo em seguida encarro o circulo de garotas à alguns metros de mim. Você consegue. Respiro fundo e meus olhos são puxados para Fiona, que está de braços cruzados me encarando. Posso jurar que a vejo fazer um sinal com a cabeça, como se me incentivasse a prosseguir e acabo rindo de mim mesma mentalmente, já que eu só estou com medo e preciso de algum tipo de incentivo, mesmo que imaginário. Quando o apito de Fiona soa me obrigo a correr. Em um certo ponto levanto os braços e jogo o corpo para frente, dando algumas piruetas até parar em frente ao círculo de garotas e dar um mortal, caindo sobre os seus braços. Em um movimento sincronizado; todas se agacham um pouco e eu faço um X com meus próprios braços sobre o tórax, me abraçando. No instante que fecho os olhos sou jogada para cima, rodando no ar várias e várias vezes, até cair novamente sobre os pares de braços que me seguram fortemente. Assim que as garotas me jogam uma última vez para cima, faço como consta na coreografia e me arisco em fazer um movimento nada seguro no ar, caindo em pé sobre os braços das mesmas sem o equilíbrio necessário, já que meu corpo é projetado para frente e se não fosse pela ajuda da treinadora segurando meu braço para me devolver o equilíbrio; eu provavelmente estaria no chão agora. Com o coração batendo a mil, meus olhos encontram com os de Fiona, que está me observando sem expressão. Percebo que a mulher à nossa frente solta um leve e quase imperceptível suspiro, fechando seus olhos por uma fração de segundos, logo em seguida os abre e seu rosto até em tão neutro; se fecha em uma careta de desgosto. O que faz com que minha eu inconsciente tire sarro de mim mesma, já que por um instante acreditei mesmo que Fiona estava realmente preocupada comigo.

— Se tivesse curvado a coluna como lhe disse, deixado as pernas separadas; você não teria perdido o equilíbrio e quem sabe talvez tivesse conseguido terminar o movimento — Fiona declara cada uma das suas palavras como se estivesse cansada daquilo, ou de mim.

       Uma das garotas choraminga por conta que eu ainda permanecia em cima delas e rapidamente começo a me agachar para descer dali, ainda com o auxílio de Fiona. Pulo para o chão me livrando de seu aperto e minha atenção desvia para a garota que havia reclamado antes. Ignorando o começo do extenso sermão que Fiona está começando a ditar, caminho até a garota ruiva e meus olhos se fixam numa leve mancha vermelha no seu braço, aonde eu estava com meus pés antes.

Talvez NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora