Talvez Namorados

Capítulo 46

Capítulo 46

Gregory

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    Digerir tudo que aconteceu no dia de ontem vem sendo a droga do meu bicho de sete cabeças, que toda criancinha tem medo. Sempre escutei quando era pequeno que mulheres tem poderes que nós homens nunca vamos entender. Óbvio que eu achava que era só mais uma droga de ditado popular, como o cavaleiro sem cabeça ou a medusa. Mas hoje, eu já não tenho mais tanta certeza assim. Droga, já dormi com tantas garotas que já perdi as contas e mesmo assim nenhuma mexeu tanto com a droga da minha cabeça quanto Gretta Daytes. O que é uma tremenda tirada de sarro do universo, afinal quem mais além de mim, é idiota o bastante para investir em uma garota que desde o início disse com todas as palavras que preferia morrer, do que ter que ficar consigo? E mesmo assim, cá estamos, no auge da necessidade e saudade com os hormônios implorando um pelo o outro... Bom, estávamos, já que agora Gretta deve ter voltado a regar toda aquela raiva que a mesma cultivava antes, mas obviamente, três vezes pior e maior agora.   

— E ela viu a outra garota? — Thomas pergunta em uma paciência que me irrita.

   Desde que o cara veio anunciar que a saída que teríamos hoje até o fliperama ou parque de diversões, tinha sido redirecionada para uma pizzaria, estamos tentado ver por qual caminho à chapeuzinho vermelho aqui tem que seguir; se é o caminho curto onde vou direto para as garras do lobo mal — também conhecido como Gretta — ou adentro o caminho mais longo, a fim de deixar flores para o lobo cheirar. Thomas não foi o único a ficar surpreso, depois de descobrir do pedido de namoro. Na hora senti meu coração parar de bater. Ouvir Gretta pronunciar aquela pergunta, no momento me fez esquecer de tudo, da leve raiva que estava dela, das chances que teria com qualquer uma garota, incluindo Nakka. Pra ser sincero; todo o mundo se resumia aqueles olhos azuis à minha frente... E em um deslize, meu mundo racha no meio deixando Gretta de um lado e eu aqui, do outro.

        Apesar de achar Thomas e Eva muitos melosos, de ainda não ser muito familiar com essa ideia; eu diria sim. Eu aceitaria cada segundo de todo e qualquer estrago que o furacão loiro poderia causar em cada parte do meu corpo, seja interna ou externamente, só para no fim do dia tê-la revirando seus olhos para alguma piada minha. "Sim", porque nem se quiséssemos seriamos iguais à qualquer outro casal, afinal, qual outro casal começou com uma droga na bebida? Do cara?    

— Viu, droga, já disse — rosno mais bravo comigo mesmo, do que com Thomas me fazendo ter que repetir o que aconteceu naquela droga de porta.

        Nunca pensei que veria uma linha reta no oceano dos olhos de Gretta. E foi exatamente assim que os olhos dela ficaram no segundo em que viu Nikka — ou seja lá como ela se chama — como se seu oceano particular tivesse congelado em um frio de pura raiva... Droga, nunca pensei que iria dizer isso, mas daria de tudo para que aquela linha se transformasse em ondas agitadas, como seus olhos ficavam quando ela rosnava para o pessoal do time pararem de encarar as saias da sua equipe.

— E então, ela foi embora sem dizer nada? — Thomas adota uma expressão confusa.

— Se me falar "não ouse", não contar, é, ela não disse nada — o respondo suspirando.

        Me abrir com Thomas foi minha última alternativa, porque 1) Nunca mais irei pedir conselho nenhum à Chuck, 2) Nate está em aula nesse momento e 3) Thomas era o único acessível.    

— Ela só deve estar brava, sabe? Coisa de momento — Thomas da de ombros, o que me faz rir sem humor.   

— Ah claro... Cara, sabe que estamos falando de Gretta Daytes, certo? — resolvo perguntar só para ter certeza que estamos falando da mesma pessoa.   

— Droga, foi mal, pensei que estávamos falando da mãe do Nate — com sua resposta minha careta se contorce no mesmo segundo.

        A mãe de Nate é uma senhora hippie, que fala muito mais do que deve e faz uso de erva, mais do que os caras do campus e isso a torna insuportável de diversas maneiras.

— É diferente... Droga, Gretta é diferente de qualquer outra garota com quem já fiquei e isso ao mesmo tempo que me deixa excitado pra caralho, me deixa com medo, porque como vou fazer ela se sentir bem se não conheço o terreno que estou entrando? Droga, pode haver bombas prestes a explodirem em todo canto — confesso, passando a mão em meu cabelo ressecado e Thomas ri, o que me faz encara-lo unindo as sobrancelhas — Por que está rindo? — questiono adotando uma careta séria.

        Sério que eu me abro pra esse bastardo e ele ri na minha cara?   

— Porque você está igual a mim, quando conheci Eva — sua resposta me pega desprevenido.   

— Nem fudendo — nego com a cabeça.

       Nem fudendo. Thomas na época que "descobriu" Eva, era um babaca apaixonado. Comprava flores, ursinhos cafonas e a levava em restaurantes a toda hora, fora que metade das conversas que ele tinha com qualquer cara aqui da casa, o nome dela sempre estava envolvido no meio. Não importasse qual fosse o assunto. Era um saco.    

— Pode apostar cara — Thomas pronuncia rindo e vai em direção à geladeira, a abrindo — Mas não leva para o lado ruim, Eva foi a melhor coisa que já me aconteceu... — começou, ele falando dela de novo — Não me vejo mais sem ela me enviando mensagens de boa noite, sequer penso em meter em outra pessoa se não nela — Thomas fecha a geladeira com uma maçã em mãos e não me olha, para ver a careta que estou estampando em meu rosto.

        Repasso o que ele acaba de falar novamente e espera...   

— Mentira! Vocês transam? — não escondo meu espanto ao perguntar. 

— Óbvio que sim, o que acha que somos? — Thomas ri e morde sua maçã.   

— Você um puta filho da mãe, mas ela? Sei lá, podia apostar todo meu dinheiro dizendo que ela era uma daquelas que só abre as pernas depois do casamento — o respondo com sinceridade e Thomas ri.   

— Que bom que não apostou então — seu comentário me faz juntar de leve as sobrancelhas.   

— Mas... Nunca ninguém escutou ela gemer — protesto ainda em choque com a descoberta.   

— Nem todas conseguem gemer quando estão com a boca amarrada ou com uma mão apertando sua garganta — Thomas morde a maçã, antes de dar de ombros despreocupadamente.   

— MENTIRA — minhas sobrancelhas sobem tanto, que tenho quase certeza que se juntam com as raízes dos meus cabelos.   

— Verdade — Thomas ri.   

— Com a Eva? — pergunto ainda bobo.   

— Ela mesma — Thomas concorda rindo.

— Aquela que usa vestidos até o joelho? Que usa tranças de criança e fala como se fosse uma adolescente mudando a droga da voz? Ela gosta de ser amarrada durante o sexo? — quase que deixo uma risada escapar da garganta, e observo a careta tranquila de Thomas se transformar em uma de poucos amigos.    

— Melhor parar — Thomas rosna com toda sua postura de namorado.   

— Uau... — é tudo que consigo dizer, enquanto meu cérebro trabalha avido na imagem — Seu filho da puta sortudo — comento reencostando minhas costas no encosto da cadeira.    

— Nem todo mundo é o que aparenta ser Gibson e por isso que amo pra caralho a Eva, e nunca vou deixa-la escapar, não que isso seja a questão em pauta — ele me envia uma piscadela e eu o mostro o dedo do meio — Mas é sério, apesar de realmente não gostar da tua garota, acho que você deveria ir atrás do que está se indo com o vento, não é todo dia que uma garota entra na nossa cabeça — escuto cada palavra de Thomas com atenção e no fim nego várias vezes com a cabeça, o que o faz unir de leve suas sobrancelhas — O que? — meu amigo questiona comendo outro pedaço da sua maçã.

— Ela não entrou na minha cabeça — subo olhar para Thomas novamente — Ela entrou no coração e em todo o resto — jogo para fora o que meus pensamentos estavam escondendo e Thomas sorri de lado concordando com a cabeça.

        Thomas tem razão, não me vejo com ninguém mais sem ser Gretta. E posso dizer com todas as palavras que ela é a melhor coisa que já me aconteceu... Porque não me vejo mais sem ela, sem sequer um dia.