Capítulo 55
Gretta
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A partir do momento em que aprendermos o que é certo e errado, começamos a ter plena consciência de que certos atos resultaram em julgamentos... Como por exemplo; trocar uma coreografia por inteira, sem a responsável saber. Aposto com quem quiser que isso em algum lugar do mundo pode ser até crime. Não que aqui não seja, Fiona com toda certeza ira prender os braços e pernas da pessoa que a afrontou, no caso eu. No entanto, toda criança um dia perde medo dos castigos e essa criança? Bom, no caso, essa criança não sou eu. A confiança que tive em todos esses dias, me abandona quando mais preciso dela e o frio na barriga começa a se alastrar por todas as outras partes do meu corpo.
— Não acredito que você conseguiu mesmo vir! — Julie comemora com um sorriso imenso no rosto, ao me ver entrando no vestuário feminino.
Sua fala chama atenção de algumas garotas já vestindo o novo uniforme e todas sorriem ao me ver. Hum, agora entendo o porquê de Gregory gostar de ser sempre o centro das atenções.
— Vocês não se livrariam de mim tão fácil — brinco, mas o sorriso que meus lábios projetam não consegue chegar em meus olhos, afinal, sei que depois disso tudo, as chancas de Fiona gritar comigo na frente da equipe são altíssimas.
Julie ergue uma mão no ar com o punho fechado, como se estivesse honrando algo e aquilo me faz rir. Contorno o banco no meio dos armários para começar a me trocar. Conforme as garotas tiravam suas últimas dúvidas sobre a apresentação comigo, eu ia me trocando, batendo então um tempo recorde de troca de roupa. Meus medos se tornam reais quando a porta do vestuário se abre e uma das garotas da equipe que estava de "vigília" avisa que Fiona estava vindo. Como se fossemos ratos com medo do enorme felino, todas as garotas correm para a parte de trás do vestuário. Me apresso em passar meu suéter enorme pela cabeça — que cobre por inteiro o nosso novo uniforme, porquê sim ele é bem pequeno e nós garotas podemos usar o que quisermos, e também porque Madame Carmen errou um pouquinho em suas medidas — e puxá-lo para baixo, só para ter certeza que os olhos de Fiona não notarão nada de "errado". Quando estou prestes a abrir a porta, Fiona quase a esmaga em mim. Suas sobrancelhas se levantam assim que seus olhos param nos meus.
— Gretta — Fiona pronuncia meu nome como se não acreditasse que eu estava ali, mesmo após ela ter me visto minutos antes, talvez ela tenha pensando que eu só assistiria e não me apresentaria.
Não a julgo, nem eu pensei de verdade que chegaria a tempo.
— Oi — a cumprimento e apoio uma mão na parede ao meu lado, me mantendo à sua frente, bloqueando a sua passagem, enquanto projetava o sorriso menos nervoso que conseguia.
— Apesar da sua falta de pontualidade... — Fiona projeta uma breve careta — Fico realmente feliz em saber que você está aqui — suas palavras, como sempre sinceras, me pegam desprevenida.
Tenho que puxar com força o ar para ter certeza que isso não é algum tipo de sonho. Faz anos que Fiona não diz que está "feliz" com algo relacionado a minha pessoa e Grrr... Sério universo? Você tinha que fazer ela falar isso logo agora? Minutos antes da nossa apresentação? Escuto alguns passos vindos de trás de mim e os olhos de Fiona sobem no mesmo instante.
— Aquilo foi uma roupa vermelha? — sua pergunta soa mais para si mesma, que para mim, sem deixar de encarar o ponto atrás de mim.
— Não... Claro que não — acabo rindo nervosa — Roupa vermelha? A senhora deve ter imaginado algo — pronuncio tudo muito rápido, como geralmente meu cérebro mandava minha boca agir quando estava mentindo.
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Talvez Namorados
Любовные романыGretta Daytes, uma líder de torcida, está cansada de sempre ter a mesma coreografia em todas as apresentações, então decide mudá-la por conta própria sem a permissão da treinadora responsável por todo o grupo de líderes de torcida. Entretanto para c...