Capítulo 58
Gretta
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Nossa coreografia ficou espetacular. Três estrelas para as meninas de Uepplen! Ehhh! Na verdade, muito mais que isso, nossa apresentação valeu uma galáxia inteira! Houve giros menos arriscados no ar, houve liberdade... Houve movimentos improvisados, movimentos provocativos e ao mesmo tempo soltos, inovação, houve sorrisos e nada de repetição, as músicas, os pompons, nossos uniformes, tudo, absolutamente tudo foi perfeito. Me levanto assim como todo o restante das garotas comemorando quando Thomas marca os pontos que garantem nossa vitória contra o time de Harvard, vibrando assim como o restante do pessoa na arquibancada. Tomem essa! Julie acerta soquinhos no ar comemorando e logo em seguida olha para a equipe de líderes de torcida de Harvard as mandando lamber os pés da nossa universidade. Reviro os olhos rindo e a mando parar, quando minha atenção volta para o gramado, vejo os garotos comemorando e um sorriso bobo surge em meus lábios. Por mais que eu odeie Chuck, o cara tem razão em uma coisa que diz... 'Ninguém é páreo para as lebres de Uepplen'.
Tenho a visão deles bloqueada, quando um par de olhos azuis se coloca à minha frente. Engulo no seco e encaro o olhar de Fiona. Desde a apresentação em que ela me olhou nos olhos e negou com a cabeça em sinal de decepção, não tive coragem de olhá-la novamente. Não até meus demônios literalmente me olharem nos olhos. Fiona faz um sinal com a cabeça em direção à saída da onde estávamos e diz um breve; "Me acompanhe", antes de se virar e seguir pelo caminho em que havia indicado. Julie segura na minha mão.
— Quer que eu vá junto? — minha melhor amiga pergunta e eu forço um sorriso negando com a cabeça.
— Não quero que ela grite com mais ninguém além de mim — a respondo e logo em seguida subo uma mão até a testa de uma forma dramática — Eu me sacrifico pelo bem de todas — brinco e Julie ri negando de leve com a cabeça.
Trilho o mesmo caminho que Fiona havia feito e logo deixo o estádio. O vento chato de fim de tarde faz com que eu envolva meus braços ao redor da cintura, na tentativa de me aquecer. Não poderíamos ter tido essa conversa lá dentro? Pelo menos lá não estava tão frio quanto aqui. Encontro Fiona em um canto encarando o nada. Me aproximo da mulher respirando fundo e paro alguns centímetros à sua frente, sem dizer qualquer palavra, na verdade, por mim poderíamos ficar só em silên...
— Eu disse que não iria mudar a coreografia — a voz calma de Fiona me surpreende e eu luto comigo mesma para não demonstrar isso — E mesmo assim... — seus olhos azuis miram os meus — Você passou por cima da minha decisão final e fez com que todas as garotas me contrariassem também — a calma de Fiona faz com que o barulho do vento se torne perturbador e eu posso jurar que escuto as batidas do meu coração.
— Não foi... Não foi isso que a senhora está pensando, eu fiz isso para ajuda-la — tento me explicar, mesmo tendo absoluta certeza que não vai adiantar de nada.
— Me ajudar em que? Em perceber que tenho uma filha que sequer consegue chegar cedo para um dia importante? — Fiona praticamente grita e me faz respirar fundo.
— Eu só me atrasei um pouco — tento me defender inutilmente e a mulher à minha frente ri sem humor segurando cada um de meus braços com força.
— Não! Por sua causa, por causa dessa sua maldita irresponsabilidade; ele se foi! — Fiona fica com os olhos cheios de lágrimas e seus dedos deixam de afundarem na minha pele, enquanto uma mágoa passada se mistura com sua fúria presente.
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Talvez Namorados
RomanceGretta Daytes, uma líder de torcida, está cansada de sempre ter a mesma coreografia em todas as apresentações, então decide mudá-la por conta própria sem a permissão da treinadora responsável por todo o grupo de líderes de torcida. Entretanto para c...