Capítulo 79

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                            Capítulo 79

                                  Gretta

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Acordo com uma frecha de luz vinda de algum lugar, que ainda não sei bem de onde e junto minhas sobrancelhas antes mesmo de abrir os olhos. O perfume doce que vem dos lençóis macios e invadem meu nariz me enjoa. Faço uma careta ao identificar um cheiro forte de bebida. As máquinas do meu cérebro começam lentamente a girarem novamente e juro que há um tipo de instrumento de tortura ao redor da minha cabeça, como em 'Saw'. As pontas dos meus dedos alcançam meu cabelo e me surpreendo quando percebo que não há nada. Céus que dor de cabeça. Abro os olhos enfim e essa foi com certeza a pior decisão que já tomei. O sol do amanhecer queima minhas retinas e não contenho um chorinho. Grrr, por que Julie deixou a cortina aberta? Levo uma mão para trás do meu pescoço, começando a massagear o local e como em um estalo lembro-me que não estou no nosso alojamento. Volto a abrir os olhos com dificuldade e pouco a pouco vou reconhecendo o quarto. As coisas de Gregory permanecem exatamente onde estavam da primeira vez que estivemos aqui, porém há algo faltando... O próprio Gregory. Tateio o lugar vago na cama ao meu lado, como se magicamente ele fosse aparecer aqui. Droga. Fragmentos da noite anterior começam a aparecerem na minha cabeça e mentalmente me xingo. O rosto de Gregory e o de Mary após eu ter vomitado em sua salada de batata são tão vividos em minhas lembranças que sinto minha garganta fechar. Minhas mãos sobem para o topo do meu cabelo os apertando. Droga Gretta!

         Depois de me condenar de várias formas diferentes pela cena de ontem; consigo criar forças para me levantar da cama. Uma tontura repentina me acerta em cheio e fecho os olhos contando até 3 para não cair. Paro de pensar em onde Gregory pode ter dormido e por quê não dormiu ao meu lado? Me encaminhando para fora do seu quarto e abro a porta com o maior cuidado possível. Não faço ideia da onde meu celular está, então consequentemente não faço ideia de que horas são. A enorme mansão está em um silêncio assustador, mesmo sendo de dia. Meus olhos passeiam as diversas portas do segundo andar e respiro fundo. Me seguro no corrimão e aquela tontura volta. Droga de ressaca. Desço com calma degrau por degrau da enorme escadaria, com intervalos entre eles. Comemoro mentalmente com confetes voando, quando meus pés encontram o primeiro andar da mansão. No entanto, respiro fundo, já que estou um tanto quanto perdida sem Gregory ao meu lado. Preciso urgentemente de água. Tento me lembrar do tour que fizemos ontem e se não me engano a cozinha é a entrada da direita. Viro meus tornozelos e no instante que entro no cômodo grande; solto o ar que nem sequer sabia que estava perdendo. Não, a cozinha não fica à direita. A direita entramos na enorme e espaçosa sala dos Gibson's. Mesmo não sendo meu cômodo desejado, o adentro e meus olhos não conseguem se desgrudar da silhueta deitada no sofá, em um sono profundo. Me agacho à sua frente e suspiro, levando minha mão com cuidado para não acorda-lo, até uma mecha rebelde do seu cabelo, que diferente das demais alinhadas, está caída no meio da sua testa. Com cuidado a ajeito e antes que eu pense no que estou fazendo; as costas da minha mão está acariciando seu rosto. Droga, Gregory é tão lindo. Até mesmo dormindo. Deixo de admira-lo só quando minha mente me lembra do provável porquê dele ter dormido aqui e não comigo lá encima; minha revolta idiota que acabou estragando parte da noite.

— Bom dia — acabo me assustando por ser pega de surpresa pela mãe do garoto apagado no sofá.

         Me levanto como se de alguma forma estivesse fazendo algo de "errado" com seu filho e Mary na entrada da sala, com seu roupão dourado sorri sem mostrar os dentes. A respondo um; "Bom dia" mais seco do que eu realmente queria lhe desejar e me xingo por isso também. A senhora de cabelos brancos faz um sinal com a cabeça, me pedindo para segui-la e assim faço. Meus olhos encontram uma última vez com Gregory, antes de respirar fundo e seguir a senhora Gibson. A acompanho até a cozinha e comemoro internamente por achar o cômodo. Agora só falta achar um copo nos diversos armários presentes nesse lugar. Mary se senta no banco à frente da bancada, no meio da cozinha com uma caneca de porcelana em mãos. Seus olhos tão verdes quanto os de Gregory encaram o nada a sua frente e o sentimento de culpa de ontem me invade novamente.

Talvez NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora