Capítulo 91

1.9K 173 8
                                    

                                Capítulo 91

                                    Gregory

~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

      Chegamos à lanchonete da universidade e Gretta começa a contar com a animação lá em cima, sobre como sua mã... treinadora, pediu para que ela retornasse à equipe e trabalhasse com a mesma, para montarem uma nova coreografia unindo suas ideias. Finalmente, ainda não estava aceitando que eu e Gretta viramos noites e noites fazendo aqueles passinhos ridículos para nada. Também ainda não acredito que Gretta tem que chamar sua mãe de treinadora, no entanto é bom saber que aquela mulher que só usa moletons, está abrindo espaço naquele coração de pedra dela para Gretta. A ver sorrindo é a melhor parte do meu dia e ela ter pulado em mim após o treino me desestressou como nunca pensei que conseguiria desestressar. O bigodudo me encheu o saco por eu ter me afastado sem dar satisfações, e mesmo o velho jurando que eu era seu melhor quarterback, já estava quase colocando outro no meu lugar.

— Eu estou tão feliz com a volta a equipe, é como se eu voltasse a respirar — Gretta comenta e é impossível não sorrir vendo seu sorriso.

— Consigo imaginar — concordo com a cabeça e nossos pedidos chegam.

Não consigo não fazer uma careta ao ver que o que Gretta pediu pra recarregar suas energias pós treino foi; a droga de um suco de laranja? Minhas sobrancelhas se unem de leve e subo olhar do suco para os olhos de Gretta. A loira não percebe minha atenção nela e continua sorridente, colocando seu canudo no copo. Os lábios de Gretta envolvem o plástico fino e sugam o suco. Respiro fundo fortemente e então consigo sua atenção.

— Tudo bem, Gato? — sua pergunta soa claramente preocupada e nego de leve com a cabeça.

— Você está fazendo aquilo de novo — acrescento o "de novo" por não ter certeza se ela algum momento parou, mas se parou, não quero acusá-la sem provas.

— Fazendo o que? — sua pergunta soa confusa, porém a loira deixa escapar uma risadinha irônica.

— Não comendo porque acredita no que sua mã... — me interrompo — Treinadora diz sobre seu peso — no segundo em que respiro fundo; Gretta suspira — Gata você voltou a treinar, tem que se alimentar direito, já tinha antes, mas agora tem mais ainda, sem as proteínas que seu corpo necessita, ele vai parar em algum momento — pronuncio relembrando tudo exatamente como o bigodudo disse para todos os lebres há uns dois anos atrás, assim que entramos para o time.

— O que está falando, Gato? Que eu vou travar? Como uma estátua? Olha, eu só não estou comendo porque não estou com fome — Gretta ironiza e da de ombros enquanto respiro fundo.

Deveria ter apostado que a furacão loiro iria fazer exatamente isso que fez; fingir que não está com fome, igual fez na casa dos meus pais.

— Não acredito — resmungo sério e os olhos azuis de Gretta se reviram.

— Eu comi, ok? — a loira resmunga querendo mudar de assunto.

— Quando? — não conto tempo para questiona-la.

— A uns... — Gretta começa a pensar quando foi a última vez que comeu e isso me deixa a mil.

— Sério que você nem se lembra quando foi a última vez que comeu, Gata? — minha pergunta soa ironia pura e Gretta nega com a cabeça.

— Foi ontem, estava só brincando com você — ela fica nervosa e sei que está mentindo.

— Hum, então o que comeu ontem? — entro em seu joguinho horrível, tentando não rir para parecer sério.

— Eu comi... Eu comi... — ela gagueja e acabo rindo sem humor, o que a faz unir as sobrancelhas — Sanduíches! De atum! — Gretta prolonga sua mentira adotando um semblante sério.

— Hum, claro — acabo rindo novamente sem humor e Gretta bufa desviando seu olhar do meu.

A espero se pronunciar, mas a loira continua me ignorando, como se fizesse isso magicamente esqueceríamos dessa conversa. Não quero ser a porra de um opressor, mas quando o assunto é o bem estar de Gretta não vejo outra escolha.

— Ou você começa a comer direito, ou entro em greve de sexo — lanço minha cartada final e Gretta no mesmo segundo volta a me encarar.

Seus olhos azuis me estudam e quando percebem que não estou brincando; a mesma ergue as sobrancelhas e começa a rir. Gretta está rindo? Sério? Minhas sobrancelhas se unem, enquanto a loira à minha frente continua rindo, como se tivessem lhe contado a melhor das melhores piadas.

— Greve... — algumas risadas — De... — sua mão sobe até seu olho esquerdo enxugando a lágrima que se formou de tanto que ela ria — Sexo? Você? Logo você? — Gretta termina sua pergunta e corre olhar em meu rosto negando com a cabeça — É mais fácil os dinossauros saírem da extinção — sua piadinha quase me faz rir, no entanto consigo permanecer sério.

— Pague para ver — pronuncio as palavras sem pressa, ainda a encarando seriamente.

Gretta vai parando de rir aos poucos e deixa um sorriso divertido no rosto. A loira se inclina sobre a mesa, apoiando seus antebraços na madeira e seu rosto fica à centímetros do meu.

— Você vai recusar se eu quiser namorar o meu namorado? — sua pergunta soa baixa e provocativa, me fazendo respirar fundo.

Talvez eu tenha subestimado Gretta lançando esse "desafio".

— Hurum — a respondo e a loira prende seu lábio inferior nos dentes.
— Que pena — seus lábios envolvem o canudo fino, sugando o suco do mesmo.

— Comece a se alimentar direito que não precisaremos disso — a relembro e Gretta ri.

— Ah Greg, quero mesmo pagar pra ver — com essas suas últimas cinco palavras percebo que me ferrei legal.

                ***

Nessa noite me livro de uma noite de tormenta. Gretta não passa a noite na fraternidade comigo; segundo ela porque quer revisar nossos antigos passos. Me ofereço à ajudá-la, mas a loira nega agradecendo e diz que precisa de sua melhor amiga para reparar em alguns erros de passadas que muito provavelmente meus olhos não perceberiam; como braços não abertos o suficiente, pernas erguidas no ar de forma errada, giros muito rápidos e antes mesmo dela terminar de listar os porquês, já estava concordando que Julie seria mais prestativa que eu. A acompanho até seu quarto — mesmo contra a vontade dela — e chegando lá; enrolo para ir embora. Assim como sua amiga, a observo refazer os passos familiares que no passado virávamos noites fazendo e enquanto estava sentado em sua cama, percebo algo na sua mini cômoda. Meus olhos se prendem em uma foto e estico meu braço a pegando, enquanto Gretta e Julie conversavam sobre como aprimorar um giro da coreografia dela. Um sorriso bobo se instala em meu rosto ao encarar a nossa foto no dia da abertura dos jogos. Estou a levantando no ar e Gretta tem o sorriso mais lindo que já vi no mundo gravado em seu rosto. Me pergunto onde ela arrumou essa foto e como só tem essa, retiro meu celular do bolso abrindo a câmera. Fotografo a nossa foto e a devolvo para o lugar de antes. Abro a imagem na minha galeria e uma sensação boa se instala em meu peito.

— Gato! — a voz de Gretta me chama a atenção, então subo meus olhos do celular para a mesma — Você não estava prestando atenção! — a loira bufa e sua amiga ao seu lado faz uma caretinha pra mim cruzando os braços.

— Eu.... Eh... — pensei que ela não precisava da minha ajuda — Desculpa? — sorriu de lado, porquê Gretta é assim mesmo.

A loira revira os olhos e me pede para prestar atenção dessa vez.

                                           ***        

       Deixo seu quarto próximo da meia noite e na hora de me despedir dela; a dou um beijo na bochecha, o que a faz fazer uma caretinha.

— Beijo na bochecha? — suas sobrancelhas se unem em confusão.

— Coma — a relembro a enviando uma piscadela e ela revira os olhos, o que me faz rir.

Talvez NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora