Capítulo 33

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                                Capítulo 33

                                      Gretta

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Como se montar a nova coreografia não ocupasse minha atenção e cabeça por completo, agora estou vendo vídeos no Youtube para descobrir como fazer um Duplo twist carpado perfeito. A garota fala, fala e fala nos primeiros 10 minutos, sobre como a pessoa precisa de experiência para arriscar a fazer o salto e o ideal para iniciantes é treinar em cima de algum tipo de colchonete. Meus olhos pousam no chão de madeira velha do dormitório que divido com Julie. Madeiras são de alguma forma menos assassinas que chão de piso, certo? Se bem que bater a testa no chão é minha última preocupação. Minha cabeça ainda dói quando me lembro que deixei as músicas sobre os cuidados de Gregory. Uma parte de mim mesma o defende vorazmente, alegando que ele irá manter a palavra e a outra ri da parte que está o defendendo. Meus olhos se voltam para o celular sobre o colchão e mordisco o lábio inferior pensando se devo ou não enviar uma mensagem ao idiota, para ver se está tudo certo com o preparo das músicas. Minha eu lógica, me convence de que por enquanto minha atenção tem que estar voltada ao vídeo da garota, que ainda está rolando no notebook.

                                           ***

     Caiu pela — maldita — quinta vez de costas no chão e fecho os olhos, com uma breve expressão de dor. Meus pulmões e costelas protestam por conta dos tombos. Droga! Me sento no instante em que a porta do quarto se abre. Julie entra no cômodo e fecha a porta atrás de si respirando fundo. Percebo no mesmo instante que algo estava errado, então me levanto rapidamente sem dar importância as minhas pernas, que mal me seguravam em pé por conta também dos tombos.

— Eii, o que houve? — pergunto realmente preocupada e Julie passa sua mão livre no rosto, caminhando em direção a sua cama.

— Eu disse que "não'' — sua resposta me deixa tão a deriva quanto antes e com isso faço uma careta.

— Como assim disse "não" ? — questiono e cruzo o quarto, me sentando na beirada da cama de Julie.

        Observo com atenção minha amiga respirar fundo e deixar seus livros ao seu lado na cama. Julie engole no seco e sobe olhar para um ponto fixo em nosso quarto, provavelmente buscando coragem para me responder.

— Para Emily, eu disse não pra ela — Julie ri sem humor e uma lágrima escorre pelo contorno de sua bochecha.

— Amiga... — seguro em uma de suas mãos a apertando — Por favor, explique melhor — peço falando baixo por algum motivo.

— Eu estava saindo com a Emily e ela é tão doce e fofa — Julie sobe sua atenção para mim — Então hoje ela me pediu em namoro e eu disse que... Não — Julie volta a chorar e eu a puxo para um abraço desajeitado, já que estamos sentadas a uma certa distância uma da outra.

— Ah Juh, não fica assim — acaricio como consigo suas costas e a escuto puxar o ar com força — Mas se ela era tão fofa e doce? Por que disse não? — acabo perguntando depois de uns segundos em silêncio e Julie desfaz o abraço sem pressa, limpando seus olhos completos e inteiros borrados pela combinação frustrante de suas lágrimas e a maquiagem.

— Por que eu seria expulsa da equipe das líderes de torcida — sua revelação me faz unir as sobrancelhas de leve.

— Por que diz isso? — a questiono com medo da sua resposta.

— Porque são fatos! — Julie ri sem humor e continua limpando seus olhos — Não há nenhuma garota lésbica no nosso time, pelo simples fato da treinadora não aceitar — minha amiga acaba falando justamente o que eu temia e me controlo para não negar várias e várias vezes sua justificativa.

Talvez NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora