Capítulo 8

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Capítulo 8

Gretta

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  Depois de tudo que aconteceu na lanchonete está tarde, resolvo ficar um pouco mais debaixo da ducha quente do chuveiro. Fecho os olhos e tento desligar a mente, parar de pensar em Ane e sua magoa que se transformou em raiva, parar de me lembrar que Chuck segurou meu queixo e também tento esquecer a careta de receio do garçom quando veio me entregar o segundo suco. Com toda certeza ele deve achar que sou louca. Bom e quem não é? Sorriu e passo a esponja sem aplicar muita força em meu corpo, já que já é a terceira vez que me esfrego entre meus seios, logo em seguida pego a mangueira do chuveiro para tirar as espumas. Quando o jato chega no meio das minhas pernas, o tremor da água contra minha pele começa a emanar ondas de prazer por todo meu corpo. Lentamente escorrego minha mão livre para o meio das minhas pernas e começo a me massagear de olhos fechados.

                                            ***
              
        Quando entro no alojamento que divido com Julie, a mesma está deitada na sua cama lendo algumas folhas. Fecho a porta e caminho até o canto do quarto aonde deixávamos nossos produtos de higiene pessoal.   

— Gre, o que você faria se sua filha fosse estuprada? — Julie pergunta com voz baixa e tira seus fones de ouvido me lançando seu olhar.   

— Eu acho que primeiro daria todo o apoio psicológico e emocional que ela precisasse — a respondo mesmo me sentindo mal com essa questão e me dirijo até minha cama.

— E depois? — Julie questiona se sentando.   

— Depois cortaria fora o pênis do desgraçado — dou de ombros e me deito na cama a encarando — E não estou falando só por falar, eu realmente arrancaria com minhas próprias mãos — a informo e minha amiga ri concordando com a cabeça.   

— Claro que sim — ela volta sua atenção para o monte de folhas em suas mãos e anota algo em uma delas.

— Trabalho? — questiono me ajeitando embaixo do edredom.   

— Sim... E está mexendo demais com a minha cabeça — Julie termina de escrever algo e volta o seu olhar para mim — Que saco, só queria me desligar um pouco — a morena joga os papeis ao seu lado na cama, esfregando seu rosto com as duas mãos.

        Julie é dedicada ao máximo à suas aulas de psicologia e isso me faz sentir um orgulho imenso dela, tanto que nem sei como descrever. Entendo que de vez em quando ela queira jogar tudo pro lado e esquecer que é uma jovem no seu segundo ano de faculdade, é compreensivo afinal cursar psicologia não é para todos. Eu por exemplo não me vejo trabalhando em ajudar pessoas aleatórias, pois tenho certeza de que a cada novo cliente que entraria na sala para compartilhar suas magoas comigo; seria uma caixinha de lenços de papel, pois eu iria chorar tanto quanto ele.

        Me sento e a observo umedecendo os lábios, uma ideia me vem a cabeça, então me levanto e caminho até parar à frente de Julie, pegando nas suas mãos. Os olhos castanhos dela me fitam sem entender e eu sorriu a puxando. Ao ficar em pé, começo a fazer com que ela se mexa, já que começo a dançar uma dança qualquer, até um pouco estranha em certo ponto sem soltar das suas mãos. Julie ri com o nariz e aos poucos começa a me acompanhar nos movimentos.   

— "I stay out too late... Got nothing in my brain... That's what people say, mmm, mmm" — começo a cantarolar a música e Julie solta uma risada negando de leve com a cabeça.

        É sempre assim, quando uma quer esvaziar a cabeça; a outra tem a obrigação de fazer a dancinha e cantar a música. E isso sempre funciona, mesmo que na maioria das vezes Julie se negue a cantar. Até hoje ainda não enviei uma mensagem para o email para a assessoria da Taylor Swift a agradecendo por lançar uma música que simplesmente consegue nos livrar de todo um dia ruim, mesmo sabendo que ela não ira de fato ler, mas o que vale é a intenção.

Talvez NamoradosOnde histórias criam vida. Descubra agora