Talvez Namorados

Capítulo 43

                                 Capítulo 43

                                      Gretta

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     Sinto que à qualquer momento meu coração vai — literalmente — pular para fora do meu peito. Não é como se fosse a primeira vez em que Gregory Gibson havia me beijado, mas foi a primeira vez que ele me beijou na frente de no mínimo 20 pessoas. Já até posso ver as fofocas rodando todo o campus, incluindo o grupo de líderes de torcida. Droga, não estava preparada para aquilo. Vê-lo lá parado — somente — me assistindo me causou aquelas malditas borboletas no estômago, quando terminamos o ensaio e Gregory ainda continuava ali, não pude deixar de me sentir de certa forma especial...zinha? Aos olhos dele? Do que estou falando? Tenho plena consciência que o que estamos fazendo não passa de uma diversão, já que desde que entrei nessa universidade, nunca sequer ouvi um boato de que Gregory estaria namorando alguma garota. O negócio do cara é se divertir enquanto pode, o que não é tão horrível assim na nossa idade. Só se torna um monstro de sete cabeças, quando uma das partes dessa diversão imagina algo a mais... Mais que apenas sexo.

— Ok, o que foi aquilo então? Pensei que eram apenas amigos — Julie me acompanha e eu respiro fundo pedindo aos céus para fazê-la esquecer o que viu.

Na verdade não só ela, todos que estava presente na hora inusitada que Gregory resolveu me beijar na frente de todo mundo. Fico nervosa, não pelo fato de que as pessoas vão falar aos quatro ventos sobre o ocorrido. Porque elas definitivamente vão. Estou nervosa porque é o Gregory! Droga, ele é o fodão pegador e eu era uma das únicas em todo o campus, que nunca tinha encontrado aqueles lábios para atrapalharem minha sanidade. Risos nervosos.

— Eu e ele transamos — sou rápida em admitir meu pecado à Julie, que transforma sua careta confusa em uma de espanto.

— Uau... Porém por mais que esse detalhe seja um detalhe imenso, não justifica o beijo de vocês na frente de todo mundo — minha amiga corre olhar em meu rosto, como se perguntasse quem era aquela garota à sua frente.

— E você acha que não sei? — respiro fundo olhando em volta das pessoas caminhando no campus — Mas não foi um beijo... Foi mais para um selinho — tento contornar a situação e Julie ao meu lado ri.

— Amiga, eu vi a língua dele na sua boca e olha que eu estava à uns sete passos de distância — apesar de ser verdade, o toque de piada na sua acusação me faz querer enterrar minha cabeça no chão como os avestruzes fazem.

— Julieee — a empurro com o ombro — Era para você me ajudar — choramingo e Julie para de andar, me fazendo parar também.

Minha amiga deixa sua bolsa pesada no chão ao lado de seus pés, o que significa que; seja lá o que for que está por vim, será um sermão seríssimo, cheio de reflexão e tudo mais, no estilo que os budas fazem. Respiro fundo, pronta para escutar o sábio concelho.

— Você gosta dele? — sua pergunta soa séria e não sei se acho esse conselho péssimo ou horrível, o que me faz fechar os olhos por alguns instante.

— Não faz isso... — volto a observar Julie à minha frente — Não é como se eu gostasse dele, significaria que ele também gosta de mim — dou de ombros mais tranquila do que eu realmente achei que ficaria em falar isso para alguém.

— Você gosta dele? — Julie repete sua pergunta, como se tivesse pouco se importado com minha justificativa anterior.

Abro a boca para responde-la algo parecido com o que disse anteriormente, mas seu seu olhar deixa claro que ela não vai aceitar qualquer outra coisa que não seja um; "sim" ou "não".

— Acho que sim — suspiro a respondendo e desço a atenção para minhas mãos, brincando na barra do novo uniforme, que ficou com a parte da saia do vestido mais curta que o previsto em nossos corpos.
— Mais para o sim ou mais para o não? — sua pergunta me faz revirar os olhos.

— Eu me sinto feliz perto dele tá legal? Mas tenho total noção de que ele só me vê como mais uma diversão, o que é justificativo, já que eu também o vejo como diversão — me confundo em um certo ponto com minhas próprias palavras e agradeço aos céus quando Julie não me pede para explicar.

— Ahhh não — Julie faz uma caretinha — Com toda certeza não! O cara estava com "apaixonado" escrito na testa e com letras maiúsculas — respiro fundo enquanto Julie falava.

— É impressão sua Juh, estamos falando de Gregory Gibson lembra? — não deixo de fora meu lado irônico, ao relembrar Julie de quem estávamos falando.

— Do cara que fugiu com você e vandalizou o prédio do campus? Claro que lembro, Gre pode acreditar, não sou nem um pouco fã do cara, mas para pra pensar, desde que vocês começaram a se "divertir" houve outra pessoa nessa equação? — Julie me faz pensar no que diz.

— Não — acabo por responde-la no fim, já que realmente não fiquei sabendo de mais nenhuma garota com quem Gregory tenha ficado desde a festa onde eu e ele... Bom, conversamos? Com as línguas?

— Então acho que você tem sua resposta sobre ele gostar ou não de você, como você gosta dele — os ombros de Julie sobem e descem despreocupada.

— Ei não disse que eu estava caidinha por ele, porque eu realmente não estou, apenas gosto da sua companhia — defendo o que resta da minha dignidade.

— Ahaã tá — Julie zomba.

— Ainda estou esperando seu conselho sábio — resmungo já derrotada, pensando em quando ocorrerá meu enterro.

— Se destaque — Julie da de ombros novamente e me faz voltar a encara-la com uma careta confusa — Tome a iniciativa de estabelecer algo — minha amiga esclarece seu "conselho sábio", sem a parte do sábio, claro.

— O que? Você está dizendo que eu deveria pedir ele em namoro? — minhas sobrancelhas estão tão unidas, que juro que elas podem não se desgrudarem mais.

— Bingo, Girl! — Julie estala os dedos e a única coisa que consigo fazer é rir com o nariz claramente nervosa.

Eu não posso fazer isso, posso? Quer dizer... Não há nada me impedindo, a não ser o pequeno fato de que sempre gritei aos quatro ventos desse campus jurando que nunca ficaria com Gregory Gibson. Mas isso é o de menos certo?